Falta de insumos dificulta expansão da pecuária orgânica no Brasil

A pecuária brasileira, de modo geral, é um mercado promissor que deveria levar em consideração o crescimento do mercado orgânico. Foto: Divulgação
A pecuária brasileira, de modo geral, é um mercado promissor que deveria levar em consideração o crescimento do mercado orgânico. Foto: Divulgação

A tendência crescente, por parte dos consumidores brasileiros, em adquirir alimentos de qualidade, nutritivos e saborosos, livres de resíduos de agroquímicos, e que sejam produzidos em respeito ao meio ambiente, continua a impulsionar o mercado de orgânicos no País.

Mesmo sem contar com estatísticas oficiais, a preferência dos consumidores reflete o crescimento e a variedade de alimentos orgânicos disponíveis nos varejistas, nas feiras municipais e na merenda escolar. No entanto, essa euforia ainda não atingiu a pecuária orgânica.

“No caso das carnes, a oferta no Brasil ainda é bastante limitada. Diversos elos da cadeia precisam ser resolvidos e, além disso, há muitos desafios a superar, como a alimentação à base de insumos orgânicos. Num país com enorme produção de grãos geneticamente modificados, essa tarefa se torna difícil”, observa Sylvia Wachsner, coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos da Sociedade Nacional de Agricultura (CI Orgânicos).

 

MERCADO PROMISSOR

Para ela, a pecuária brasileira, de modo geral, é um mercado promissor que deveria levar em consideração o crescimento do mercado orgânico. “Recentemente o governo brasileiro anunciou o fim do embargo da exportação de carne bovina à China, que tem trocado o consumo de carne de suína por bovina, de frango e carneiro. Os pecuaristas aplaudem a retomada das exportações e esperam incrementar em US$ 1 bilhão as vendas de carne in natura brasileira. Mas, desse mercado potencial, quanto poderia ser captado pela carne orgânica bovina e de frango?”, questiona Sylvia Wachsner.

 

AÇÕES SUSTENTÁVEIS

Apesar das dificuldades, a coordenadora da SNA vê com bons olhos o trabalho de instituições que se mobilizam para sedimentar, no Brasil, a pecuária orgânica.

“A Associação Brasileira de Pecuária Orgânica (ABPO), em parceria com a Korin, o WWF e a Embrapa Pantanal, tem focado sua atividade em produzir uma pecuária sustentável, adotando protocolos e processos de produção e responsabilidade socioambiental que insere a entidade numa posição de vanguarda. As normas incluem um protocolo de diagnóstico socioambiental das propriedades rurais, com objetivo de criar uma base de dados para avaliar os ganhos sociais e ambientais de longo prazo”.

 

DEMANDAS

Para Sylvia Wachsner, a demanda por carnes orgânicas existe, e envolve um mercado disposto a pagar uma determinada margem pelos produtos.

“A limitada produção de grãos orgânicos exige flexibilização diante da realidade. As carnes sustentáveis, comercializadas pela Korin, talvez seja um dos caminhos para atender esses mercados.”

Atualmente, a carne sustentável é comercializada no mercado interno, mas o vice-presidente da ABPO, Nilson de Barros, já considera a hipótese de que, no futuro, a partir de uma análise da experiência brasileira, seja possível pensar no mercado de exportação.

 

PRODUÇÃO E CERTIFICAÇÃO

O Mato Grosso do Sul é o estado que abriga a maior criação de pecuária orgânica, localizada basicamente no Pantanal, numa área de140 mil hectares certificadas para produção de carne orgânica.

As fazendas de criação de gado orgânico devem seguir rígidas práticas e sistemas de produção que permitam sua auditoria e certificação. O gado deve ser criado da forma mais natural possível, em convívio com a flora e a fauna regional.

Há também a preocupação com a lotação do rebanho e o descanso do solo. Os animais são tratados somente com medicamentos homeopáticos e fitoterápicos, e torna-se obrigatório o estrito cumprimento da legislação ambiental e trabalhista.

O sistema produtivo orgânico é auditado e certificado, em todas as etapas de produção, conforme a legislação brasileira.

“ao exigir a certificação orgânica, a proteção de nascentes, e a proibição tanto do uso de fogo no manejo das pastagens como da aplicação de defensivos agrícolas e químicos, a pecuária orgânica cumpre seu papel de proteger os solos e os recursos hídricos”, ressalta Sylvia Wachsner, coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos (CIOrgânicos), da SNA. Foto: Arquivo SNA
“Ao exigir a certificação orgânica, a proteção de nascentes, e a proibição tanto do uso de fogo no manejo das pastagens como da aplicação de defensivos agrícolas e químicos, a pecuária orgânica cumpre seu papel de proteger os solos e os recursos hídricos”, ressalta Sylvia Wachsner, coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos (CIOrgânicos), da SNA. Foto: Arquivo SNA

BENEFÍCIOS

Todos esses aspectos, de acordo com Sylvia Wachsner, contabilizam como benefícios para os consumidores e o meio ambiente.

“O consumidor tem a garantia de que as fazendas de criação preservam a cultura do homem pantaneiro, seguem padrões corretos a nível ambiental e utilizam, de modo racional, os recursos naturais renováveis.”

Ela ainda destaca que, “ao exigir a certificação orgânica, a proteção de nascentes, e a proibição tanto do uso de fogo no manejo das pastagens como da aplicação de defensivos agrícolas e químicos, a pecuária orgânica cumpre seu papel de proteger os solos e os recursos hídricos”.

 

Por equipe SNA/RJ

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp