Integração de culturas deve passar pelo manejo da paisagem agrícola

Técnicos no módulo de prática de monitoramento de insetos na área do campo experimental da Embrapa Agropecuária Oeste. Foto: José Mauro Kruker/Embrapa
Técnicos do módulo Prática de Monitoramento de Insetos na área do campo experimental da Embrapa Agropecuária Oeste. Foto: José Mauro Kruker/Divulgação Embrapa

O Manejo Integrado de Pragas, em um passado até bem recente, vinha sendo preconizado como a solução mais assertiva para reduzir os ataques de pragas e doenças nas lavouras, com a menor aplicação possível de defensivos agrícolas. O MIP foi concebido, a princípio, para ser implantado em áreas relativamente pequenas, mas esta abordagem, exclusivamente, não se apresenta tão sustentável quanto o esperado.

Isto ocorre devido às frequentes reinfestações de pragas oriundas de áreas vizinhas, especialmente quando o produtor de propriedades rurais adjacentes não faz o manejo integrado de forma correta. A avaliação é do pesquisador Crébio José Ávila, da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados-MS), que defende o manejo integrado da paisagem agrícola como a melhor opção para controlar ataques de pragas no campo.

“Quando o manejo é feito na abordagem de paisagem, ou seja, englobando várias fazendas contíguas ou até mesmo regiões, ele se torna mais sustentável, porque elimina ou reduz drasticamente a ocorrência de reinfestações, maximiza o controle biológico natural das pragas, trazendo benefícios econômicos e ambientais para o produtor rural”, explica Ávila.

Segundo o especialista, este conceito ainda é uma novidade para o agricultor, que geralmente se preocupa apenas com a própria lavoura. “Nós sabemos que se alguém não fizer o manejo correto, ele prejudica todo o sistema da região. Desta forma, a abordagem de manejo da paisagem agrícola – também denominado “Manejo em Grandes Áreas” – deve ser implementada com o comprometimento de todos os produtores de determinada localidade, de maneira organizada e planejada”, orienta.

“Logicamente, isto necessita de uma coordenação para a realização do monitoramento das pragas, bem como da tomada de decisão para implementação das medidas de controle, que poderão ser químicas, biológicas, culturais, etc. Se assim for realizado, todos os produtores serão beneficiados”, reforça Ávila.

 

AMEAÇAS FITOSSANITÁRIAS

De acordo com o pesquisador, as ameaças fitossanitárias têm sido cada vez mais frequentes no Brasil, em especial nos últimos três anos, período em que várias espécies de pragas exóticas foram reportadas no País. Daí a necessidade da união de todos os produtores rurais no manejo integrado para o sucesso do controle de pragas.

Segundo a Sociedade Brasileira de Defesa Agropecuária (SBDA), existem cerca de 150 pragas exóticas que podem chegar ao Brasil, por meio das fronteiras secas. Diante disto, o agricultor deve ficar em alerta.

“No passado, uma nova praga exótica era constatada a cada dez anos no Brasil. Hoje, tem sido praticamente uma nova praga por ano. Estas introduções são oriundas de fronteiras secas e de aeroportos, especialmente nas ocasiões em que recebemos muitos turistas no País, como foi no caso da Copa do Mundo e, agora, nas Olimpíadas.”

Na opinião do pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, o risco da entrada de novas pragas em território nacional é muito grande, “pois o Brasil tem uma extensa área de fronteira seca, que é pouco monitorada, e esta fiscalização não tem sido adequada até mesmo nos aeroportos”.

“A Sociedade Brasileira de Defesa Agropecuária tem grande importância e responsabilidade nesta questão. Se ela implementar ações efetivas, visando à detecção destas pragas nos pontos de entrada no País, evitará grandes prejuízos nos sistemas agrícolas de produção e gastos extras no controle de pragas, assim como ocorreu com a introdução da Helicoverpa armigera no Brasil”, alerta Ávila.

 

Por equipe SNA/RJ

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