Etanol de milho: boas chances de investimento, mas distribuição é o grande entrave

Fernando Pimentel: "É preciso buscar soluções que gerem liquidez para a cultura e sejam rentáveis aos produtores"  FOTO - Arquivo/SNA
Fernando Pimentel, diretor da SNA: “É preciso buscar soluções que gerem liquidez para a cultura e sejam rentáveis aos produtores” FOTO – Arquivo/SNA

 

A oportunidade é boa. Nas últimas safras, a oferta de milho no Brasil tem sido bem superior ao consumo interno. O excedente chega a cobrir 1/3 da produção. Com isso, surgem possibilidades para o aproveitamento desses grãos. E o etanol produzido a partir do cereal é um motivo considerável para investimentos.

A observação é do diretor da Sociedade Nacional de Agricultura, Fernando Pimentel. “Com o excesso de produto, é preciso buscar soluções que gerem liquidez para a cultura e sejam rentáveis aos produtores e que também constituam fonte de agregação de valor e geração de empregos”.

Apesar do momento favorável, Pimentel adverte que a distribuição é o maior entrave do setor. Para tentar contornar o problema, o diretor da SNA apoia uma certa desregulamentação da distribuição do etanol de milho, em benefício da produção e distribuição local. Com isso, segundo o diretor, haveria uma diminuição da necessidade de aprovação, por parte da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), nos centros produtores.

“Seria recomendável uma verificação periódica e local. Essa é uma solução que atende a todos, principalmente ao país, com a redução da necessidade de importação de gasolina. Estados que hoje praticamente não fazem uso do etanol como o Mato Grosso, por exemplo, passariam a usar, sem prejuízo das usinas sucroalcooleiras do Sudeste”, explica Pimentel.

USINAS

Em 2014, a Aprosoja-MT apresentou um estudo que mostra a viabilidade do etanol de cereais no estado. “Tomando como exemplo uma usina que produz etanol somente a partir de cereais, com o processamento de mil toneladas ao dia de milho, se alcançaria a produção de 130 mil m3 de etanol por ano, e 80 mil metros cúbicos de DDGS (Dried Distillers Grains with Solubles), que é um subproduto do milho, um concentrado proteico de muito valor para a indústria de ração”.

O diretor da SNA também aponta como entrave ao setor a ausência de investimentos para a construção de mini usinas de processamento.

“De acordo com o estudo da Aprosoja-MT”, ressalta Pimentel, “o investimento de US$ 69 milhões na construção de uma usina, considerando valores atuais, teria retorno em 66 meses. O lucro líquido seria de 10% e a taxa de retorno, por volta de 25%”, complementa.

Pimentel observa ainda que o etanol de milho é um produto sustentável. “Sob o ponto de vista da sustentabilidade, geraria CO2, que é outra oportunidade de negócio”.

GRANDE OFERTA

Ao reconhecer o excedente do cereal no Brasil e no mundo, o diretor da SNA lembra que, no caso brasileiro, é preciso adotar de uma boa política para o aproveitamento dos grãos.

“Nos EUA, com a gasolina mais barata, e a gripe aviária, deve sobrar muito produto. Aqui, com o crescimento da safrinha e o enfraquecimento da exportação, o excedente pode atingir pelo menos 17 milhões de toneladas. Mas não existe armazenagem suficiente para preservar de forma adequada tudo isso. Uma nova destinação para esse milho seria questão de urgência”.

Atualmente, segundo informação da Aprosoja-MT, o Brasil conta com um excedente de 20 milhões de toneladas de milho que são exportados in natura.

 

 

Equipe SNA/RJ

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