Manutenção do governo Temer: estabilidade nas previsões, mas muitos desafios à vista

José Carlos Hausknecht, sócio-diretor da MB Agro: ‘Quando olhamos para o médio prazo, a manutenção do atual governo permite maior previsibilidade para o setor e toda a economia’

Poucos dias após a decisão do Congresso de arquivar a denúncia contra o presidente Michel Temer por crime de corrupção, o setor do agronegócio realinha suas expectativas para os próximos meses. É consenso entre os especialistas do setor que a manutenção da atual equipe ministerial permitirá maior previsibilidade para o desempenho dos negócios no curto e médio prazos.

“Não houve uma ruptura. Para o setor de agronegócio a decisão do Congresso foi positiva, as expectativas foram mantidas. Mas, em uma visão mais ampla, não podemos esquecer que a economia do País não vai bem. O problema das finanças públicas precisa ser atacado”, avalia Amaryllis Romano, consultora especializada em agronegócios, que prevê crescimento conservador de 4% a 4,5% para o PIB Agrícola em 2017.

De avaliação similar é o professor do MBA em Agronegócios da FGV Felippe Serigati. Apesar da estabilidade trazida com a manutenção do governo no Alvorada, ele alerta para alguns pontos que deverão figurar na agenda do setor nos próximos meses.

“ Houve a redução dos recursos destinados ao Plano Safra 2017/2018, um reflexo da atual situação do caixa do governo. A discussão agora deve ser de como obter o maior retorno possível sobre cada real disponibilizado pelo plano. Será que seria possível, por exemplo, reduzir-se a taxa de juros na concessão dos créditos?”, avalia ele.

Serigati lembra que um importante pleito do setor do agronegócio foi obtido no final de julho, quando o governo, buscando apoio da bancada ruralista para a votação que seria realizada no Congresso, assinou decreto permitindo a renegociação, com desconto, da dívida agrícola.

“Por outro lado, comenta-se que o governo, em sua necessidade de fazer caixa, pode retirar a isenção de pagamento de Imposto de Renda para as Letras de Crédito Agrícola (LCAs), o que pode diminuir o interesse dos investidores nestes papéis que ajudam a fomentar o setor”, ressalta ele.

O mesmo alerta é dado pelo sócio-diretor da MB Agro, José Carlos Hausknecht, em relação a possíveis mudanças nas LCAs. Ele diz ainda que, em uma visão de curto prazo, o afastamento de Temer poderia ter como reflexo aumento na cotação do dólar e consequente influência nos ganhos com as commodities.

“Mas, quando olhamos para o médio prazo, a manutenção do atual governo permite maior previsibilidade para o setor e toda a economia. Entre os pontos que estão na agenda do atual governo e precisam ser tocados está a revisão da regulamentação das regras sanitárias. Isso é muito importante”, destaca Hausknecht, que tem visão bem mais otimista: crescimento de 9% para o PIB Agrícola em 2017, com viés de revisão de alta.

Por Equipe SNA/RJ

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