Correio Braziliense: Produtividade do maracujá no Distrito Federal supera a média nacional

O Brasil é o maior produtor de maracujá do mundo, com 1 milhão de toneladas por ano. Os estados da Bahia, de Santa Catarina e do Ceará, segundo o vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, Hélio Sirimarco, respondem por 67% da produção nacional. E o Distrito Federal, apesar de não ter a maior plantação do país, se destaca pela produtividade. Enquanto a média nacional é de 14 toneladas por hectare, no DF atinge 35 toneladas. Segundo o gerente do escritório de Pipiripau da Emater-DF, Geraldo Magela Gontijo, a cultura da fruta é muito importante para a região, já que gera emprego para muitas pessoas, a maioria de agricultores familiares. “Como a flor do maracujá só abre uma vez na vida, exige polinização manual, por isso, muita mão de obra”, conta.

Atualmente, a produção realizada por 126 produtores do DF abastece apenas 20% do consumo local. “O objetivo desses agricultores é que haja um aumento da área plantada e da produtividade para que a produção supra o mercado local”, almeja Gontijo. Um estudo sobre a genética da fruta, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), tem ajudado os agricultores locais a ter mais eficiência. “A Embrapa lançou nos últimos anos três híbridos e uma variedade de maracujá com alto potencial produtivo. Isso, aliado à irrigação localizada e ao adensamento da plantação, contribuiu para o desempenho da região”, afirma o gerente da Emater-DF.

O agricultor José Heberle, 54 anos, sempre morou no campo e, apesar de trabalhar em uma plantação de café, na terra ao lado da sua no Pipiripau, em Planaltina, o sustento da família vem praticamente todo dos 14 hectares em que cultiva maracujá. “Em 1995, mais ou menos, começamos a plantar a fruta e não paramos mais”, diz. Foi assim que ele aprendeu as peculiaridades do cultivo, inclusive a polinização manual do maracujá.

Depois de tantos anos dedicado à fruta, Heberle pretende entrar em uma nova fase, com produção maior e algumas perguntas a serem respondidas, do tipo: como fazer a cultura render mais. “Antigamente, vendia a fruta para terceiros e para a produção e comercialização de polpas, agora, com o crescimento da plantação, ele planeja “entregar um pouco da fruta a cooperativas e procurar novos compradores”, explica.

A ligação da agricultora familiar Dorvalina Teresa Soares, 58, com o maracujá é mais recente. Em 2014, recebeu mudas da fruta e começou o cultivo em sua propriedade de sete hectares. “A gente plantou e gostou tanto, que adquirimos mais e plantamos mais”, explica. “Hoje, temos cerca de 200 mudas no campo”, completa.

A agricultora se dedica ao cultivo do maracujá tipo doce que, segundo ela, faz sucesso no mercado. “Ele é docinho, bem pequeno, mas é muito cheio. Dá para fazer polpas e vender bastante.” Dorvalina explica que esse tipo é muito bom para ser consumido diretamente, para fazer suco, “mousse”, e outros alimentos. A escolha da fruta doce foi feita por recomendação da Emater-DF. “A gente viu que era mais fácil, que dava pra cultivar sem ter que polinizar manualmente, que era mais resistente a pragas e sobrevivia com pouca água”, explica. Embora hoje o maracujá seja bastante importante para Dorvalina, sua vida no campo começou com o plantio de hortaliças. “Também trabalho com orgânicos”, acrescenta.

Há 10 anos, a agricultora Maria dos Anjos Silva, 51, cultiva a fruta. “Eu via os outros mexendo com maracujá. Via que era um trabalho cansativo, mas que eu admirava”, explica. Apesar de não tirar da cultura a sua renda principal, a lida na terra faz bem para a saúde e dá grande prazer a ela. O destino das frutas colhidas por Maria é a produção de polpas. “Vendo a maior parte, mas sempre deixo uma quantidade para o consumo da família”, conta. Ela trabalha sozinha, e por isso planta apenas meio hectare da fruta. “Eu acordo cedo, capino, podo, polinizo, lavo, seco, corto”, completa.

Importância social

Produção de mão de obra extensiva emprega muita gente e gera renda principalmente para agricultores familiares

  • Cada hectare de maracujá gera de três a quatro empregos diretos e ocupa de sete a oito pessoas;
  • Gera aproximadamente 500 mil empregos no Brasil;
  • O ciclo semiperene da fruta permite ocupação da mão de obra por um tempo maior;
  • Com 1 hectare (o equivalente a um campo de futebol) é possível, muita vezes, produzir o suficiente para manter uma família no campo;
  • O maracujá viabiliza economicamente a produção em pequenas áreas;
  • O serviço pode ser executado por homem, mulher e jovem aprendiz;
  • Possibilita fonte de renda mensal;
  • Pode ser comercializado de forma diversa (polpas, sucos, sementes, casca, folhas, flores e ramos);
  • Possibilita armazenamento em época de baixo preço.

Uso múltiplo

Tudo na fruta é aproveitável

  • Folhas — boa para o preparo de chás e confecção de cosméticos;
  • Casca — usada para confecção de geleias e doces;
  • Farinha da casca — suplemento alimentar, rico em fibras, enriquece a alimentação e auxilia na prevenção de doenças;
  • Flores — uso como ornamento e na confecção de aromas;

Tipos

No Brasil, três espécies da fruta têm importância econômica: o maracujá-amarelo, o maracujá-roxo e o maracujá-doce, todas nativas do país. Enquanto o amarelo e o roxo são mais usados pela indústria, para sucos, doces e outros produtos, o doce é o mais consumido em casa, como fruta fresca.

 

Fonte: Correio Braziliense

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