Diretor da SNA avalia abertura da China ao mercado de lácteos do Brasil

“Sem dúvida, o mercado da China, assim como o da Rússia e dos países africanos, é o mais promissor para o comércio internacional de lácteos. A abertura concreta do diálogo com estas nações é uma notícia que poderá mudar, para melhor, o quadro da cadeia produtiva do leite no Brasil”, comenta o diretor da SNA Alberto Figueiredo. Foto: Raul Moreira/Arquivo SNA
‘Sem dúvida, o mercado da China, assim como o da Rússia e dos países africanos, é o mais promissor para o comércio internacional de lácteos. A abertura concreta do diálogo com estas nações é uma notícia que poderá mudar, para melhor, o quadro da cadeia produtiva do leite no Brasil”, comenta o diretor da SNA Alberto Figueiredo. Foto: Raul Moreira/Arquivo SNA

A China abrirá, pela primeira vez, seu mercado aos produtos lácteos do Brasil, segundo anúncio feito pela ministra Kátia Abreu, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), no último dia 9 de setembro. Com isso, o incremento anual nas exportações deve girar em torno de US$ 45 milhões.

“Depois de propormos uma remodelagem do nosso certificado sanitário internacional e fazermos algumas alterações, tivemos essa ótima notícia por parte da China”, comemorou a ministra, durante entrevista coletiva à imprensa, em Brasília (DF).

Na opinião do diretor da Sociedade Nacional de Agricultura Alberto Figueiredo, a novidade veio em boa hora, após quase 20 anos de diálogo entre o setor leiteiro do Brasil e o do país asiático.

“Sem dúvida, o mercado da China, assim como o da Rússia e dos países africanos, é o mais promissor para o comércio internacional de lácteos. A abertura concreta do diálogo com estas nações é uma notícia que poderá mudar, para melhor, o quadro da cadeia produtiva do leite no Brasil”, comenta.

Mesmo diante do cenário positivo, Figueiredo alerta para “a necessidade de todos os envolvidos fazerem alguns deveres de casa”.

“Unirem-se, por exemplo, o que, por si só, é uma tarefa dificílima, já que há um conceito muito arraigado entre os membros desta cadeia de que os ‘dirigentes não cumprem em pé os acordos que fazem sentados’.”

Para o diretor da SNA, a desunião entre indústrias envolvidas no processo de exportação e, principalmente, a competição entre elas podem ser um empecilho e “certamente provocará um enfraquecimento do setor como um todo, levando ao risco do não cumprimento de alguns contratos feitos”.

“Talvez o primeiro passo seja a definição de uma entidade que possa representar os interesses de todos os exportadores, inclusive com planejamento de estoques, embalagens, burocracia, entre outros”, sugere.

QUALIDADE

Figueiredo destaca também a necessidade de a cadeira de lácteos do País ter mais compromisso com a qualidade de seus produtos.

“Essa nos parece ser a maior barreira às exportações. Tanto as indústrias como os produtores e, por que não dizer o próprio governo, têm feito corpo mole em relação aos padrões de qualidade exigidos, não só para o mercado interno como, principalmente, para exportação”, ressalta.

“Existe a necessidade de maior comprometimento entre indústrias e produtores, e vice-versa. As relações, que hoje são entre compradores e vendedores, precisam mudar para a parceria.”

COOPERATIVISMO

Dentro da cadeia leiteira nacional, Figueiredo salienta a importância do cooperativismo entre produtores do segmento.

“Por ser uma modalidade de união de interesses entre todos os envolvidos, liderada pela OCB (Organização das Cooperativas do Brasil), deveria existir um processo de integração entre as cooperativas existentes.”

O objetivo específico desta junção de forças, acrescenta o diretor da SNA, deve ser a exportação, “aproveitando adequadamente a estrutura industrial existente entre elas (cooperativas) para facilitar o processo exportador, com resultados diretos para os maiores interessados, que são os produtores”.

Figueiredo ainda é taxativo ao dizer que “sem um mínimo de organização interna e de profissionalismo, corremos o risco de estar diante da maior oportunidade para a cadeia produtiva do leite e a perdermos por falta de cumprimento adequado das cláusulas contratuais”.

COMERCIALIZAÇÃO

O diretor da SNA lembra também que o Brasil é, tradicionalmente, importador de lácteos.

“Virar essa mesa não é uma tarefa fácil. Tudo se resume nos valores de comercialização. Se estiver mais barato para a indústria adquirir o produto por importação do que do produtor brasileiro, isto será feito.”

“Se o que estão pagando ao produtor daqui, acrescido dos custos de beneficiamento, transportes, financiamentos e contatos, entre outros, resultar em custo superior ao do mercado internacional, não haverá como viabilizar os negócios. Daí a necessidade de união e organização”, afirma o diretor da SNA.

Por equipe SNA/RJ

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