Lançado programa ‘+Cana, Mais Produtividade no Canavial’ para pequenos produtores de SP

Secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Arnaldo Jardim disse que o +Cana é um exemplo de como diminuir a distância entre a pesquisa e os produtores. Foto: Ewerton Alves/Neomarc
Secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Arnaldo Jardim disse que o +Cana é um exemplo de como diminuir a distância entre a pesquisa e os produtores. Foto: Ewerton Alves/Neomarc

Se antes eram necessárias 18 a 20 toneladas de mudas para cultivar um hectare, agora os produtores de cana-de-açúcar poderão plantar a mesma área com duas toneladas. Este é o objetivo, já comprovado em campo, do sistema de Mudas Pré-Brotadas (MPB), que integra o programa “+Cana, Mais Produtividade no Canavial”, lançado na cidade de Guariba (SP).

O projeto conta com a parceria da Coplana (Cooperativa Agroindustrial), Socicana (Associação dos Fornecedores de Cana) e IAC (Instituto Agronômico de Campinas/Centro de Cana de Ribeirão Preto). A solenidade, que contou com a presença do secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim, reuniu 300 produtores, técnicos e pesquisadores.

O MPB deverá ter impactos diretos na qualidade dos canaviais cultivados por pequenos fornecedores de cana e mudar os rumos da adoção de pacotes tecnológicos gerados pela ciência agrícola paulista.

Segundo a Coplana, a crise e a baixa produtividade do setor fizeram com que os produtores sofressem com uma queda acentuada na remuneração e, consequentemente, surgiu o temor de que muitos abandonassem a atividade. Diante do cenário, a Coplana foi buscar, junto ao IAC, uma solução que trouxesse sustentabilidade para a produção.

Durante a solenidade, Arnaldo Jardim afirmou que o Estado de São Paulo conta com “institutos de pesquisa formidáveis, mas muitas vezes temos dificuldade de fazer esta informação chegar ao produtor”.

“Aqui temos um exemplo de como diminuir a distância e fazer com que isso tenha um uso adequado para cada um dos nossos produtores”, disse o secretário de Agricultura e Abastecimento de SP.

NOVO JEITO DE PLANTAR

De acordo com Marcos Landell, diretor do Centro de Cana do IAC, sediado em Ribeirão Preto (SP), “o sistema de Mudas Pré-Brotadas é um jeito de plantar que rompe um paradigma centenário”.

“O modelo de plantio atual é o mesmo desde quando a cana foi introduzida no País. A única mudança foi do sistema manual para o mecanizado, mas dentro do conceito de plantio dos toletes e, em seguida, a cobertura. Com as MPBs, ocorre o plantio já das mudas formadas uma a uma. O produtor tem a garantia de estar plantando uma muda sadia, com maior produtividade. Além disso, ele pode produzir a própria muda e até mesmo passar a produzi-la comercialmente”, detalhou Landell, durante solenidade de lançamento do programa “+Cana, Mais Produtividade no Canavial”.

De acordo com a fase inicial do programa, o conhecimento gerado pelos produtores poderá ser multiplicado para todo o País, mudando o sistema de plantio em outras regiões. Os agricultores vão adquirir os kits do IAC, com quatro variedades e equipamentos para o seu cultivo. A Coplana e a Socicana ficarão a cargo de oferecer toda a assistência técnica e monitoramento permanente.

Diretor do Centro de Cana do IAC, Marcos Landell diz que “o sistema de Mudas Pré-Brotadas é um jeito de plantar que rompe um paradigma centenário”. Foto: Ewerton Alves/Neomarc
Diretor do Centro de Cana do IAC, Marcos Landell diz que “o sistema de Mudas Pré-Brotadas é um jeito de plantar que rompe um paradigma centenário”. Foto: Ewerton Alves/Neomarc

KIT DE PRÉ-BROTAÇÃO

Faz parte do kit de Pré-Brotação de Mudas um lote de mudas com 1,6 mil plantas, sendo 400 de cada variedade: IAC 91-1099, IACSP95-5000, IACSP95-5094 e IACSP97-4039. O produtor vai conduzir este material em viveiro, durante seis meses, sob orientação do IAC.

Na segunda etapa do trabalho, ele vai receber o kit de ferramentas, com um cortador de minirrebolos. Trata-se de um equipamento que tratará quimicamente este material genético e um protótipo da câmara de brotação.

Ainda na segunda fase, terá início a replicação das variedades recebidas. O trabalho de treinamento será concluído em dois anos. O projeto será usado também para validar o kit de Pré-Brotação de Mudas diretamente junto aos usuários, conforme suas realidades.

De acordo com o Instituto Agronômico de Campinas, um dos grandes benefícios do sistema MPB está na redução da quantidade de mudas que vai a campo.

“Isso significa que 18 toneladas que seriam enterradas como mudas irão para a indústria para produzir etanol e açúcar, gerando ganhos”, explica o pesquisador do Programa Cana IAC, Mauro Alexandre Xavier.

“Com o aumento da produtividade, o agricultor terá um custo menor por tonelada produzida. Aí, nós temos o aumento da competitividade e a sobrevivência do produtor de cana dentro de sua propriedade”, afirma o presidente da Coplana, José Antonio de Souza Rossato Junior.

Presidente da Coplana, José Antonio de Souza Rossato Junior explica que “com o aumento da produtividade, o agricultor terá um custo menor por tonelada produzida” de cana-de-açúcar. Foto: Ewerton Alves/Neomarc
Presidente da Coplana, José Antonio de Souza Rossato Junior explica que “com o aumento da produtividade, o agricultor terá um custo menor por tonelada produzida” de cana-de-açúcar. Foto: Ewerton Alves/Neomarc

NECESSIDADE DE INVESTIMENTOS

Na avaliação dos representantes das entidades envolvidas com o programa “+Cana, Mais Produtividade no Canavial”, a mudança deve ser imediata. “Este é um programa de difusão tecnológica, que pretende fazer com que maior resultado chegue às mãos do produtor. Se não forem feitos investimentos em tecnologia, provavelmente estes produtores vão sair do seu negócio”, afirmou o presidente da Socicana, Bruno Rangel Geraldo Martins.

Atualmente, a produtividade média de um canavial é de 70 toneladas por hectare, índice considerado muito baixo e insuficiente para dar conta dos custos de produção.

“Para sair dos patamares atuais de produtividade e dar saltos quantitativos significativos, temos de ser rápidos na adoção de novas tecnologias, caminhar em direção aos três dígitos de produção, acima de cem toneladas em cinco cortes”, informou o diretor do Centro de Cana do IAC, Marcos Landell.

Por equipe SNA/SP

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