Mapa orienta sobre bem-estar de animais em competições equestres

“A competência das pessoas envolvidas para minimizar e identificar problemas precocemente e sua sensibilização para a senciencia (capacidade de sofrer ou sentir prazer) dos animais faz a diferença”, afirma Lizie Pereira Buss, coordenadora da Comissão de Bem-Estar Animal do Mapa. Foto: Divulgação
“A competência das pessoas envolvidas para minimizar e identificar problemas precocemente e sua sensibilização para a senciencia (capacidade de sofrer ou sentir prazer) dos animais faz a diferença”, afirma Lizie Pereira Buss, coordenadora da Comissão de Bem-Estar Animal do Mapa. Foto: Divulgação

O manejo e os cuidados com animais que participam de eventos merecem atenção especial, tanto que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) lançou, recentemente, o “Manual de Boas Práticas para o Bem-Estar Animal em Competições Equestres”. O guia traz orientações sobre conduta dos esportistas, qualidade das instalações, uso de equipamentos adequados, utilização de substâncias melhoradoras de desempenho (antidoping), métodos de treinamento dos cavalos, regras de transporte e regulamentos nas competições.

O manual, que foi elaborado pela Câmara Setorial de Equideocultura, em conjunto com a Comissão de Técnica Permanente de Bem-Estar Animal (CTBEA), objetiva disseminar as melhores práticas, conceitos e orientações a todos aqueles que participam e realizam provas equestres e sobre os cuidados com os animais.

Coordenadora da Comissão de Bem-Estar Animal do Mapa, a médica veterinária Lizie Pereira Buss informa que o manual é destinado às pessoas envolvidas com cavalos de esporte, trabalho e lazer, pois muitas orientações são básicas e podem ser úteis a todos os profissionais, tutores, esportistas, organizadores de eventos, transportadores, entre outros.

“A proposta do manual é repassar informações a respeito dos melhores procedimentos e cuidados necessários em eventos que envolvam equídeos ou equídeos e bovídeos”, reforça.

DESAFIOS

De acordo com Lizie, que também é uma das autoras do manual, no transporte, no ambiente de eventos e na própria competição há muitos estressores e, portanto, são muitos os desafios em torno do bem-estar dos animais.

Na avaliação dela, o principal deles, em relação ao bem-estar dos animais que participam de eventos equestres, está relacionado à falta de conhecimento científico e das melhores práticas. “Por isto, o primeiro passo é divulgar as boas práticas e capacitar as pessoas para identificar e prevenir problemas.”

Para a veterinária, estas boas práticas se resumem a um conjunto de requisitos básicos que as pessoas que manejam, tratam e utilizam os animais precisam ter e atender.

“O conhecimento sobre o comportamento e a necessidade dos animais envolvidos, o controle sanitário, o transporte correto, a boa conduta no manejo, nutrição e condicionamento físico dos animais, além da organização do evento, dos equipamentos e das estruturas utilizadas, entre outros, representam o mínimo que precisa ser atendido”, enumera.

Segundo Lizie, tratamentos inadequados afetam o desempenho dos animais de inúmeras formas, encurtando sua longevidade, gerando distúrbios comportamentais e reduzindo o desempenho de trabalho ou produção.

“É preciso pensar no animal como um sistema, com entradas e saídas de energia. Quanto mais gastar energia para manter seu equilíbrio físico e emocional, menos energia terá para desempenhar sua atividade, seja esportiva, seja produtiva”, alerta.

Para Lizie, independentemente de quem seja ─ tutor, proprietários, tratadores, equitadores e/ou treinadores ─, todos que de alguma forma possuem animais sob seus cuidados devem assumir suas responsabilidades. Além disso, ressalta que toda aglomeração de animais necessita de um responsável técnico.

EVENTOS

“Como há eventos de diversos tipos no Brasil, é importante que os organizadores sigam as recomendações para preservar os animais da melhor forma possível. A competência das pessoas envolvidas para minimizar e identificar problemas precocemente e sua sensibilização para a senciência (capacidade de sofrer ou sentir prazer) dos animais faz a diferença”, explica.

Coordenador do Grupo de Trabalho do Manual e Superintendente Geral da Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Quarto de Milha (ABQM), Celso Minchillo conta que há milhares de provas equestres de diferentes modalidades, realizadas anualmente no Brasil.

Muitas delas são organizadas por confederações, federações, associações de raças e organizadores que já levam em conta as melhores práticas, fornecendo boa infraestrutura de pistas, condições adequadas de transporte e alojamento, além de cuidados veterinários voltados à saúde e ao bem-estar dos animais.

“Estes e tantos outros detalhes tornam estas provas sustentáveis, porém muitos organizadores de menor porte acabam não tendo os mesmos cuidados, por falta de recursos ou por desconhecerem estas melhores práticas”, observa Minchillo, que também é um dos autores do “Manual de Boas Práticas para o Bem-Estar Animal em Competições Equestres”, do Ministério da Agricultura.

 

Celso Minchillo2
Superintendente-geral da Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Quarto de Milha. Celso Minchillo afirma que muitos organizadores de competições equestres já levam em conta as melhores práticas, além de cuidados veterinários voltados à saúde e ao bem-estar dos animais. Foto: Miguel Oliveira

POTENCIAL

A Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) – World Organization for Animal Health, em inglês – estima que atualmente 50% da força de trabalho ainda venha dos animais. O Brasil possui um rebanho de 7.487.657 cabeças, entre equinos, muares e asininos, e se destaca com o maior plantel da América Latina e o terceiro do mundo. Também possui características que diferenciam a produção nacional da internacional.

“Nosso País apresenta um enorme potencial para a criação de equinos de trabalho e de esporte. Temos condições ambientais adequadas para manejar os equídeos de uma forma mais sustentável, permitindo um bom nível de bem-estar aos animais. Mas para isto precisamos investir cada vez mais na capacitação e na educação do público envolvido”, observa Lizie.

 

Por equipe SNA/SP

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp