Florestas plantadas: qualidade do produto brasileiro é aval para exportar

Com a queda do consumo no mercado doméstico, as empresas deste segmento têm conquistado o mercado externo, que vem sendo influenciado, principalmente, pela qualidade do produto brasileiro. Foto: Divulgação
As florestas plantadas respondem por 91% da madeira produzida para fins industriais, no país. Foto: Divulgação

O setor de florestas plantadas está entre poucos que tiveram condições para atravessar, com certo equilíbrio, o período desfavorável da economia brasileira. Com a queda do consumo no mercado doméstico, as empresas deste segmento têm conquistado o mercado externo, que vem sendo influenciado, principalmente, pela qualidade do produto nacional, como é o caso da celulose, reconhecida por sua excelência.

A análise é da presidente-executiva da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), Elizabeth Carvalhaes: “O ano de 2016 foi muito difícil para nosso setor, principalmente devido à retração do mercado doméstico. A falta de comprador e de clientes no cenário interno fez com que as empresas buscassem espaço em outros países, expandindo as suas fronteiras”.

De janeiro a novembro de 2016, os volumes exportados de celulose, painéis de madeira e papel apresentaram evolução na comparação com o mesmo período do ano passado, colaborando para o resultado positivo do saldo da balança comercial do setor, que superou US$ 6 bilhões (aumento de 2,3%) no período. Segundo a Ibá, a celulose contribuiu com US$ 4,8 bilhões (-0,1%), o papel com US$ 1,0 bilhão (+9,7%) e os painéis de madeira com US$ 220 milhões (+29,4%).

Também de janeiro a novembro do ano passado, foram embarcadas 11,7 milhões de toneladas de celulose (+11,6%), 1,9 milhão de toneladas de papel (+2,5%), 932 mil metros cúbicos de painéis de madeira, (+65,2%). No mercado interno, as vendas de papel registraram 4,9 milhões de toneladas (-0,4%), entre janeiro e novembro de 2016, enquanto as do segmento de painéis de madeira totalizaram mais de 5,7 milhões de metros cúbicos (-3,3%).

Por sua vez, a produção brasileira de celulose totalizou 17,1 milhões de toneladas (+8,5%) e a de papel manteve-se estável, em 9,5 milhões de toneladas.

 

EXPECTATIVAS PARA 2017

Para 2017, a Ibá espera que o Brasil apresente um desempenho melhor que o do ano passado. “Precisamos direcionar os esforços no fortalecimento do mercado doméstico e, posteriormente, inserir definitivamente o país no mercado mundial. Portanto, torna-se fundamental endereçar reformas importantes que contribuam diretamente para a produção e a competitividade das empresas, como é o caso da trabalhista, além da redução da burocracia para fomentar os investimentos necessários”, sugere Elizabeth.

“Nossa expectativa é positiva, com perspectivas de alcançarmos, logo no início do ano, o segundo lugar no ranking mundial em produção de celulose, ultrapassando grandes produtores como o Canadá e a China, o que deve aumentar a visibilidade do país no mercado internacional”, prevê a executiva, acrescentando: “Discussões sobre a precificação do carbono e a emissão de títulos verdes podem representar grandes oportunidades para o Brasil captar investimento no médio prazo”.

 

SERVIÇOS AMBIENTAIS

Conforme a Ibá, o setor também se destaca na prestação de serviços ambientais, evitando o desmatamento de matas nativas, preservando o solo e as nascentes e recuperando áreas degradadas, além de contribuir como fonte de energia renovável. Em 2015, foram produzidos, a partir de energia limpa, 65,1 milhões de gigajoules, ou seja, 67% do consumo energético do setor.

O plantio de árvores ainda ajuda na redução dos gases do efeito estufa e no sequestro de carbono, uma vez que cada hectare de floresta em desenvolvimento é capaz de absorver de 150 a 200 toneladas de gás carbônico.

Com 7,8 milhões de hectares de eucalipto, pinus e demais espécies: acácia, araucária, paricá e teca (base 2015), as florestas plantadas têm grande importância como cadeia produtiva do agronegócio e respondem por 91% da madeira produzida para fins industriais no país e geram 1,7 bilhão de toneladas de CO2 equivalente estocado.  O segmento conta ainda com 5,6 milhões de hectares de áreas naturais preservadas.

De acordo com relatório Ibá 2016 (com base em 2015), o setor respondeu por 3,8 milhões de empregos diretos e indiretos e movimentou R$ 69 bilhões, o equivalente a 6% do Produto Interno Bruto (PIB). No ano passado, as exportações renderam US$ 9,0 bilhões (incremento de 5,9% em relação ano anterior), o equivalente a 4,7% das vendas externas brasileiras.

Dados do relatório informam que os projetos de investimento das empresas, voltados para o aumento dos plantios, ampliação de fábricas e novas unidades, de 2016 a 2020, são estimados em R$ 40 bilhões.

 

REFERÊNCIA EM PRODUTIVIDADE

“Temos um parque industrial moderno, com a melhor engenharia genética arbórea entre todos os países e a produtividade de nossas florestas plantadas é a maior do mundo. Por este e outros motivos, hoje o setor brasileiro de florestas plantadas destaca-se no mundo todo”, afirma Eizabeth.

Segundo a Ibá, a produtividade média dos plantios de eucalipto no Brasil alcançou 36 metros cúbicos por hectare ao ano, enquanto a dos pinus foi de 31 metros cúbicos por hectare ao ano. Nos últimos cinco anos, a produtividade do eucalipto aumentou 0,7% ao ano, enquanto a do pinus caiu 1,1% ao ano, em especial, por causa da conversão em áreas de eucalipto.

No mesmo período, os plantios de eucalipto cresceram 2,8% ao ano e atualmente ocupam 5,6 milhões de hectares. Com uma área de 1,6 milhão de hectares, o cultivo de pinus vem caindo a uma taxa de 2,1% ao ano.

 

1º FÓRUM AGRONEGÓCIO FLORESTAL

Apostando no bom momento do setor, a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), a Innovatech e a Painel Florestal promoverão o 1º Fórum Agronegócio Florestal. O evento está programado para o dia 14 de março de 2017, em São Paulo, capital, com o tema “O protagonismo da floresta plantada no agronegócio brasileiro”.

 

Por equipe SNA/SP

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