Faepa: ‘O Brasil ainda precisa valorizar o potencial do óleo de palma’

“O consumo presente e futuro da China e da Índia torna a produção do óleo de palma um dos mais competitivos produtos do agronegócio internacional. Foto: Arquivo Pessoal
“O consumo presente e futuro da China e da Índia torna a produção do óleo de palma um dos mais competitivos produtos do agronegócio internacional. Foto: Arquivo Pessoal

 

O óleo de palma é, nos dias atuais, o óleo vegetal de maior produção e consumo no mundo. Se considerar o valor bruto da commodity, a cifra ultrapassa os US$ 60 bilhões. Mas quando a esta quantia são agregadas as transformações possíveis ao produto, tais como ingredientes no processamento de alimentos, biocombustíveis, bioenergia e oleoquímica, ela chega aos US$ 150 bilhões.

As informações são do diretor Emeleocipio de Andrade, representante da Federação de Agricultura do Estado do Pará (Faepa) e da Confederação Nacional de Agricultura (CNA) na Câmara Técnica da Palma de Óleo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

De acordo com Andrade, além de ser o óleo vegetal que mais cresce em consumo nos Estados Unidos, é encontrado em 50% dos itens comercializados nos supermercados europeus.

“O consumo presente e futuro da China e da Índia torna a produção do óleo de palma um dos mais competitivos produtos do agronegócio internacional. Sendo consumido por mais de 2,5 bilhões de pessoas no mundo, acima de cinco milhões de pessoas tiram seu sustento desse produto nos quarenta e quatro países que o produzem.”

Apesar de ser um “queridinho” lá fora, o Brasil, mesmo tendo elevado potencial para produzir óleo de palma, colhe apenas somente 340 mil toneladas, quantidade que não atende sequer à demanda interna, que utiliza até 95% do total da produção nacional nas indústrias de alimentos.

“O Brasil ainda precisa valorizar o potencial do óleo de palma, assim como EUA e Europa“, afirma diretor da Faepa. “Totalmente adaptado aos climas tropicais, os países envolvidos com sua produção ofertaram, na safra 2013/14, acima de 65,6 milhões de toneladas de óleo, incluindo os chamados óleo de palma e de palmiste”.

Andrade pontua que, deste total, a Indonésia (52,78%) e a Malásia (32,34%) ofertaramacima 85%. Os demais grandes produtores são Tailândia (3,66%), Colômbia (1,76%), Nigéria (1,58%), Nova Guiné (1,07%), Honduras (0,73%), Equador (0,99%), Costa do Marfim (0,68%), Guatemala (0,59%) e Brasil (0,58%).

 

Cacho de fresco de palma de óleo apto ao processamento. Foto: Divulgação Faepa
Cacho de fresco de palma de óleo apto ao processamento. Fotos: Divulgação Faepa

O diretor da Faepa destaca que, desde 1968, o Estado do Pará iniciou seu programa de plantio racional de híbridos de óleo de palma, com incentivos da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). No início dos anos 1980, o Estado tinha plantado 11 mil hectares dessa palmeira. Dez anos mais tarde, haviam sido plantados 46 mil hectares e, em 2010, a área plantada de palma de óleo paraense era de 63 mil hectares.

“A partir de maio de 2010, quando foi lançado, no município de Tomé Açu, pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Programa Nacional de Produção de Óleo de Palma, houve um incremento acentuado na produção pela participação de grandes empresas nacionais e internacionais, como a Petrobras, Vale e HDM. Nos três anos subsequentes, o plantio de palma mais que duplicou passando a 146 mil hectares plantados”, conta Andrade.

 

Frutos frescos: na polpa amarela é extraído o óleo de polpa e da polpa do coquinho (semente), o óleo de palmiste
Frutos frescos: na polpa amarela é extraído o óleo de polpa e da polpa do coquinho (semente), o óleo de palmiste

Hoje, o Pará é o maior produtor de óleo de palma do Brasil. De acordo com o documento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) “Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia”, “o Estado dispõe de 13 milhões de hectares aptos à produção de óleo de palma, todos considerados como área desmatada e, em sua maioria constituída de capoeira rala ou pastagens em desuso”.

São nove grandes empresas que dispõem de grandes áreas de cultivo de palma. Na tabela abaixo é apresentada a área plantada e a perspectiva de expansão do cultivo:

Empresas produtoras de óleo de palma no Estado do Pará

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De acordo com o Programa de Produção Sustentável da Palma de Óleo no Brasil, lançado pelo governo federal, “grande ênfase deverá ser dada à inclusão dos pequenos produtores no processo produtivo dessa iniciativa”, acredita Andrade. “Hoje, mais de 1,2 mil famílias integram o processo (de produção do óleo de palma), envolvendo uma área de 26 mil hectares, o que corresponde a 15,8% da área total plantada.”

Levando em conta que o período de implantação da cultura é de três anos e meio, e atinge sua produtividade máxima após oito anos, “ela é extremamente rentável, podendo render uma renda líquida mensal de 230 reais por hectare”. De acordo com o diretor da Faepa, considerando que cinco hectares requerem um homem por dia, dez hectares são suficientes para sustentar uma família com R$ 2,3 mil líquidos por mês.

Apesar de ter um mercado promissor no Brasil e de destaque no exterior, “os maiores entraves que dificultam um desenvolvimento mais acelerado da cultura no Pará são as exigências ligadas ao licenciamento ambiental, estabelecidas em marcos regulatórios rígidos, o moroso sistema de regularização de propriedade da terra, a dificuldade de mão de obra especializada, em todos os níveis, os custos de transporte devido à deficiente matriz de transporte, os impostos elevados e falta de estímulos fiscais”.

Governo paraense assina Protocolo de Intenções Socioambiental da Palma de Óleo 

Recentemente, foi assinado o Protocolo de Intenções Socioambiental da Palma de Óleo, após iniciativa do governo do Pará, de associações de produtores, dos órgãos de representantes de classes, além das empresas de pesquisa e assistência técnica. O intuito é estabelecer um modelo de parceria institucional entre o poder público e a iniciativa privada, de forma a possibilitar a criação de condições que viabilizem, de maneira objetiva e transparente, a execução de ações conjuntas voltadas ao desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva da palma de óleo, especialmente no que se refere à produção de pequenos produtores e a agricultura familiar.

 

Pequeno produtor com área de 30 hectares
Pequeno produtor com área de 30 hectares no Estado do Pará

“Vários instrumentos legais cabíveis poderão e deverão ser assinados entre as partes interessadas de forma a atingir os objetivos estabelecidos no documento. No Protocolo, estão estabelecidas as competências de cada parte e espera-se que cumpridas todas as etapas pactuadas, o processo desenvolvimento almejado seja atingido”, informa Andrade.

A partir daí, conforme o diretor da Faepa, o próximo passo será fazer com que as inovações tecnológicas cheguem ao campo e sejam capazes de proceder melhor desempenho ao processo produtivo do sistema de produção de óleo de palma, tais como a obtenção de materiais botânicos mais produtivos e resistentes às principais enfermidades da cultura; métodos e formulações de adubação adequadas e econômicas; instrumentos que viabilizem o processo de colheita mecânica, que podem e devem contribuir significativamente para melhorar o desempenho da atividade; e, por fim, conferir maior competitividade.

“Se, como estabelece o protocolo, as empresas de assistência técnica estiverem atuando em estreita parceria com as instituições de pesquisa, a transferência dessas inovações serão facilmente levadas aos produtores de óleo de palma”, acredita Andrade.

Por equipe SNA/RJ 

 

 

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