Embrapa recomenda o controle biológico da lagarta-do-cartucho em milho

Planta atacada pela lagarta-do-cartucho, S. frugiperda. Foto: H. Valicente

A lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda, é uma das principais pragas da cultura do milho e pode reduzir a produção do grão em entre 34% e 52%. Além disso, segundo a Embrapa, esse inseto pode atacar mais de 100 culturas, entre elas sorgo, soja, arroz, algodão, soja e pastagem.

A Embrapa considera o Manejo Integrado de Pragas (MIP) uma opção para o controle da lagarta com resultados favoráveis em termos econômicos, ecológicos e sociológicos.

“Uma das bases do MIP é o monitoramento de insetos que ocorrem na cultura, definindo o que é praga primária e secundária, e o que é inimigo natural, o que é fundamental para a tomada de decisão do que aplicar e quando aplicar”, afirma o pesquisador Fernando Hercos Valicente, da Embrapa Milho e Sorgo.  Ele acrescenta que o monitoramento pode ser feito para todos os insetos, desde os que atacam na fase inicial até a espiga. Outra estratégia é o tratamento de sementes visando o controle de pragas, principalmente nas áreas que apresentam um histórico de ataques.

Fernando Valicente, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo. Foto: divulgação

De acordo com Valicente, atualmente recomenda-se, além da rotação de culturas, a “rotação de genes”, para tentar mitigar o aparecimento de resistência a campo.  O que se observa é um ataque indiscriminado da lagarta-do-cartucho na cultura do milho, em diversas regiões do país.

Outro fator é a seletividade de inseticidas químicos. “Antigamente eram usados químicos com amplo espectro de ação, o que ocasionou danos como a morte indiscriminada de inimigos naturais e o surgimento de insetos resistentes. Hoje, a orientação é para o uso de inseticidas fisiológicos que atuam somente sobre a fisiologia do inseto, bem como aplicação com jato dirigido para o cartucho da planta, no caso da lagarta-do-cartucho do milho”, explica.

Uma das alternativas é o controle biológico da lagarta-do-cartucho, realizado através do uso de bioinseticidas à base de Baculovirus e Bacillus thuringiensis, agentes produzidos no Brasil em biofábricas. “O baculovírus, inseticida biológico em pó desenvolvido pela Embrapa, atua especificamente contra a praga, sem eliminar outros insetos que existam na lavoura, além de reduzir custos na lavoura, o que torna uma alternativa mais segura ao uso de inseticidas químicos, que apresentam alta toxicidade”, observa.

Valicente acrescenta que a Embrapa Milho e Sorgo desenvolveu o produto Baculovírus a partir de um vírus específico que existe na natureza e que age sobre a lagarta, podendo ser usado com segurança por qualquer agricultor. Ele explica que o baculovírus compõe o grupo mais comum e mais estudado dentre os vírus patogênicos a insetos.

A produção em larga escala do B. spodoptera é realizada em laboratório utilizando-se lagartas sadias criadas artificialmente como hospedeiras. Há uma biofábrica em Uberaba, MG, a Vitae Biotecnologia, do grupo Vitae, cuja produção começou em 2013 e está na fase de escala piloto. “O Baculovirus é recomendado para ser usado em áreas de refúgio de milho Bt, quando nestas áreas se fizer necessário o uso do MIP”, orienta Valicente.

Já o Bacillus thuringiensis, explica o pesquisador, é uma bactéria Gram positiva, cosmopolita, que ocorre naturalmente em vários habitats incluindo solo, resíduos de grãos, poeira, água, matéria vegetal e insetos. Pode ser cultivado usando meios alternativos ou subprodutos de indústria e da agricultura. “Várias fontes de carbono a preços reduzidos podem ser usadas, tais como glucose de milho, melaço de cana, melaço de beterraba e amido de alguns cereais e, como fonte de nitrogênio, farinha de soja, extrato de soja, levedura e água de maceração de milho”, diz. Valicente informa que atualmente a produção comercial de biopesticida à base de Bt em escala comercial é feita pela empresa Sementes Farroupilha, de Patos de Minas, MG. “O foi desenvolvido em conjunto com a Embrapa Milho e Sorgo e está disponível ao produtor na formulação líquida e grânulo”, finaliza.

 

Por Equipe SNA/SP 

 

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