Estado da Bahia ganha destaque na produção de cafés especiais com direito a prêmio internacional

O cafeicultor baiano ândido Vladimir Ladeia Rosa, da Fazenda Ouro Verde, no município de Piatã, levou o primeiro lugar do 15º Cup of Excellence – Early Harvest Brasil 2014, com a cultivar de café Catuaí do Instituto Agronômico do Café, que integra o Consórcio Pesquisa Café da Embrapa
O cafeicultor baiano Cândido Vladimir Ladeia Rosa, da Fazenda Ouro Verde, no município de Piatã, levou o primeiro lugar do 15º Cup of Excellence – Early Harvest Brasil 2014, com a cultivar Catuaí do Instituto Agronômico do Café, que integra o Consórcio Pesquisa Café da Embrapa

Vencer o 15º Cup of Excellence – Early Harvest Brasil 2014, promovido recentemente pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), só veio a confirmar uma posição que o Estado da Bahia vem ocupando no cenário nacional da produção de cafés especiais, com alto nível de qualidade. Quarto maior produtor do País com 2,28 milhões de sacas de 60 quilos em 2014, segundo dados mais atuais da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a região só fica atrás de Minas Gerais (22,62 milhões), Espírito Santo (12,85 milhões) e São Paulo (4,47 milhões).

Com atuação importante no cultivo do grão do tipo arábica, com 1,23 milhão de sacas, nos últimos anos a Bahia vem se fortalecendo também na produção do conilon, ao somar mais de um milhão de sacas neste ano, e cujos cultivos se concentram, principalmente, na região Atlântica, no extremo Sul do Estado.

As novas conquistas do produto baiano vieram alicerçadas pela articulação de pesquisas, produção, extensão rural e ensino de instituições que fazem parte do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Café. No Estado, fazem parte do Consórcio a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) e Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).

No concurso internacional, que correspondeu à 100ª edição do Cup of Excellence no mundo, os cafeicultores baianos levaram os cinco primeiros lugares do 15º Cup of Excellence utilizando tecnologias e cultivares (Catuaí e Catucaí) desenvolvidas por entidades parceiras do Consórcio Pesquisa Café: o Instituto Agronômico (IAC) e a Fundação Procafé).

Em primeiro lugar ficou o cafeicultor Cândido Vladimir Ladeia Rosa, da Fazenda Ouro Verde, com nota 94,05. Ele usou a cultivar Catuaí, do IAC. O segundo lugar foi conquistado por Antonio Rigno de Oliveira (nota 93,36), da Chácara São Judas Tadeu, com a cultivar Catuaí.

Em terceiro, ficou Zora Yonara Macedo Pina Oliveira (92,26), da Chácara Tijuco, com 92,26 pontos, com a mesma cultivar; em quarto, Eulino José de Novais (90,14), da Fazenda Santa Bárbara, com as cultivares Catuaí (IAC) e Catucaí, da Fundaçaõ ProCafé; e na quinta colocação, Simpliciano Alves Neto, da Fazenda Vista Alegre, com nota 89,05, com as cultivares Catuaí e Catuacaí.

No total, 21 produtores de cafés cerejas descascados e/ou despolpados dos Estados da Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo sagraram-se vencedores do 15º Cup of Excellence. Todos eles atingiram notas superiores a 85 pontos com base na escala de 0 a 100 pontos da Specialty Coffee Association of America – SCAA.

A edição de 2014 recebeu 346 amostras de café produzido por via úmida, tendo sido pré-selecionadas 150 que vieram de cinco Estados brasileiros: Minas Gerais (Sul, Cerrado, Chapada, Mantiqueira e Matas de Minas); Bahia (Planalto); Espírito Santo (Montanhas); São Paulo (Mogiana e Média Mogiana); e Paraná (Norte Pioneiro).

O concurso, realizado em outubro, é uma parceria da BSCA com Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e Alliance for Coffee Excellence (ACE) e apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). É realizado anualmente também com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)­, da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e da Alliance for Coffee Excellence (ACE).

CONILON

O extremo Sul da Bahia é conhecido pela plantação de eucalipto e, principalmente, pelo cultivo de cacau. Mas diante da necessidade de diversificar e do apoio recebido pela Embrapa Café, por meio do Consórcio Café, a região começou a despontar, nos últimos cinco anos, como um importante centro de produção do grão tipo conilon no País, segundo destaca Roberto Cangussu, vice-presidente para o sul do Estado da Associação dos Produtores de Café da Bahia (Assocafé).

“Há cinco anos, a produção de conilon (na região também conhecida como Atlântico baiano) não ultrapassava a marca de 400 mil sacas”, lembra Cangussu. A estimativa da Assocafé é a de que, desde 2010, tenham sido incrementados mais 10 mil hectares de café, o que fez com que a área total da cafeicultura no extremo sul da Bahia subisse para 30 mil.

Boa luminosidade, topografia e clima favoráveis abriram as portas para o sucesso do cultivo de café conilon da região, associadas aos preços mais compensadores do produto nos últimos três anos, além dos projetos de incentivo do produto, especialmente por do Consórcio da Embrapa.

Para Cangussu, também “houve aumento da demanda por parte da indústria nacional e do mercado externo, que costuma utilizar o grão do café conilon nas misturas com o arábica, que é um tipo considerado mais nobre”.

O CONSÓRCIO

O Consórcio Pesquisa Café é um arranjo estratégico criado em 1997 por importantes instituições de pesquisa e ensino, que se uniram em um programa de pesquisa cujo foco sempre foi o desenvolvimento de tecnologias para todas as fases da cadeia produtiva do café.

Ele executa o maior programa de pesquisa em cafeicultura do mundo, experiência única da ciência e da tecnologia em torno do agronegócio café brasileiro, que reúne esforços e recursos para o desenvolvimento e inovação do agronegócio café, tendo como base de seus projetos a sustentabilidade, a qualidade, a produtividade, a preservação ambiental e o incentivo a pequenos e grandes produtores.

De acordo com o pesquisador Sérgio Parreiras Pereira, do Instituto Agronômico (IAC), entidade que também integra o Consórcio Pesquisa Café, o Brasil é o maior produtor e fornecedor de cafés certificados do mundo.

“Ao longo dos últimos anos os cafeicultores brasileiros têm adequado suas propriedades às diferentes normas e códigos de conduta vigentes. A demanda por cafés sustentáveis é crescente e o Brasil deve estar atento à manutenção e ampliação dessa liderança no mercado internacional.”

“O Consórcio Pesquisa Café e suas consorciadas vêm, ao longo dos anos, contribuindo substancialmente de forma direta e indireta para a certificação dos cafés do Brasil. Parte da pesquisa gerada por entidades ligadas ao Consórcio e outras iniciativas (Instituto de Ciência e Tecnologia do Café – INCT Café; Polo de Excelência do Café e fundações de apoio à pesquisa) são prontamente aplicáveis no campo”, destaca.

O CAMPEÃO

De acordo com a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), a Fazenda Ouro Verde, do campeão do concurso internacional Cândido Vladimir Ladeia Rosa, virou a principal renda familiar ainda no final dos anos 90, quando pertencia ao sogro do atual dono das terras, com quem aprendeu os primeiros cuidados com o café. Localizada no município baiano de Piatã, na Chapada Diamantina, a propriedade fica a aproximadamente 1,3 mil metros de altitude e temperaturas médias que variam entre 2 e 17 graus.

O cuidado com o meio ambiente é uma preocupação constante do produtor. “Busco sempre orientações técnicas para o uso de defensivos e faço o sempre plantio de árvores no entorno da propriedade. Além de dar destino correto às embalagens de defensivos”, ressalta Cândido.

Ele cuida da produção cafeeira de qualidade, desde o preparo adequado da terra para o plantio das mudas até o beneficiamento e armazenagem dos grãos. O campeão ainda procura sempre investir em maquinários adequados “para que o resultado final seja sempre o melhor, seguindo as orientações de técnicos especializados”.

Por equipe SNA/RJ

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