Edição 706 d’A Lavoura divulga IG do capim dourado, ‘o ouro do Jalapão’

Numa região árida, no leste do Tocantins, entre rios e riachos, brotam flores com finas hastes douradas que reluzem ao sol: é o capim dourado. Ele só nasce ali nas veredas do Jalapão e, a partir das mãos talentosas de artesãos da região, dão origem às joias e acessórios que fazem sucesso em todo o mundo.

As técnicas de manuseio do capim dourado, no Jalapão, foram aprendidas no início dos anos 1930, como herança das comunidades quilombolas que ali viviam. Mas o produto só foi ganhar popularidade e reconhecimento em todo território nacional no fim dos anos noventa.

O manejo do capim dourado para produção de artesanato tem mobilizado de forma crescente as populações tradicionais da região. Desde o ano 2000, diversas associações se organizaram, congregando cerca de 800 pessoas que têm uma importante fonte de renda por meio da produção e venda de bolsas, caixas, mandalas, suplás e bijuterias fabricadas com as hastes do capim dourado costuradas com “seda” de Buriti, feita a partir da fibra das folhas dessa palmeira típica da região.

SUSTENTABILIDADE

As comunidades, preocupadas com a sustentabilidade da atividade, buscaram apoio de organizações, como o Ibama, para a realização de pesquisas que verificassem o impacto do extrativismo do capim. Essa parceria produziu informações relevantes que foram agregadas na Portaria 362/2007, que determina o período e a maneira que deve ser feito o manejo do capim dourado e do buriti para que a atividade seja sustentável.

Além disso, ao longo dos anos, as associações têm aprimorado as técnicas produtivas e buscado mecanismos que atestem a origem e a qualidade das peças que produzem, visando à maior inserção e valorização de seus produtos no mercado.

 

MANEJO

A retirada do capim dourado é feita nos campos úmidos, caracterizado por uma vegetação rasteira sem árvores ou arbustos, próximos aos cursos de água. Em geral, o capim é uma planta com tempo de vida entre cinco e dez anos. No período de abril a maio, as hastes começam a crescer, mas, é só em setembro, com as hastes já secas e as sementes maduras, que se realiza a colheita.

Assim como em toda vegetação do Cerrado, o capim dourado precisa de fogo para germinar. É o fogo que quebra a dormência da semente e faz com que ela se prolifere pelo campo.

ARTESANATO

A costura do capim é um processo que exige muito cuidado, pois a peça de capim pode quebrar e inutilizar todo aquele filete. Os materiais utilizados para confecção das peças de artesanato são extremamente simples: capim dourado, a seda do buriti, e uma agulha.

Os artesãos da região definem dois tipos de capim: o “douradão”, com hastes mais grossas para peças grandes; e o “douradinho”, com filetes mais flexíveis e delicados, para peças pequenas.

A maioria desses artesãos trabalha em casa e esses trabalhos manuais são formas de incentivar a ocupação e possibilitar maiores oportunidades de renda para os moradores locais. Além disso, esses produtores vêm aperfeiçoando suas técnicas no decorrer dos anos, com apoio de diversas entidades, em cursos de produção e design.

INDICAÇÃO DE PROCEDÊNCIA

A Indicação de Procedência (IP) da Região do Jalapão do Estado de Tocantins existe desde 2011. Além de garantir o uso do nome do Jalapão às comunidades locais, qualifica a produção, agrega valor ao produto final e incentiva ainda mais o turismo aliado ao artesanato dessa belíssima localidade.

É importante saber que a Indicação Geográfica (IG) é usada para identificar a origem de produtos ou serviços quando o local tenha se tornado conhecido ou quando determinada característica ou qualidade do produto ou serviço se deve a sua origem. No Brasil, ela tem duas modalidades: Denominação de Origem (DO) e Indicação de Procedência (IP).

Leia gratuitamente mais reportagens da edição nº 706/2015 da Revista A Lavoura e outras disponíveis em www.sna.agr.br/publicacoes/a-lavoura. Acesse também o site www.indicacaogeografica.com.br.

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Fonte: Revista A Lavoura – Edição nº 706/2015

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