Famato discute programa de melhoramento genético de bovinos

Rafael Linhares, da Famato,
Para Rafael Linhares, da Famato, o avanço do melhoramento genético do Brasil cria condições ‘para melhor atender os nossos mercados consumidores, oferecendo produtos com qualidade’

 

A implantação do melhoramento genético em propriedades rurais no Brasil, mesmo que não tenha resultados no curto prazo, poderá trazer benefícios ao pecuarista no processo seletivo de bovinos. A afirmação é do analista de Pecuária Rafael Linhares, do Núcleo Técnico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato). A entidade, em parceria com a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), está discutindo a criação de um programa de melhoramento genético, abrangendo os já certificados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). No último dia 21 de março, especialistas se reuniram para avaliar as novas propostas para o segmento em Mato Grosso.

Estes programas tratam da análise genotípica do animal assegurando aos pequenos, médios e grandes produtores rurais do Estado a comercialização de reprodutores e sêmen das raças bovinas de corte, certificados individualmente como geneticamente melhoradores. “Tudo isto é feito por meio do índice de seleção próprio de cada programa de melhoramento genético, com exame andrológico apto à reprodução e idades entre 20 e 42 meses”, informa Linhares.

De acordo com o técnico da Famato, o animal selecionado como melhorador responderá melhor na nutrição, na sanidade, na reprodução e até mesmo na adaptabilidade ao ambiente oferecido a ele, assegurando maior produtividade entre os índices zootécnicos avaliados e eficiência na conversão de proteína vegetal em animal, no caso da bovinocultura de corte. “Tudo depende das opções de seleção e cruzamento, que varia da seleção fenotípica, certificada por Registros Genealógicos de Nascimento e/ou Definitivo, passando pela avaliação genotípica, validada pelo Certificado Especial de Identificação e Produção. Isto inclui até marcadores moleculares e o custo varia de forma que cabe ao produtor prezar pela relação custo-benefício na tomada de decisão em seus investimentos”, afirma.

Para dar apoio aos bovinocultores, além das linhas de crédito que contemplam o custeio de animais avaliados e melhoradores, o Mapa lançou recentemente o “Plano Mais Pecuária”, subdividido em “Mais Carne” e “Mais Leite”. Segundo Linhares, estes programas se baseiam em quatro eixos estruturantes: melhoramento genético, ampliação de mercado, incorporação de tecnologia e segurança e qualidade dos produtos. “No eixo melhoramento genético, a meta do Mapa, apesar de bem otimista, pretende disponibilizar 252 mil touros reprodutores por ano, até 2023. Isto mostra a preocupação deste Ministério, vindo ao encontro da necessidade e do interesse dos produtores em melhorar o plantel.”

 

O PROCEDIMENTO

O melhoramento genético é a capacidade de bovinos de sexos opostos produzirem seus descendentes, explica Linhares. “O procedimento é feito de forma sexuada, através da fecundação interna ou externa de seus gametas masculinos e femininos.”

Segundo o técnico da Famato, considerando todo o histórico de melhoramento genético bovino no Brasil e a atual necessidade do setor, a cadeia pecuária de corte pretende, em menor espaço de tempo e em menor área, obter maior produtividade de arroba por hectare. “Desta forma, o pecuarista pode desfrutar da máxima eficiência de produção e merecida rentabilidade, além de promover maior competitividade da carne bovina brasileira no exterior.”

Para Linhares, com todo o avanço do melhoramento genético no País, dependendo do objetivo de cada programa e da definição dos critérios de seleção em maior escala na criação de bovinos de corte, é possível “ter condições para melhor atender os nossos mercados consumidores, oferecendo produtos com qualidade, conforme suas exigências, hoje voltada à carne com maciez e marmoreio”.

 

EMPRESAS

De acordo com o técnico da Famato, hoje no Brasil existem empresas especializadas em melhoramento genético que atendem às suas respectivas propriedades. Ele destaca o PMGZ (Programa de Melhoramento Genético  de Zebuínos da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu), a ANCP (Associação Nacional dos Criadores e Pesquisadores), DeltaGen, o Paint (Programa de Melhoramento Genético para Bovinos de Corte da CRV Lagoa), Agro-Pecuária CFM, Nelore Qualitas (programa de melhoramento genético destinado ao rebanho de gado nelore “cara limpa” ou registrados) e o Geneplus, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). E na modalidade, cita Linhares, existem os marcadores moleculares executados pela Clarifide Nelores do Laboratório Zoetis Brasil.

 

A REUNIÃO

Com o intuito de discutir o programa de melhoramento genético no Mato Grosso, a Famato reuniu, no último dia 21, especialistas em reprodução genética bovina, representantes de empresas particulares e associações de criadores para discutir a criação de um programa local de melhoramento genético no Estado. As sugestões foram apresentadas pelas entidades que participaram do encontro, com o objetivo de iniciar a elaboração do projeto na região.

De acordo com o diretor de Relações Institucionais da Federação, Rogério Romanini, o Mato Grosso precisa oferecer um programa que torne o melhoramento genético mais acessível aos produtores rurais do setor bovino. “É clara a necessidade em se fazer o Programa de Melhoramento Genético MT, que possa até servir de exemplo para outros Estados. Além da necessidade, a Famato, especialistas, associações e empresas do ramo têm interesse em estabelecer este programa, com diretrizes que contribuam para o melhoramento genético animal”, explica Romanini, em nota à SNA.

A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso representa 87 sindicatos rurais no Estado e, juntamente com o Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT), forma o Sistema Famato.

 

Por equipe SNA/RJ

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