Marcio Sette Fortes analisa: Brasil é o país do G20 que mais exportou no 1º trimestre

“As vendas de proteínas animais no mercado interno encontram obstáculos no poder de compra da população e no elevado desemprego que contribui para isso”, diz Marcio Sette Fortes, diretor técnico da SNA. Foto: Divulgação

O Brasil foi o país que mais exportou, no primeiro trimestre, entre as maiores economias desenvolvidas e emergentes, que formam o G­rupo dos 20 (G20), conforme dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Entre janeiro e março deste ano, os embarques internacionais tiveram alta de 21,5%, comparando esse intervalo ao de outubro a dezembro de 2016.

Na mesma relação, as vendas externas da Rússia cresceram 13,5% e da Austrália, 7,2%. Também fazem parte do G20, além desses três países citados: África do Sul, Argentina, Canadá, Estados Unidos, México, China, Japão, Coreia do Sul, Índia, Indonésia, Arábia Saudita, Turquia, União Europeia, Alemanha, França, Itália e Reino Unido.

De acordo com a OCDE, as exportações brasileiras saltaram de US$ 46,7 bilhões para US$ 56,7 bilhões entre o último trimestre do ano passado e o primeiro de 2017. O crescimento das vendas externas no G20 foi de 3%. A única queda observada, no mesmo período, foi da França (-2,4%). Os EUA tiveram alta de 2,6% tanto nas exportações quanto nas importações.

 

BALANÇA COMERCIAL

Com as vendas externas em torno de US$ 50,5 bilhões e importações de US$ 36 bilhões, a balança comercial brasileira registrou um superávit recorde para o primeiro trimestre do ano: US$ 14,4 bilhões. É o melhor resultado para os três primeiros meses do ano desde o início da série histórica em 1989, segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

Nesse período, conforme o órgão federal, as exportações registraram um crescimento de 20,4% em comparação a 2016. Foram registradas altas de remessas de produtos básicos (34,7%), semimanufaturados (11,2%) e manufaturados (8,1%), com destaque para as vendas de óleos combustíveis (265,5%), petróleo em bruto (171,7%), semimanufaturados de ferro e aço (92,1%), veículos de carga (62,7%), carne suína (43,2%) e carne de frango (20,1%).

 

CARNES

A elevação das vendas externas do setor de proteína animal (carnes suína e de frango) ainda não havia sentido o impacto da Operação Carne Fraca, deflagrada no dia 17 de março pela Polícia Federal, ou seja, a 13 dias do encerramento do primeiro trimestre do ano.

“A Operação Carne Fraca gerou, de maneira geral, interrupções pontuais e temporárias por parte dos países importadores, desejosos de obter mais informações sobre o que foi alardeado, aqui, em um primeiro momento. Natural que fosse assim. Desfeito o mal entendido, em ampla margem, os canais de escoamento foram recuperados”, avalia o diretor técnico da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) Marcio Sette Fortes.

Ele também acredita que a delação da JBS (que ocorreu recentemente e, portanto, não teve efeito no cenário da economia no primeiro trimestre) não causará impacto no desempenho das vendas externas, por se tratar de um problema interno, de cunho político.

O executivo, no entanto, alerta para outro problema que a comercialização de carnes no país vem enfrentando, nos últimos meses: “As vendas de proteínas animais no mercado interno encontram obstáculos no poder de compra da população e no elevado desemprego que contribui para isso”.

 

ALERTA PARA O PIB

Fortes ainda comenta sobre o desempenho da agropecuária de modo geral, que segurou o Produto Interno Bruto brasileiro nos três primeiros meses do ano. O PIB nacional fechou em alta de 1%, enquanto o agro cresceu 13,4%, na comparação com o último trimestre de 2016, alcançando o melhor desempenho em termos trimestrais, desde 1996, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Se a economia reverteu a tendência de encolhimento, no primeiro trimestre de 2017, por meio do bom resultado do agronegócio, é mister considerar que isso se deveu a uma excepcional safra de grãos, impulsionada por um regime de chuvas adequado, por investimentos dos produtores e pela recente performance positiva dos preços das commodities no mercado internacional. Soja, milho e arroz constituem os produtos de destaque que mais contribuíram para o resultado positivo.”

Na opinião do diretor da SNA, agora, a oferta precisa encontrar sua demanda: “Convém ressaltar, entretanto, que o resultado comemorado pela equipe econômica poderá não se repetir no segundo trimestre do ano, quando não haverá o benefício da safra recorde novamente”.

Ele ainda salienta que “a recente decisão do Comitê de Política Monetária, de frear a redução dos juros, se não soou como a trombeta do apocalipse, sinalizou ao mercado que consumo e investimentos não irão se recuperar conforme o esperado”.

“O PIB positivo pode até ter interrompido a sequência de oito quedas, mas definitivamente não se constitui em garantia de recuperação da economia brasileira”, alerta Fortes.

 

Por equipe SNA/RJ

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp