Especialista defende pulverização aérea para combater Helicoverpa armigera

avião
Diretor do Centro Brasileiro de Bioaeronáutica (CBB), Marcos Vilela ressalta que, mesmo que 80% da pulverização nacional sejam terrestres, a utilização de aviões agrícolas ainda é mais eficiente

 

Enquanto os produtores rurais registram diariamente novos ataques da Helicoverpa armigera em diferentes lavouras do País – além do Mato Grosso e Bahia, agora Goiás e Minas Gerais entraram na lista das regiões declaradas em estado emergencial fitossanitária -, o doutor em Agronomia e diretor do Centro Brasileiro de Bioaeronáutica (CBB), em Sorocaba (SP), Marcos Vilela de Magalhães Monteiro, faz um alerta aos agricultores e informa que as melhores ações de controle da praga podem estar nos métodos de aplicação de defensivos agrícolas.

Conforme Marcos Vilela, a porção da neblina de maior eficiência biológica é a formada de gotas abaixo de 100 micrometros de diâmetro que é o diâmetro de um fio de cabelo humano. “Na literatura mundial, as neblinas que têm 50% do volume constituído dessas gotas são classificadas como muito finas e são as ideais para o controle da Helicoverpa. Nas aplicações em altos volumes e gotas grossas praticadas atualmente, a porcentagem de gotas muito finas é de 1% nas aplicações em ultra baixos volumes de gotas finas, a porcentagem de gotas muito finas é de 20%”, esclarece. No entanto, o professor avisa que esta forma de aplicação exige mais atenção dos pilotos agrícolas.

“Essas neblinas são as mais difíceis de produzir e de aplicar por sofrerem grande influência da evaporação e da deriva com ventos fortes. A utilização de bicos especiais e dos óleos vegetais ou de adjuvantes com características antievaporantes é indispensável para o bom resultado das aplicações feitas com essas neblinas”, diz. A técnica também é fundamental para o combate de insetos de grande importância econômica como Percevejos, Mosca Branca e Bicuda do algodoeiro.

O diretor do Centro Brasileiro de Bioaeronautica (CBB) ressalta que mesmo que 80% da pulverização nacional sejam terrestres, a utilização de aviões agrícolas ainda é mais eficiente. “Bem conduzidas tecnicamente, não há diferença entre as duas (pulverizações terrestres e aéreas) em condições meteorológicas normais, porém nas condições de alta pluviosidade do Brasil Central onde se concentra a nossa maior área cultivada, uma chuva pesada é capaz de parar por dias as aplicações terrestres enquanto as aéreas aproveitam os períodos de estiagem com grandes rendimentos operacionais.”

“No combate à Ferrugem Asiática da Soja, Helicoverpa armigera, Percevejos e Mosca Branca, as aplicações aéreas são a única alternativa para as grandes áreas cultivadas no Brasil nos períodos chuvosos e principalmente nas fases finais de desenvolvimento das culturas, quando as copas das plantas se encontram e os danos mecânicos provocados pelos tratores aumentam, principalmente na cultura do algodão”, sustenta. Contudo, por mais que os produtores procurem acelerar o processo de pulverização, o tempo ideal para utilização de defensivos requer paciência. Mesmo que os prejuízos sejam elevados nos primeiros dias da presença da lagarta, a aplicação de produtos fora de hora pode se tornar um agravante, frisa Marcos Vilela.

“É de grande importância à obediência do tempo adequado das aplicações (timing) que terão que obedecer aos monitoramentos que devem se tornar cada vez mais precisos e constantes. Os tecidos dos ponteiros se renovam rapidamente e não têm em sua superfície princípio ativo capaz de matar as larvas recém-eclodidas das posturas que tenham sido ali realizadas. As aplicações terão que ser portanto,  sequenciais na medida em que os monitoramentos indiquem a ocorrência dessas posturas. Em uma área cultivada de 30 milhões de hectares apenas em soja não será possível realizar 8, 10 ou 12 aplicações em um período de 60 dias, sem o concurso de uma Aviação Agrícola, tecnificada e sustentável”, explica.

Desde a explosão da Ferrugem da Soja em 2003, o Centro Brasileiro de Aeronáutica tem se dedicado a produzir tecnologias e equipamentos visando à produção de neblinas de maior eficiência biológica no controle de Pragas e Doenças. Entre as novidades está o KIT Medidor de Gotas Finas, que captura e mede gotas finíssimas informando se a neblina produzida pelo trator ou avião é adequada para o controle de Helicoverpa e outras lagartas.

“Para que os atomizadores convencionais possam aumentar a porcentagem de gotas finas e muito finas com os mesmos volumes de líquido, também lançamos no mercado o KIT- turboaero que permite o uso de volumes mais baixos e faixas maiores com melhores controles e maiores rendimentos operacionais obtidos com o uso do sistema BVO Extendido. Acreditamos que sem esses recursos de gotas finas, baixos volumes e altos rendimentos o tratamento fitossanitário da agricultura brasileira se tornará cada vez mais uma missão impossível”, destaca.

Fonte: Agrolink

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp