ING aposta em crédito para commodities agrícolas

A despeito da pior seca das últimas décadas, o ING espera repetir em 2015 o bom desempenho que teve no Brasil no ano passado. O banco holandês concedeu US$ 3 bilhões em empréstimos para empresas do País, um recorde para a instituição. A maior parte desse volume se refere ao financiamento à exportação de commodities.

As razões para o otimismo vêm sobretudo da Ásia. É lá que está grande parte da demanda por grãos e proteína que impulsiona as operações com clientes do banco no Brasil, afirma Gerrit Stoelinga, que em janeiro foi nomeado chefe global de finanças estruturadas, comércio internacional e financiamento a exportações do ING. O executivo conversou com o Valor durante visita ao Brasil.

“A Ásia precisa garantir o fornecimento de comida, de grãos, proteína. A demanda cresce tanto pelo aumento da população quanto pela mudança de hábitos”, diz. “O Brasil é muito importante no suprimento dessas commodities”.

A demanda asiática tem sustentado os preços das chamadas commodities “soft” – como café, açúcar, cacau e algodão -, em contraposição à queda histórica nos preços do petróleo e de metais.

Com exceção da cana-de-açúcar, mais concentrada no Sudeste, a seca não deve ser um problema para os produtores neste ano, afirma Eber Faria, chefe de comércio internacional e financiamento a exportações do ING no Brasil. A estiagem atinge também a produção de café, mas os preços subiram em antecipação, diz o executivo.

A retração da economia e a turbulência política também não preocupam. Stoelinga ressalta que as cotações das commodities são globais e estão mais relacionadas à demanda que a questões macroeconômicas. O cenário pode até ser positivo, diz. “Os preços são definidos em dólares. A desvalorização do real pode ser ruim para o Brasil, mas é boa para os produtores”.

Embora a área de petróleo e gás represente 60% do volume global de financiamento de commodities do ING, no Brasil o banco mantém distância do setor, afetado pelo escândalo de corrupção da Petrobras. “Não temos exposição. Vamos acompanhar, mas não espero que a gente seja ativo nessa área”.

No ano passado, o ING aumentou em 46,4% sua carteira de crédito no Brasil, para R$ 552.3 milhões. Operações via adiantamento de contrato de câmbio cresceram 164,9%, chegando a R$ 2.1 bilhões. O lucro do banco caiu 30,8% frente a 2013, para R$ 32.7 milhões. Embora a receita de intermediação financeira tenha crescido 2,5 vezes, despesas com empréstimos pesaram no resultado.

 

Fonte: Valor Econômico

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