Lucros de pecuaristas podem passar de R$ 110 mi com uso de capim diferenciado

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Desde o lançamento, em 2013, o uso de capim-sudão BRS Estribo, como pastagem para o gado de leite e gado de corte, já contabiliza um benefício econômico na ordem de R$ 77 milhões. Foto: Márcia Silveira/Divulgação Embrapa Pecuária Sul

Uma forrageira de clima tropical vem ganhando destaque, desde 2013, e garantindo vantagens e lucros importantes para os produtores rurais do Brasil. Trata-se do capim-sudão BRS Estribo que, após o lançamento realizado pela Embrapa Pecuária Sul (RS), há quase três anos, já contabiliza um benefício econômico na ordem de R$ 77 milhões. Para 2016, a expectativa de ganhos pode passar dos R$ 110 milhões.

Pesquisador da área de Socioeconomia da unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, no município de Bagé, Jorge Sant’Anna informa que o cálculo foi feito levando em conta a adoção da tecnologia entre os produtores de gado de corte e os de gado de leite. Atualmente, são aproximadamente 340 hectares de terras que cultivam este capim diferenciado.

“Para o ano de 2016, existe a expectativa de que ultrapassemos os 500 mil hectares plantados com o capim-sudão BRS Estribo, com forte expansão de área para os Estados de Santa Catarina e Paraná. Isto poderá permitir ganhos na cadeia produtiva, que devem ultrapassar os R$ 110 milhões”, reforça Sant’Anna, em entrevista à equipe SNA/RJ.

Para chegar aos R$ 77 milhões iniciais, o pesquisador informa que foram utilizados, como base, os dados do Escritório de Negócios da Embrapa de Passo Fundo (RS), que monitora a produção e a venda de sementes desta cultivar. “Estimamos uma área plantada de cerca de 340 mil hectares no ano de 2015, principalmente em Rio Grande do Sul, sendo 310 mil hectares em produtores de gado de corte e 30 mil hectares em produtores de gado de leite.”

 

“Para o ano de 2016, existe a expectativa de que ultrapassemos os 500 mil hectares plantados com o capim-sudão BRS Estribo, com forte expansão de área para os Estados de Santa Catarina e Paraná.
“Para o ano de 2016, existe a expectativa de que ultrapassemos os 500 mil hectares plantados com o capim-sudão BRS Estribo, com forte expansão de área para os Estados de Santa Catarina e Paraná”, informa o pesquisador Jorge Sant’Anna, da Embrapa Pccuária Sul. Foto: Divulgação

A CULTIVAR

Pesquisadora da área de Manejo de Pastagens da Embrapa Pecuária Sul, Márcia Silveira explica que o BRS Estribo é uma cultivar fruto do processo de seleção no material genético de capim-sudão comum (Sorghum sudanense L.), utilizado no Estado de Rio Grande do Sul. “Em relação ao sudão comum, o que se buscou neste processo de seleção foi, principalmente, o aumento da produtividade, a partir de um material com semente certificada para comercialização”, explica.

Márcia relata algumas diferenças entre os dois tipos de capim: “O que se observa como diferenças marcantes do BRS Estribo em relação ao sudão comum são algumas de suas características, tais como: alta capacidade de perfilhamento; colmo mais fino; manejo flexível com relação às possibilidades de uso sob pastejo contínuo ou intermitente; além do ciclo mais longo de utilização”.

De acordo com a pesquisadora, “vale a pena ressaltar que estas características têm proporcionado a retomada do interesse de uso desta planta forrageira anual, pelos produtores em seus sistemas produtivos”.

 

O que se observa como diferenças marcantes do BRS Estribo em relação ao sudão comum são algumas de suas características, tais como: alta capacidade de perfilhamento; colmo mais fino; manejo flexível com relação às possibilidades de uso sob pastejo contínuo ou intermitente; além do ciclo mais longo de utilização”, explica a pesquisadora Márcia Silveira, da área de área de Manejo de Pastagens da Embrapa Pecuária Sul (RS). Foto: Manuela Bergamim/Divulgação
“O que se observa como diferenças marcantes do BRS Estribo em relação ao sudão comum são algumas de suas características, tais como: alta capacidade de perfilhamento; colmo mais fino; manejo flexível com relação às possibilidades de uso sob pastejo contínuo ou intermitente; além do ciclo mais longo de utilização”, explica a pesquisadora Márcia Silveira, da Embrapa Pecuária Sul (RS). Foto: Manuela Bergamim/Divulgação

CARACTERÍSTICAS

A especialista relata que esta “nova cultivar” é uma forrageira de clima tropical, anual, de hábito ereto, porte alto e atóxica aos animais, em qualquer estágio de desenvolvimento. Esta é uma das vantagens da variedade em comparação, por exemplo, ao sorgo forrageiro, que pode apresentar algum grau de toxicidade em estágios iniciais de desenvolvimento.

“Quando a comparamos com o milheto, o BRS Estribo apresenta um ciclo de produção mais longo. Ainda existem outros diferenciais em relação às espécies de forrageiras anuais de verão disponíveis para uso e que podem ser levadas em consideração, ao se pensar em um planejamento forrageiro das propriedades rurais”, ressalta Márcia.

Um deles é que o capim-sudão BRS Estribo é mais precoce para o plantio, tendo como consequência ciclo produtivo mais longo. “Trabalhos têm mostrado possibilidades de iniciar o pastejo cerca de 20 dias a um mês, antes do sorgo forrageiro e do milheto, em função da possibilidade de plantio antecipado em algumas regiões (já a partir de meados de setembro-outubro)”, conta.

Outra vantagem marcante, conforme a pesquisadora, é que o BRS Estribo de capim-sudão ainda se apresenta mais produtivo ao final do mês de abril, início de maio. “Isto tudo significa, pelo menos, um mês e meio a mais de disponibilidade de forragem para consumo animal, quando comparado ao milheto e ao sorgo, que finaliza seu ciclo em março e início de abril.”

Outro destaque diz respeito ao fato de o capim-sudão BRS Estribo poder ser utilizado tanto em pastejo rotacionado quanto sob pastejo com lotação contínua e taxa variável. “Sob a condição de pastejo rotacionado, as plantas se apresentam mais eretas, já sob lotação contínua observa-se uma estrutura de plantas mais prostradas”, compara Márcia.

 

CLIMA, SOLO E RELEVO

Como qualquer outra planta forrageira, o BRS Estribo de capim-sudão apresenta algumas características inerentes à espécie e que precisam ser levadas em consideração, juntamente com informações relacionadas ao clima, solo, relevo da região, para saber se terá as condições adequadas para seu estabelecimento, crescimento e para que possa ser uma opção forrageira interessante, pontua a pesquisadora.

“Esta planta forrageira multiplica-se por semente; apresenta crescimento ereto; se adapta a vários tipos de solos; tem média exigência em fertilidade do solo; cresce com temperaturas do ar entre 11°C e 34°C, sendo que a temperatura ideal está próxima de 30°C. Ainda se mostra resistente a longos períodos de estiagem, desde que o solo permaneça com umidade de, no mínimo, 20%. Também é responsivo ao fotoperíodo, reduzindo a duração do período entre a emergência e o florescimento com a redução do comprimento do dia”, relata Márcia.

 

em termos de sementes, o custo para o produtor fica em torno de 78 reais por hectare plantado (dados da última safra 2015/16)”, informa Mauricio Köpp, pesquisador da área de Melhoramento Vegetal da Embrapa Pecuária Sul
“Em termos de sementes, o custo para o produtor fica em torno de 78 reais por hectare plantado (dados da última safra 2015/16)”, informa Mauricio Köpp, pesquisador da área de Melhoramento Vegetal da Embrapa Pecuária Sul. Foto: Divulgação

CUSTOS AO PRODUTOR

De acordo com as últimas estimativas, o preço do quilo de semente de capim-sudão BRS Estribo chegou a R$ 2,60. “A densidade de semeadura recomendada para plantio em linha é de 30 quilos por hectare. Por isto, em termos de sementes, o custo para o produtor fica em torno de 78 reais por hectare plantado (dados da última safra 2015/16)”, informa Mauricio Köpp, pesquisador da área de Melhoramento Vegetal da Embrapa Pecuária Sul, em entrevista à equipe SNA/RJ.

Ele salienta que, para implantação do pasto, recomenda-se um sistema de semeadura direta em linha, com adubação de base, o que implica em outros custos. “Os demais custos – como mão de obra, adubação, agroquímicos, combustível, máquinas, depreciações, etc. – variam muito de acordo com a região e características de cada produtor. No entanto, são equivalentes aos gastos para implantação de culturas similares ao BRS Estribo”, informa Köpp.

Os produtores interessados em cultivar o capim-sudão BRS Estribo podem adquirir sementes nas casas agropecuárias, mas caso não encontrem em lojas especializadas de sua região, basta entrar em contato com a Sulpasto, pelo telefone 55 3332-5450.

 

Por equipe SNA/RJ

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