Falta de marco regulatório é entrave para economia verde, diz especialista

Presidente da EPE, Luiz Barroso afirma que o país precisa criar alguns tipos de mecanismos e incentivos, além de um plano de ação coordenado para viabilizar o crescimento de usinas de energia renovável com a participação das hidrelétricas na matriz energética. Foto: Divulgação Instituto Escolhas
Presidente da EPE, Luiz Barroso afirma que o país precisa criar alguns tipos de mecanismos e incentivos, além de um plano de ação coordenado para viabilizar o crescimento de usinas de energia renovável com a participação das hidrelétricas na matriz energética. Foto: Divulgação Instituto Escolhas

O agronegócio e os setores energético, de biomateriais e de reflorestamento são fundamentais no processo de transição para a economia verde no Brasil, especialmente porque seu financiamento depende de riscos e retornos adequados dos investimentos. Mas para oferecer mais segurança a investidor, é necessário diversificar os negócios e investigar as melhores formas de incentivo.

“O Brasil ainda não tem um programa regulatório de incentivos econômicos bem definidos para o desenvolvimento dessas ações. O grande entrave da transição para a economia verde é a falta de um esquema regulatório no país”, afirmou o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Luiz Barroso, durante o Fórum Desenvolvimento e Economia de Baixo Carbono, realizado na última semana, em São Paulo, capital, iniciativa do jornal Folha de São Paulo em parceria com o Instituto Escolhas e o Insper: Ensino Superior em Negócios, Direito e Engenharia

Barroso participou do painel “O desenvolvimento de novos setores industriais e inserção do Brasil nas cadeias globais de produção”, para discutir os caminhos da implementação de uma economia de baixo carbono no Brasil. “O país precisa criar alguns tipos de mecanismos e incentivos, além de um plano de ação coordenado para viabilizar o crescimento de usinas de energia renovável com a participação das hidrelétricas na matriz energética”, observou Barroso.

Ainda de acordo com o presidente da EPE, a participação de todos os setores na elaboração de uma estratégia conjunta é fundamental. “Ações pulverizadas como as que têm sido feitas até agora não geram soluções. Temos que colocar em discussão medidas como precificação do carbono e certificado de emissões”, ponderou e enfatizou que no setor de transportes é possível conseguir, com pequenos investimentos e envolvimentos, resultados significativos nesse sentido, citando como exemplo a renovação de frota.

 

DIFICULDADES

Economista, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e ex-secretário executivo da Câmara de Comércio Exterior da Presidência da República, José Roberto Mendonça de Barros disse que essas medidas conjuntas geram valor às cadeias globais de produção, porém, ele acredita ser muito difícil a inserção do Brasil nessas cadeias.

“Sou um tanto quanto cético em relação às possibilidades de redirecionar o crescimento dos setores industriais, com exceção do agronegócio”, disse Mendonça de Barros, lembrando que um dos passos dados para trás, nesse sentido, foi o país ter deixado o projeto do etanol de lado após a descoberta do pré-sal, principalmente pelo fato de o Brasil ser o único país a utilizar carros de motor flex. Porém, segundo o economista, o país tem possibilidades de voltar a crescer no fim de 2017. “O Brasil só se move quando está com o pé no abismo, então, acho que teremos mudanças”, previu.

 

“O Brasil só se move quando está com o pé no abismo, então acho que teremos mudanças”, segundo previsão do economista José Roberto Mendonça de Barros. Foto: Divulgação Instituto Escolhas
“O Brasil só se move quando está com o pé no abismo, então, acho que teremos mudanças”, segundo previsão do economista José Roberto Mendonça de Barros. Foto: Divulgação Instituto Escolhas

Outro ponto positivo, na opinião de Mendonça de Barros, são as possibilidades na área de novos materiais e os avanços tecnológicos que têm permitido a transformação de matéria-prima em produtos capazes de transmitir energia, como filmes transparentes, por exemplo. “É preciso salientar também que o Brasil está próximo das fronteiras das rotas da nanocelulose e temos que aproveitar essas oportunidades”, disse o economista.

“Produtividade é solução de baixo custo, pois tão ou mais importante do que priorizar setores é criar um ambiente de negócios mais estável, com marcos regulatórios e segurança institucional, garantir investimentos e melhorar as técnicas de gestão”, argumentou o diretor de Políticas e Estratégia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), José Augusto Coelho Fernandes, afirmando que as possibilidades de desenvolvimento desse setor estão diretamente relacionadas às oportunidades existentes na indústria de baixo carbono.

 

PRESERVAÇÃO DE FLORESTAS

“A preservação das florestas, além de ser crucial para enfrentar as consequências das mudanças climáticas, é também uma opção de crescimento econômico” destacou outra palestrante do painel, Celina Carpi, presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos sobre a inserção do país nessas cadeias globais de produção.

 

Presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos, Celina Carpi aponta: “Os caminhos tecnológicos que o Brasil deve seguir, que façam sentido para a economia de baixo carbono, definitivamente, estão ligados ao que temos de melhor, que é o agronegócio”. Foto: Divulgação Instituto Escolhas
Presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos, Celina Carpi aponta: “Os caminhos tecnológicos que o Brasil deve seguir, que façam sentido para a economia de baixo carbono, definitivamente, estão ligados ao que temos de melhor, que é o agronegócio”. Foto: Divulgação Instituto Escolhas

Celina ressaltou os avanços rumo ao desenvolvimento sustentável proporcionado, dentre outros fatores, pelo novo Código Florestal, e mencionou novas oportunidades de negócios no reflorestamento. “Junto a isso, temos, ainda, a nosso favor, o bioma amazônico que, com os devidos cuidados em relação à sua manutenção, aparece como um grande ativo ambiental do Brasil nas negociações multilaterais”, acrescentou.

“Os caminhos tecnológicos que o Brasil deve seguir, que façam sentido para a economia de baixo carbono, definitivamente, estão ligados ao que temos de melhor, que é o agronegócio”, enfatizou Celina.

 

Por equipe SNA/SP

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