Odebrecht e Logz entram no transporte fluvial de cargas

O grupo Odebrecht está desenvolvendo um plano para transportar commodities agrícolas por meio de hidrovias da região Norte. O projeto já atraiu como sócia a Logz, uma empresa controlada por fundos da gestora BRZ (criada pela GP Investments). Conforme apurou o Valor PRO, as companhias criarão uma joint venture. A princípio, a Odebrecht TransPort (subsidiária do grupo voltada a infraestrutura e logística) terá 60% e a Logz, 40%.

O projeto das empresas é totalmente novo (“greenfield”) e inclui a compra de embarcações e a construção de terminais de carga ao longo dos rios Tapajós e Tocantins para movimentar soja, milho, farelo de soja e fertilizantes a granel fora de contêineres. A Hidrovias do Brasil, controlada pelo fundo de investimento P2 Brasil (de Promon e Pátria), tem um projeto semelhante.

A princípio, a joint venture entre Odebrecht e Logz será dona de duas sociedades de propósito específico (SPEs). Uma delas vai investir somente no rio Tapajós e vai construir um terminal privativo de transbordo em Santarezinho (PA), além de um terminal privativo de recepção e expedição de cargas em Vila do Conde (PA). Também haverá uma operação de barcaças entre os empreendimentos.

A outra sociedade terá como objetivo investir ao longo do rio Tocantins, mas o plano ainda está sendo desenvolvido. Nesse caso, há um complicador frequente para investidores de logística na região: o Pedral do Lourenço. Trata-se de uma extensão de 43 quilômetros de rochas, próximos de Itupiranga, no sudeste do Pará, que impede a navegação nos períodos de seca. O derrocamento foi alvo da abertura de uma licitação, que fracassou em novembro (a única empresa interessada não apresentou a documentação necessária).

A joint venture de Odebrecht e Logz ainda está saindo do papel, mas pode estender sua atuação para além das hidrovias. A empresa pode participar, por exemplo, de licitações para operar terminais portuários no Norte e ainda oferecer a clientes transporte rodoviário e ferroviário – próprio ou terceirizado.

Com isso, a Odebrecht pode criar sinergias em um sistema integrado de logística. A companhia tem hoje a concessão de trecho da BR-163 no Mato Grosso, que vai até Sinop (na metade do Estado). O governo federal já anunciou que vai conceder outro trecho da mesma estrada: de Sinop ao porto de Miritituba (PA), local estratégico para entrar na hidrovia da região.

O plano da Odebrecht vai concorrer com o da Hidrovias do Brasil, já que ambos são similares. O objetivo é o mesmo: inverter a logística usual do país, que atualmente leva a produção do Centro-Oeste (por rodovias e ferrovias) até os portos de Sudeste e Sul, principalmente Santos. As companhias planejam que a região produtora agora mande as cargas no sentido contrário, para os rios do Pará – para aí seguirem para exportação.

Fundada em 2010, a Hidrovias do Brasil pretende movimentar, a partir de 2016, cinco milhões de toneladas anuais de grãos na região Norte. Para isso, vai construir e operar um terminal de transbordo em Miritituba (PA), transportar cargas em barcaças nos rios Tapajós e Amazonas e levá-las a um terminal portuário próprio a ser erguido em Vila do Conde (PA). Também pretende explorar o Rio Tocantins.

Além desses dois casos, há várias outras empresas se movimentando para explorar o potencial logístico da região, com interesse principalmente na produção agrícola do Centro-Oeste.

 

Fonte: Valor Econômico

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