Cultivo de soja convencional agrega mais valor à produção

Entre os benefícios da soja livre estão a manutenção da biodiversidade e alto valor de conservação, melhoria no solo e qualidade da água, além de menores impactos sobre a saúde e o meio ambiente

O Brasil poderia apostar mais no plantio de soja convencional (também conhecida como soja livre ou non-GMO), para atender ao nicho de exportação de produtos não transgênicos, que são mais valorizados. Para se ter uma ideia do potencial desse mercado, a Europa tem uma demanda anual de 2,7 milhões de toneladas e a China, de 5 milhões de toneladas.

Apesar do interesse mundial, poucos produtores brasileiros se dedicam a esse tipo de cultivo. Na safra 2016/2017, o País produziu 5 milhões de toneladas de soja convencional em 2,2 milhões de hectares, segundo o Instituto Soja Livre, criado em 24 de julho do ano passado pela Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja) e a Embrapa.  No mesmo ciclo, o Brasil colheu 114,1 milhões de toneladas de soja GMO em 33,9 milhões de hectares.

Entre os Estados, o destaque na produção de soja livre foi o Mato Grosso, com 1,2 milhão de toneladas, o equivalente a 13% do total, de acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Segundo o órgão, os desafios para se manter nesse mercado justificam o baixo interesse pelo cultivo de soja convencional. Um deles é a obrigatoriedade de isolamento da cultura, para que ela não se misture com a soja transgênica durante o cultivo e o transporte para os portos. O outro é a baixa disponibilidade de sementes melhoradas da variedade non-GMO.

CERTIFICAÇÃO

Segundo Cid Sanches, consultor externo Associação Internacional de Soja Responsável, as principais vantagens da certificação, em termos econômicos, são as oportunidades de acesso a mercados internacionais e aos programas de financiamento, a possibilidade de recebimento de bonificação. Foto: divulgação

No ano passado, a Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS) certificou cerca de 4 milhões de toneladas de soja em todo o mundo, um aumento de 900 mil toneladas em relação a 2016. No Brasil, o crescimento foi de 40%, de 2,2 milhões de toneladas para 3,1 milhões toneladas. No período, a área certificada pela entidade aumentou 30%, passando de 690 mil hectares para mais de 900 mil hectares.

Segundo Cid Sanches, consultor externo da entidade no Brasil, esses valores se encaixam na tendência de crescimento anual da oferta. “O volume de soja produzido atualmente de acordo com os padrões mais rigorosos, transparentes e holísticos em certificação ambiental e social aumentou, sem que a produção causasse qualquer desmatamento”, comenta. “Em quatro anos, o volume anual de soja certificada pela RTRS mais que triplicou.”

De acordo com Sanches, a certificação RTRS garante que a soja seja proveniente de uma produção responsável, com menor impacto social e ambiental, além de melhorar a situação econômica dos produtores.

Sanches afirma que, ambientalmente, os benefícios da soja livre são a manutenção da biodiversidade e o alto valor de conservação, melhoria no solo e qualidade da água, redução da poluição e a menor produção de resíduos e os menores impactos sobre a saúde e o meio ambiente, por meio de aplicação sistemática e reconhecida de técnicas de manejo integrado de cultivos.

“Por sua vez, as principais vantagens, em termos econômicos, para os produtores, são as oportunidades de acesso aos mercados internacionais e aos programas de financiamento, a redução dos custos, devido ao maior controle sobre os insumos, e a possibilidade de recebimento de bônus decorrente da venda de material certificado”, explica.

O prêmio médio para ao produtor, por saca, é de 40% comparado em relação à soja transgênica, de acordo com o Instituto Soja Livre, entidade criada com objetivo de incentivar o desenvolvimento do mercado de Soja Convencional (chamado Soja Livre), com maior rentabilidade e segurança.

Por Equipe SNA/SP

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