Mercado de agrosoftwares está aquecido no Brasil, garantem especialistas

Paulo Protásio, diretor da SNA, acredita no êxito da plataforma que utiliza o WebAgritec, sistema de monitoramento da Embrapa      FOTO: Divulgação/SNA "Centros de Integração Logística vão melhorar a relação entre cidade e campo"
Paulo Protásio, diretor da SNA, acredita no êxito da plataforma que utiliza o WebAgritec, sistema de monitoramento da Embrapa. Foto: Divulgação/SNA

O mercado de softwares destinados ao gerenciamento da atividade agrícola no Brasil está em franco crescimento. Atualmente, são mais de 500 sistemas disponíveis e elaborados, em sua maioria, por empresas de pequeno porte, mas com boa distribuição no país. A informação é da engenheira Vanda Scartezini, a partir de um estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Pesquisas publicadas pela IDC e Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES), mostram que, de 2012 para 2013, houve um aumento da ordem de 47,3% do uso de softwares no agronegócio brasileiro.

As estatísticas apontam ainda que as empresas de médio, pequeno e micro porte somam 96% do universo de ofertantes de soluções de agrosoftware. Além disso, os programas existentes no Brasil não visam exclusivamente às grandes propriedades. Muitos sistemas são destinados à agricultura familiar ou a cooperativas que fazem uso desses softwares como serviço a seus associados.

“Soluções de TI, embora não substituam o conhecimento do negócio, permitem controles de grande impacto financeiro, como o consumo otimizado de fertilizantes para minimizar os custos decorrentes da alta dos preços do petróleo, ou exigências de rastreabilidade do gado, por exemplo, indispensável para acesso a determinados mercados”, explica Vanda Scartezini.

RENDIMENTO

Segundo a engenheira, o gerenciamento de todos os recursos do negócio rural é essencial para uma operação saudável e rentável, viabilizando novos investimentos para a sua expansão.

“A vulnerabilidade do negócio pode inclusive ser reduzida, minimizando os impactos de fatores incontroláveis da natureza, como fortes mudanças climáticas, aquecimento global, escassez de água etc., assim como a gestão eficaz da compra e venda das commodities, com controle da margem de cada operação, pode aumentar energicamente as margens de lucro do negócio tanto do produtor como das próprias trades no processo”, destaca.

OPORTUNIDADE

Vanda lembra que algumas soluções de agrosoftware no Brasil não possuem similares fora do País, e isso gera uma grande oportunidade para o mercado externo.

“Entrevistas que realizamos junto a empresas nacionais revelam que, mesmo as de pequeno porte manifestam interesse pela atividade exportadora, e muitas delas até já tiveram a chance de vender soluções pontuais para o exterior, por terem investido em nichos específicos onde apresentam diferencial competitivo interessante o suficiente para se dedicarem a outros mercados.”

A engenheira afirma que a oportunidade de exportação se apoia, em grande parte, “na excepcional performance do agronegócio brasileiro no mercado mundial”, despertando o interesse dos produtores externos nas soluções usadas por empresários nacionais.

MONITORAMENTO VIA SATÉLITE

Um dos exemplos de tecnologia aplicada de forma inteligente no agronegócio é o projeto, em fase de desenvolvimento, pela Embrapa e a R3ZIZ, que estabelece uma plataforma para o planejamento e monitoramento da produção agrícola e preservação ambiental, com base em dados climáticos e imagens por satélite com alta resolução espacial.

“A plataforma é baseada na análise de imagens por satélite para estimar o passivo ambiental de uma determinada área de estudo, segundo o código florestal vigente. Também se baseia em dados a serem produzidos pelo sistema de planejamento e monitoramento de produção agrícola da Embrapa – o WebAgritec”, ressalta Paulo Protásio, diretor da Sociedade Nacional de Agricultura.

Segundo ele, o WebAgritec é um sistema de monitoramento de risco integrado e tem como objetivo geral a gestão de risco e acompanhamento de culturas para quantificar os impactos dos cenários mais prováveis.

“Sua operação busca a caracterização dos fatores de risco em zonas homogêneas por padrões de relação planta-solo-clima, e modelagem dos parâmetros normais de produtividade, conforme cultivares utilizados nos sistemas de produção. Esse suporte permite que o ambiente agrícola utilize mosaicos de imagens por satélite, e elabore séries históricas de tempo e clima, assim como modelos de precisão para o desenvolvimento do setor”, complementa Protásio.

Baseado nesta plataforma, o acompanhamento sistemático das safras agrícolas poderá ser realizado desde o início da preparação da terra, plantio, manejo da cultura, incluindo a colheita e a logística. A base utiliza a visão de abordagem regional ou mesmo territorial.

 

Fernando Pimentel: "O crédito no agronegócio exige um acompanhamento técnico especializado"   FOTO: Divulgação/SNA
Fernando Pimentel: “O crédito no agronegócio exige um acompanhamento técnico especializado”. Foto: Divulgação/SNA

CRISE HÍDRICA

Recentemente, a Embrapa desenvolveu um software livre que mapeia a disponibilidade de água no solo e registra possíveis anomalias agrometereológicas. O Sistema de Observação e Monitoramento da Agricultura no Brasil (SOMABRASIL) já é considerado um recurso importante no gerenciamento dos efeitos da crise hídrica.

Em fevereiro, a Embrapa apresentou para a ministra da Agricultura Kátia Abreu as primeiras análises sobre a atual disponibilidade de água no solo para as principais culturas agrícolas do País.

O sistema, disponível na internet (www.cnpm.embrapa.br/projetos/somabrasil/index.html), mediante cadastro, é consultado por pesquisadores, gestores, analistas, consultores ambientais e estudantes de graduação e pós-graduação, entre outros. Seu banco de dados reúne cerca de quatro milhões de registros relacionados às produções agrícola e pecuária municipais desde 1990, além de bases político-administrativas; relevo, hidrografia, biomas, solos e potencial agrícola; áreas protegidas e desmatamento na Amazônia; logística e clima.

TECNOLOGIA A FAVOR DO CRÉDITO

No campo das operações de crédito no agronegócio, existem ferramentas especializadas para gerar eficiência e um nível de segurança adequado ao êxito da atividade. O setor de distribuição de insumos, que demanda um elevado fluxo de transações, é um dos mais sensíveis ao operar créditos comerciais e financeiros, movimentando toda uma cadeia produtiva.

Para Fernando Pimentel, diretor da Sociedade Nacional de Agricultura, o crédito no agronegócio exige um acompanhamento técnico especializado.

Pensando nisso, foi desenvolvido o Agrometrika Web, um software que evoluiu da automação do crédito bancário, com soluções reconhecidas pelo sistema financeiro e concebidas para o setor agrícola.

“Conferimos à plataforma não somente os elementos de análise como também um back office de inteligência com dados de cenário e conjuntura econômica, em indicadores relacionados ao clima, bolsas, câmbio, etc. Atualizamos continuamente e disponibilizamos na nuvem da Microsoft, que é o que existe de mais moderno em acesso e navegabilidade”, explica Pimentel.

A Agrometrika mantém uma parceria com a Siagri Software para Agronegócio com o objetivo de acrescentar à evolução do padrão gerencial das agroempresas um produto exclusivo para a segurança do crédito. Empresas de distribuição de insumos, fabricantes de defensivos, fertilizantes e tradings caminham para profissionalizar a gestão de crédito e, num nível posterior, podem agregar valor à carteira de clientes. Os benefícios vão desde gerenciar profissionalmente o risco a promover a gestão das garantias.

APLICATIVO

Em outra direção, surge o aplicativo Agri Precision. Elaborado para dispositivos móveis, é usado como ferramenta para a prática da agricultura de precisão. Funciona em sistema operacional Android, e sua distribuição é feita para 135 países pela Google Play Store. Lançado há um ano, o Agri Precision já conta com mais de 35 mil downloads a baixo custo.

O sistema permite o cadastramento de projetos e seus talhões; a geração do contorno do talhão e medição de sua área; a geração da grade amostral do talhão; a navegação pelos pontos da grade amostral para a coleta de amostras, e a exportação dos mapas de contorno e grade amostral. Suas funcionalidades eliminam a necessidade de aquisição de um GPS portátil.

Crédito da foto da capa: Embrapa Instrumentação

Por equipe SNA/RJ 

 

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