Cultivo de hortaliças hidropônicas pode ser mais rentável

Quantia empregada para cultivar pelo sistema pode variar de 20 a 120 reais o metro quadrado. Foto: Divulgação
Quantia empregada para cultivar pelo sistema pode variar de 20 a 120 reais o metro quadrado. Foto: Divulgação

A produção de hortaliças hidropônicas no Brasil, sem o uso do solo, pode ser bem mais rentável ao agricultor, levando em conta o resultado final: produtos de melhor qualidade e alto valor agregado. A quantia empregada para cultivar pelo sistema de hidroponia pode variar de 20 a 120 reais o metro quadrado, conforme cálculos do especialista na área Cleiton Brasílio, do município de Bragança Paulista (SP).

De acordo com ele, a única desvantagem é o investimento inicial, mas pondera garantindo que o retorno financeiro não é demorado. A estufa, por exemplo, pode ser paga em até dois anos, assegura.

“Como ela (a hortaliça) está na bancada em um nível mais alto, não tem contato com pessoas, nem com animais e, na hora de colher, não precisa lavar em outra água. Você já pode colher e embalar direto”, comentou Brasílio.

Segundo o especialista, hortaliças folhosas — como alface, rúcula e cheiro verde — se adaptam facilmente ao método: em uma área de mil metros quadrados, é possível cultivar 12 mil plantas. Ressalta ainda que a mão de obra também é menor, se for comparada ao sistema tradicional (de cultivo no solo). “Uma pessoa consegue cuidar de 10 mil plantas. O risco de pragas também é muito menor neste ambiente controlado”.

 

A TÉCNICA

De origem grega (hydro = água e ponos = trabalho), o termo hidroponia representa uma técnica pela qual o solo é substituído por solução nutritiva, contendo todos os nutrientes essenciais para desenvolvimento das plantas. O agrônomo Francisco Herbeth dos Santos, da área de Transferência de Tecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Hortaliças, destaca que o resultado é uma planta mais forte e sadia, com qualidade nutricional, independentemente do sistema utilizado.

“Entre os sistemas de cultivo hidropônico, a diferenciação está na forma de sustentação da planta (meio líquido
ou substrato), no reaproveitamento da solução nutritiva (circulantes ou não circulantes), e no fornecimento da solução nutritiva (contínua ou intermitente)”, aponta o agrônomo.

Segundo a Embrapa Hortaliças, usado especialmente no cultivo de alface e tomate, seguido de pimentão, pepino, melão, morango, plantas ornamentais, medicinais e aromáticas, o processo de hidroponia apresenta diversas vantagens em relação às formas de cultivos tradicionais, como o crescimento mais rápido, maior produtividade, aumento da proteção da planta contra o ataque de pragas e doenças, possibilidade de plantio fora de época, rápido retorno econômico e menores riscos diante das diversidades climáticas.

 

DIFICULDADES

Assim como destaca o especialista Cleiton Brasílio, a Embrapa também salienta que as possíveis dificuldades para a adoção da tecnologia são, de fato, os custos iniciais do processo, devido à necessidade de construção de estufas, de sistemas hidráulicos e elétricos, bancadas e mesas.

Segundo o pesquisador Francisco Herbeth dos Santos, os equipamentos usados no cultivo hidropônico devem ser mais precisos que os do convencional, refletindo nos custos da aquisição, instalação e manutenção. “Além disto, o agricultor deve ficar atento à escolha das espécies mais adequadas ao sistema e à aplicação correta de fertilizantes para a obtenção de melhores resultados”, recomenda.

 

COMO MONTAR 

Um bom planejamento é essencial para a instalação de qualquer projeto no campo e na hidroponia não é diferente, destaca o Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que oferece um plano de negócios para quem deseja montar, em sua propriedade, um sistema de cultivo hidropônico.

De acordo com a instituição, um bom projeto inclui a estimativa dos recursos financeiros necessários, os meios de financiá-los e expandi-los ao longo do tempo. Daí a necessidade do planejamento para implantação do projeto de hidroponia, até para que o agricultor tenha a segurança de que ele é economicamente viável.

 

VEJA 

  • Procurar o aperfeiçoamento constante, aprofundando os conhecimentos técnicos e de fisiologia vegetal. Saiba que uma planta doente pode contaminar toda a produção;
  • Desenvolver mercados e trabalhar para mantê-los satisfeitos. O domínio de técnicas de negociações com distribuidores de hortifrutigranjeiros também é importante;
  • Manter estratégias próprias para escoar a produção e evitar encalhe e perdas. O produtor deve estar sempre alerta, porque os produtos que cultiva, como as hortaliças, são altamente perecíveis;
  • Manter planos de contingência para os casos de falta de energia elétrica;
  • Desenvolver métodos próprios para evitar perdas de produtos na entrega;
  • A presença do proprietário em tempo integral é fundamental para o sucesso do empreendimento;
  • Evite desperdícios no processo produtivo;
  • O empreendedor deve estar sintonizado com a evolução do setor, pois esse é um negócio que requer inovação e adaptação constantes, em face das novas tecnologias que surgem frequentemente.

Para mais informações, acesse o site do Sebrae pelo link.

 

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Fonte: Revista A Lavoura – Edição nº 712/2016

 

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