Embrapa apresenta novas cultivares de uva de mesa

João Dimas Garcia Maia, coordenador do Programa de Melhoramento Genético da Videira da Embrapa: “As novas cultivares são uma opção para a agricultura familiar.”
João Dimas Garcia Maia, coordenador do Programa de Melhoramento Genético da Videira da Embrapa: ‘As novas cultivares são uma opção para a agricultura familiar’. Foto: João Dimas Garcia Maia

O Programa de Melhoramento Genético da Videira da Embrapa Uva e Vinho acaba de colocar três novas variedades à disposição dos viticultores que trabalham com uvas de mesa: a BRS Vitória, a BRS Isis e a BRS Núbia. Segundo Patricia Ritschel e João Dimas Garcia Maia, coordenadores do Programa de Melhoramento Genético da Videira da Embrapa, a BRS Núbia (preta, com sementes), é menos exigente em mão de obra do que as cultivares do grupo Itália, enquanto a BRS Vitória (preta) e a BRS Isis (vermelha), ambas sem sementes, são tolerantes ao míldio, principal doença da videira no Brasil.

“A resistência ao míldio pode reduzir o número de aplicações de fungicidas no cultivo de uvas finas de mesa, o que vai ao encontro da sustentabilidade, uma prioridade do Programa”, informa Patricia. “O cultivo das novas variedades representa um grande avanço para a viticultura brasileira, pois vai permitir uma redução nos custos de produção, com menos danos para a saúde do trabalhador e para o meio ambiente”, acrescenta Maia.

Cultivar precoce, a BRS Vitória tem de alta produtividade (25t e 30 t/ha), apresenta teor de açúcar acima de 19º Brix.
Cultivar precoce, a BRS Vitória tem de alta produtividade (25t e 30 t/ha), apresenta teor de açúcar acima de 19º Brix. Foto: João Dimas Garcia Maia

A BRS Núbia, com sabor aframboesado, foi testada em regiões de São Paulo, Paraná, Minas Gerais e no Vale do Submédio do São Francisco. “De ciclo precoce e elevada produtividade, na faixa de 25t e 30 t/ha, apresenta teor de açúcar acima de 19º Brix. Podendo alcançar 23º Brix, em regiões tropicais”, descreve Maia.

Já a BRS Isis apresenta alta fertilidade de gemas, aderência das bagas ao engaço e tamanho natural de bagas, textura firme e sabor neutro, além de se adaptar bem às condições de clima tropical do Brasil.

A BRS Núbia se adapta bem às condições de clima subtropical e tropical do Brasil. “Necessidade de menor mão de obra no cultivo, uniformidade de cor, grande tamanho de baga (média de 24 mm x 34 mm), sem a utilização de reguladores de crescimento, como as giberelinas, e boa aptidão para conservação pós-colheita são alguns dos principais atributos da cultivar”, detalha Patrícia. “Por essas caraterísticas, as novas cultivares são uma opção para a agricultura familiar”, completa Maia.

A BRS Núbia é menos exigente em mão de obra que as cultivares do grupo Itália
A BRS Núbia é menos exigente em mão de obra que as cultivares do grupo Itália. Foto: João Dimas Garcia Maia

As novas cultivares foram apresentadas a produtores, técnicos e professores de agronomia do norte de Minas Gerais durante Dia de Campo realizado na Fazenda Alpa, no distrito de Moçambinho, em Jaíba, dia 14 de setembro.

De acordo com Maia, a BRS Vitória (de mesa e sem sementes) está sendo vendida a R$ 6,20 o quilo. Já a BRS Núbia (preta e com sementes) está sendo comercializada a R$ 5 o quilo, livre dos custos de embalagem (caixa, bandeja, filme de PVC, selo e transporte até São Paulo). “Estes preços são bem superiores aos da Niágara Rosada, que hoje está sendo vendida a R$ 4,30 o quilo, livre dos custos de comercialização”, compara o pesquisador.

A Alpa, parceira da Embrapa, embala a produção em bandejas de isopor, cobertas com filme transparente, e acondiciona-as em caixas abertas de papelão. “Depois, as caixas seguem em caminhões refrigerados até São Paulo, garantindo a conservação das uvas”, afirma Maia.

A BRS Núbia é menos exigente em mão de obra que as cultivares do grupo Itália. Foto: João Dimas Garcia Maia
A BRS Núbia é menos exigente em mão de obra que as cultivares do grupo Itália. Foto: João Dimas Garcia Maia

MERCADO BRASILEIRO

De acordo com o IBGE, no ano passado, o Brasil produziu 1.412.854 t de uvas, ante 1.461.056 t no ano anterior, uma redução de 2,95%. No período, a área cultivada com videiras também apresentou queda, de 82.689 ha para 81.607ha, em decorrência de problemas climáticos e ambientais, pelo próprio ciclo da videira, e pela reconversão de vinhedos em algumas regiões, segundo Loiva Maria Ribeiro de Mello, pesquisadora da área de socioeconomia da Embrapa Uva e Vinho.

Com base nos dados do IBGE, Loiva calcula que 48,11 % da produção de 2013 (679.793 t) foram destinadas à produção de vinho, suco e derivados) e 51,89% ao consumo in natura. O Rio Grande do Sul é responsável por 90% da comercialização nacional de vinhos e suco de uvas e derivados. No ano passado, o Estado produziu 808.267 t de uvas, mas abaixo das 840.251 t obtidas na safra anterior.

O Paraná registrou aumento de 12% na produção, em 2013, mas ainda abaixo de 2011, enquanto Pernambuco e Minas Gerais cresceram 1,77% e 25,99%, respectivamente, na mesma comparação. Os demais Estados apresentaram queda. “O aumento na produção de uvas em Minas Gerais representa o esforço da pesquisa, desenvolvimento e extensão que culminaram no surgimento de um novo polo de produção de Niágara para consumo in natura na região de São Gonçalo de Sapucaí, além de outro polo produtor de uvas Vitisvinifera de elevada concentração de açúcar, no sul do Estado, na região cafeeira, onde são realizadas duas podas, com inversão do ciclo da videira, com a colheita no inverno, quando a precipitação é baixa”, explica Loiva.

Por equipe SNA/SP

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