Dólar fecha em alta acompanhando o exterior e após governo desistir de Previdência

O dólar comercial fechou em alta de 0,63%, cotado a R$ 3,2546 para compra e a R$ 3,2555 para venda, com máxima a R$ 3,2577 e mínima a R$ 3,2397, acompanhando a trajetória da moeda no exterior, um dia depois de o governo haver jogado a toalha sobre a reforma da Previdência, considerada essencial para colocar as contas públicas em ordem.

O mercado já esperava o enterro da reforma, disse o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva, ao citar as cotações “comportadas” e a sintonia com o cenário externo.

Na véspera, o governo formalizou que não votará a reforma da Previdência agora, como era previsto, sob a justificativa do decreto de intervenção federal no Rio de Janeiro. Como paliativo, anunciou um conjunto de medidas econômicas, boa parte já em tramitação no Congresso, numa tentativa de reafirmar o compromisso com o equilíbrio fiscal.

O pacote é inócuo. O governo tenta jogar alguma migalha para o mercado com as medidas, que igualmente (à Previdência) terão que ser aprovadas pelo Congresso, acrescentou Gomes da Silva, ao lembrar da falta de apoio agora para passar a Previdência.

Entre as medidas, estão a privatização da Eletrobras e a autonomia do Banco Central.

O governo não criou uma pauta nova. Só anunciou novamente. Não faz preço, disse o gerente da mesa de câmbio do banco Ourinvest, Bruno Foresti, acrescentando que aumentam as expectativas de possível novo rebaixamento da nota do Brasil por agências de rating.

A tendência de alta da divisa norte-americana acompanhou o mercado internacional, onde o Dollar Index deu continuidade à recuperação da mínima de três anos, tendo subido 1,5% desde sexta-feira diante da percepção de que deveria registrar uma correção após as fortes vendas nas últimas semanas.

No mercado internacional, por volta das 17h30 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em alta de 0,61%, cotado aos 89,62 pontos, enquanto o euro estava em baixa de 0,56%, cotado a US$ 1,2337.

O Banco Central brasileiro vendeu integralmente a oferta de 9.500 contratos de swap cambial tradicional para rolagem do lote que vence em março. Com a venda de hoje, o BC já rolou US$ 3.8 bilhões do total de US$ 6.154 bilhões que vencem no mês que vem.

Mantido esse volume diário até o final do mês e vendendo os lotes todos, rolará integralmente os swaps que vencem agora.

 Juros futuros caem mesmo sem PEC da reforma da Previdência

A decisão do governo de retirar a reforma da Previdência da sua lista de prioridades não foi suficiente para abalar o mercado futuro de taxas de juros. Mesmo os vencimentos longos, que refletem a percepção sobre fatores mais estruturais, fecharam em baixa numa sessão relativamente tranquila.

Na visão do mercado, a votação da reforma da Previdência já era encarada com bastante ceticismo e, portanto, sua suspensão apenas confirmou um cenário que já era considerado provável. Isso por causa das dificuldades do governo em angariar apoio parlamentar e, principalmente, da proximidade da disputa eleitoral.

O governo admite agora que a votação deve ficar para uma próxima administração, após a eleição de 2018. Para compensar a frustração, o governo anunciou um pacote de 15 iniciativas que tentará fazer andar no Congresso nos próximos meses. Embora não substituam a reforma da Previdência, a leitura é de que, se aprovadas, ainda serão importantes para o funcionamento da economia.

Em reação a esse quadro, a taxa projetada pelo DI janeiro/2025 caiu para 9,890% no fim da sessão regular, 0,03% abaixo do pregão de segunda-feira, num dos menores patamares do mês de fevereiro. A taxa do contrato de janeiro/2019 recuou para 6,575% no fim da sessão regular, contra 6,590% no ajuste anterior. O DI janeiro/2020 baixou de 7,670% para 7,630% e o juro projetado para janeiro/2023 cedeu para 9,480% (9,510% no ajuste anterior).

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