Fruticultura: Brasil pode entrar para grupo seleto da Europa

Fruticultura brasileira é a terceira maior do mundo, depois de China e Índia. Foto: Divulgação

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), pela primeira vez, fiscalizará o sistema brasileiro de produção e inspeção de frutas. As ações começaram na segunda-feira, 10 de julho, e seguem até 14. A expectativa é de que o organismo internacional aprove em sua reunião anual, no mês de dezembro, a entrada do Brasil no grupo seleto da Europa, formado por países exportadores de frutas, a partir do ano que vem.

De acordo com Fátima Parizzi, coordenadora-geral de Qualidade Vegetal do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (Dipov) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em nota do Mapa, os auditores da OCDE vão conhecer os controles adotados pelo Brasil para recepção e embalagem de frutas.

Na visita ao terminal portuário, de Petrolina e ao Porto de Suape, entre os municípios de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho, no Estado de Pernambuco, eles poderão observar como é realizada a fiscalização das frutas.

Com sede em Paris, França, a OCDE é um organismo composto por 34 membros. Foi fundada em 14 de dezembro de 1961, sucedendo a Organização para a Cooperação Econômica Europeia, criada em 16 de abril de 1948.

 

DESAFIOS

Diretor técnico da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) e gerente do projeto “Frutas do Brasil”, Jorge Souza ressalta que se por um lado a globalização incrementou o comércio entre países, recentemente, algumas iniciativas, principalmente no Parlamento Europeu, tornaram a exportação de frutas para a União Europeia (EU) uma atividade mais desafiadora.

“Reduções drásticas de limite máximo de resíduos de alguns ingredientes ativos (LMR) em frutas frescas e novos requisitos fitossanitários mais rigorosos são  exemplos dessas ações. Mais do que a ação em si, o prazo para implementação de novas medidas foi curtíssimo, quando comparado à praxe nessas decisões, sugerindo que outros interesses, além dos técnicos podem estar provocando essas reações”, relata o executivo, em entrevista à equipe SNA/RJ.

 

TERCEIRA DO MUNDO

Souza destaca que a “fruticultura brasileira é a terceira maior do mundo, depois de China e Índia, e a crescente demanda por frutas tropicais, setor em que o Brasil é muito competitivo, pode estar preocupando o setor produtivo europeu na concorrência natural com as frutas temperadas produzidas lá”.

Em sua avaliação, considerando esse cenário, qualquer auditoria ou inspeção de entidades europeias, que confirme o compromisso dos produtores brasileiros de frutas com as boas práticas agrícolas e com os protocolos das inúmeras certificações exigidas para que a fruta brasileira possa entrar na Europa, é um sinal positivo.

“Isso mostra que nossa parceria econômica com o bloco europeu poderá seguir dentro das práticas de livre comércio preconizadas no mundo moderno e dentro do nível de confiança e credibilidade necessários nessas negociações”, analisa o gerente do projeto Frutas do Brasil.

 

RIGOR DAS NOVAS NORMAS

“É interessante mencionar que os distribuidores e parceiros comerciais, que o setor tem na Europa, também ficaram surpreendidos com esse rigor das novas normas recentemente implementadas em nosso país, mostrando preocupação e, inclusive, entrando formalmente com os mesmos questionamentos que fizemos como legítima entidade representativa da fruticultura nacional.”

Conforme Souza, “espera-se que a auditoria da OCDE fortaleça nossa defesa de que as frutas brasileiras são produzidas em modelos sustentáveis e de acordo com o preconizado nos países desenvolvidos”.

 

“Nossa parceria econômica com o bloco europeu poderá seguir dentro das práticas de livre comércio preconizadas no mundo moderno e dentro do nível de confiança e credibilidade necessários nessas negociações”, analisa o gerente do projeto Frutas do Brasil, Jorge Souza. Foto: Divulgação

EXPORTAÇÃO

O executivo comenta que a exportação de frutas frescas é uma atividade de relativo risco para qualquer país exportador devido à perecibilidade do produto: “Evidentemente, um país continental como o Brasil, com os desafios já conhecidos em sua infraestrutura e logística, pode, em algumas situações, ter desafios adicionais. Contudo, estamos crescendo em nossas exportações e o setor espera atingir um bilhão de dólares nessas operações, até 2020”.

“Nosso país tem concorrentes importantes na exportação de frutas tropicais, algumas nações da América Central e do continente africano, além de Peru, que tem investido muito em tecnologia na América do Sul.”

Melão e mangas brasileiras, destaca Souza, são responsáveis pelos maiores volumes exportados, seguidos por limão e uvas de mesa: “O mamão também tem papel de destaque nas exportações; e maçãs e abacates têm ótimas oportunidades no mercado”.

Segundo ele, é possível afirmar que cerca de 80% da frutas brasileiras exportadas seguem para a União Europeia: “Exportamos um pouco para os Estados Unidos, notadamente, mangas e mamão. Países asiáticos já são parceiros – tais como Japão e Coreia do Sul –, mas temos uma estratégia de médio a longo prazos para essas regiões, onde os desafios logísticos são ainda maiores. O Oriente Médio poderá também, em médio prazo, ser um mercado relevante para nossas frutas”.

 

Por equipe SNA/RJ

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