Manejar a matéria orgânica do solo é manejar a qualidade do sistema do solo, diz pesquisador

Palhada em sistema de plantio direto. Foto: Sílvia Z. Borges/Divulgação Embrapa
Palhada em sistema de plantio direto. Foto: Sílvia Z. Borges/Divulgação Embrapa

Para conhecer a capacidade produtiva do solo, é preciso fazer não somente a análise química, mas considerar também a análise física, como a densidade do solo, porosidade, agregação, retenção de água, raízes; e a biológica, como a microbiologia, fauna do solo e enzimas. Manejar a qualidade do sistema do solo é manejar a matéria orgânica do solo.

É o que afirmou Júlio Salton, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste (MS), durante a palestra “Estruturação física do solo”, que ministrou no Showtec 2017, no segundo dia do evento (19), que terminou . No estande da Embrapa, foram parceiros as unidades da Embrapa: Agropecuária Oeste, Gado de Corte, Solos, além da Fundação Meridional e da organizadora do evento Fundação MS.

Se o solo tem poucas plantas, como no plantio convencional, o solo fica exposto, menos protegido, perde matéria orgânica e outros elementos. Com isso, há queda da fertilidade do solo, aumento da degradação e a produtividade dos cultivos diminui cada vez mais.

“Ao serem colocadas mais plantas, intensifica-se o sistema de produção, com grande quantidade de palha e de raízes que serão decompostas, intensificando a atividade biológica aérea e subterrânea, além de aumento nos teores de matéria orgânica. Esses componentes começarão a interagir, de forma sinérgica, fazendo com que a planta tenha mais resistência a doenças, pragas e a veranicos, por exemplo”, explicou o pesquisador.

A palha para cobertura do solo proporciona benefícios como menor perda de água e de amplitude térmica, maior taxa de infiltração de água da chuva, aporte de carbono, reciclagem de nutrientes, entre outros. No subsolo, as raízes, os micro-organismos do solo e a matéria orgânica contribuem com a estrutura do solo ao formar e estabilizar os macro-agregados, ao fazer o aporte de carbono, reciclar e disponibilizar maior quantidade de nutrientes, e ao ofertar mais água e maior sistema radicular.

Salton explicou que os macro-agregados estáveis contribuem e são determinantes para a construção da estrutura de solo com qualidade, proporcionando macroporosidade, aeração, percolação da água no solo, favorecendo o crescimento radicular das plantas e estimulando a atividade biológica.

 

DEZ ANOS DE PESQUISAS

Pesquisas que duraram dez anos, em experimentos da Embrapa, mostraram que o índice de estabilidade dos agregados foi de 91% em ILP e 97% em pastagem permanente. No sistema convencional, o índice foi menor: 72%.

Quando os agregados são pouco estáveis, qualquer peso ou chuva os destrói e contribuem para o processo de compactação.

“A braquiária é espetacular para formar agregados maiores e estáveis. A crotalária agrega as partículas mesmo em solo arenoso”, disse o pesquisador. Na medida em que se aumenta o carbono no solo, aumenta-se também a estabilidade e a durabilidade de sua estrutura.

Para conciliar a produção vegetal de palha mais raízes com a produção de grãos, Salton explicou que é preciso ocupar o solo o tempo todo, diversificar as espécies, intensificar os cultivos e promover maior saldo de material orgânico. “A construção do solo para a máxima produtividade é promover a qualidade do solo”, reforçou Salton.

 

Fonte: Embrapa

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