Hortas comunitárias e escolares ganham estímulo com projeto social Cidades Sem Fome

Produtora trabalha em horta comunitária assessorada pelo projeto Cidades Sem Fome, em São Paulo. Foot: Divulgação ONG Cidades Sem Fome
Produtora trabalha em horta comunitária assessorada pelo projeto Cidades Sem Fome, em São Paulo. Foot: Divulgação ONG Cidades Sem Fome

Transformar vidas garantindo a subsistência e ainda gerando renda aos trabalhadores. Este é o principal objetivo do projeto Cidades Sem Fome, mantido por uma organização não-governamental de mesmo nome, em São Paulo. Mais de 4 mil pessoas, entre trabalhadores urbanos e estudantes da rede pública estão envolvidos com este trabalho, comandado por Hans Dieter Temp, fundador e coordenador de projetos da ONG.

Trata-se de um trabalho “que utiliza, como ferramenta de inclusão social, projetos de agricultura urbana, hortas comunitárias e hortas escolares. Ele pode ser reaplicado em todo o território nacional e em países que travam esforços no combate a insegurança alimentar de suas populações”.

Conforme o coordenador, atualmente, 115 trabalhadores urbanos vivem exclusivamente da renda que eles mesmos obtêm com a comercialização dos produtos cultivados nas hortas; 3.972 alunos participaram das atividades do projeto Hortas Escolares; temos 21 hortas comunitárias; e mais 32 hortas já foram implantadas em escolas públicas da rede pública de ensino.

ONG Cidades Sem Fome também conta com projeto Hortas Escolares: 3.972 alunos participaram das atividades do projeto Hortas Escolares; temos 21 hortas comunitárias; e mais 32 hortas já foram implantadas em escolas públicas da rede pública de ensino. Foto: Divulgação ONG Cidades Sem Fome
ONG Cidades Sem Fome auxilia projeto Hortas Escolares em SP: 3.972 alunos já participaram destas atividade , em mais de 32 hortas implantadas em escolas públicas da rede pública de ensino. Foto: Divulgação ONG Cidades Sem Fome

Ele explica que, primeiramente, a produção das hortas é destinada para o autoconsumo das famílias e o excedente é comercializado. “Dentro do universo de produção do projeto, em média, 3% vai para o autoconsumo e 97% são comercializados.”

Para participar do projeto, o futuro produtor tem de fazer sua parte. “As pessoas selecionadas para trabalhar nas hortas comunitárias passam por diversos cursos de capacitação quando inseridas no projeto. São cursos e oficinas de práticas agrícolas, recuperação de solos, produção em sistemas agroecológicos, compostagens, produção orgânica, entre outros. Esses cursos e treinamentos são feitos pela própria Cidades sem Fome, que possui quatro técnicos agrícolas em seu quadro de funcionários.”

RECURSOS

Temp explica que a implantação do projeto é sempre custeada com recursos da ONG Cidades sem Fome que, por sua vez, busca recursos para viabilizar seus projetos.

“Os beneficiários recebem toda a ajuda necessária para iniciar as atividades como ferramentas, insumos diversos como mudas, sementes, composto orgânico, sistemas de irrigação, utilização de trator para a confecção de canteiros, assistência técnica, entre outros. Esse processo de ajuda financeira dura em média 6 a 12 meses.”

Depois desse período, entende-se que o projeto possa alcançar sua sustentabilidade financeira e de gestão.

“A partir desse momento, os beneficiários assumem os custos do projeto. Os recursos provenientes da comercialização dos produtos da horta garantem a continuidade das ações do projeto. Dessa maneira, a Cidades sem Fome pode começar a implantar em outra região, um novo projeto de hortas comunitárias que tem como foco a geração sistemática de oportunidades de trabalho para pessoas em situação de vulnerabilidade social, a capacitação desses beneficiários e a geração de renda, por meio da comercialização dos produtos obtidos nas hortas.”

Para manter-se financeiramente, a ONG Cidades Sem Fome capta recursos no mercado interno e externo, em órgãos do governo, empresas, instituições multilaterais de fomento a projetos sociais.

“Uma vez definidos os recursos e realizadas as tratativas para o uso da área pública (contratos de comodato ou termos de utilização para uso da área) são selecionados os beneficiários que irão trabalhar nas hortas. A seleção dos beneficiários segue alguns critérios, como grau de vulnerabilidade da família. Têm prioridades as famílias cujos mantenedores estão desempregados, com maior quantidade de filhos e condições precárias de moradias”, informa.

ESPAÇO PARA CULTIVO

Segundo Temp, não é determinante que o futuro produtor tenha um grande quintal em sua casa.

“Na verdade, toda casa ou todo quintal pode ser aproveitado para a produção de alimentos. As hortas podem ser realizadas em caixotes, em produção vertical, em muros, entre outros lugares. Caso a pessoa, mesmo assim, não tiver condição de fazer uma horta em seu quintal, pode utilizar espaços públicos para implantar uma horta, como as áreas em baixo de linhas de transmissão de energia, em áreas de escolas públicas, entre outras”, aponta o coordenador

Ele informa que a ONG faz contratos de comodato ou termos de utilização de uso com os órgãos responsáveis pelas áreas.

“Esses contratos podem ser feitos em nome da instituição (Cidades sem Fome) que executa o projeto ou diretamente no nome de  algum beneficiário, que fica responsável pelo comodato.”

“Na verdade, toda casa ou todo quintal pode ser aproveitado para a produção de alimentos. As hortas podem ser realizadas em caixotes, em produção vertical, em muros, entre outros lugares. Caso a pessoa, mesmo assim, não tiver condição de fazer uma horta em seu quintal, pode utilizar espaços públicos para implantar uma horta", explica Hans Dieter Temp, fundador da ONG Cidades Sem Fome e coordenador de projeto que leva o mesmo nome. Foto: Divulgação
“Toda casa ou todo quintal pode ser aproveitado para a produção de alimentos. As hortas podem ser realizadas em caixotes, em produção vertical, em muros, entre outros lugares. Caso a pessoa, mesmo assim, não tiver condição de fazer uma horta em seu quintal, pode utilizar espaços públicos para implantar uma horta”, explica Hans Dieter Temp, fundador da ONG Cidades Sem Fome e coordenador de projeto que leva o mesmo nome. Foto: Divulgação

PAPEL DAS MULHERES

Segundo Temp, as mulheres geralmente são responsáveis pelas funções domésticas e por cuidar dos filhos e isto faz com seja difícil que consiga ser inserida no mercado formal de trabalho, uma vez que sua disponibilidade de horário é reduzida.

“As hortas comunitárias surgem (para elas) como alternativa de trabalho e de geração de renda, pois conseguem trabalhar nos períodos em que os filhos estão na escola. Geralmente as hortas localizam-se nos bairros onde essas beneficiadas moram, o que gera uma facilidade na logística, evitando a locomoção de grandes trajetos. Essa dinâmica de trabalho oferecido pelas hortas comunitárias faz com que as mulheres sejam um público assíduo nos projetos.”

OUTRAS CIDADES

De acordo com Temp, a intenção é expandir o projeto para outras regiões, fora de São Paulo. “Nossa proposta é reaplicar os modelos criados em São Paulo para outras cidades do Brasil. Já temos uma parceria com a Fundação Cargill, que financia a implantação do projeto Hortas Escolares em Porto Ferreira (SP) e em Ponta Grossa (PR).”

Para ele, “a expansão e a reaplicação do modelo necessita, obviamente, estar fundamentada a parcerias com as cidades que desejam implantar o projeto para viabilizar o seu financiamento”.

Por Equipe SNA/RJ

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