Cooperativismo é importante para a defesa do produtor rural, diz Roberto Rodrigues

A cooperativa, segundo o ex-ministro da Agricultura, é a única alternativa de renda para os pequenos produtores FOTO - Divulgação/SNA
A cooperativa, segundo o ex-ministro da Agricultura, é a única alternativa de renda para os pequenos produtores. Foto: Divulgação SNA

Em tempos de crise, o cooperativismo é o grande aliado do produtor rural. A afirmação é do ex-ministro Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócio da FGV e membro da Academia Nacional de Agricultura, da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).

Ao citar estudos realizados pela Aliança Cooperativa Internacional (ACI), ele observa que, nas grandes crises, as cooperativas se mostram muito mais fortes que as empresas convencionais, inclusive no sistema financeiro.

“Em todas as recentes convulsões econômicas mundiais, os bancos cooperativos resistiram muito mais que os privados e os estatais. Nenhum banco cooperativo quebrou no mundo desde a crise dos anos 80, e dezenas de bancos desapareceram.”

Em relação à crise econômica brasileira, o ex-ministro da Agricultura considera que o cooperativismo tem papel relevante. “É uma atividade que distribui renda e riquezas e reequilibra as contas dos cooperados, permitindo que superem as dificuldades com maior grau de segurança que seus colegas não associados a cooperativas.”

EFICIÊNCIA

No entanto, para que sejam eficientes, as cooperativas do agro, na opinião do ex-ministro da Agricultura, devem ser capazes de executar algumas tarefas primordiais, entre elas, “entregar aos associados os insumos adequados às suas atividades a preços acessíveis; oferecer a melhor assistência técnica; financiar com repasses de bancos privados ou oficiais; armazenar a produção e eventualmente industrializar essa produção, agregando valor e vão ao mercado interno ou externo, com muito maior poder de barganha que qualquer outro produtor poderia ter de forma individual”.

RENDA

Segundo Rodrigues, além disto, a cooperativa é a única alternativa de renda para os pequenos produtores. “Na atual economia global, as margens por unidade de produto são cada vez mais estreitas, de modo que o produtor só faz sua renda na escala. Mas o pequeno produtor não tem escala por definição, e só pode construir a sua em conjunto com seus iguais, por meio de uma cooperativa.”

TECNOLOGIA

O coordenador da FGV também encara as cooperativas como verdadeiros centros de difusão de inovações tecnológicas para seus associados. “Como resultado, alguns segmentos produtivos têm alcançado resultados notáveis, como é o caso de aves e suínos. Mais de 150 países importam carne de frango do Brasil, que foi o maior exportador mundial em 2014 de novo, com mais de quatro milhões de toneladas exportadas. E entre as dez maiores empresas exportadoras, quatro são cooperativas: Aurora, C.Vale, Copacol e Lar, empresas maravilhosas que investiram em gestão moderna e de altíssima qualidade”, ressalta.

Rodrigues lembra ainda que, em 2014, o Brasil foi o quarto maior exportador de carne suína, com meio milhão de toneladas, e que três cooperativas estiveram entre as dez maiores exportadoras: Aurora, Cotrijui e Cosuel.

FORÇA DO SETOR

Forte representante do setor em território nacional, a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), na visão do coordenador da FGV, tem marcante influência na formulação das políticas públicas “por seu vigoroso poder de fogo centrado nas centenas de cooperativas espalhadas por todo o território nacional”.

Atualmente, a OCB representa 1.600 cooperativas do setor agropecuário, com mais de um milhão de cooperados e faturamento superior a cem bilhões de reais, que correspondem a mais de 10% do PIB do agronegócio. E vem crescendo ano após ano.

O segmento agro de cooperativas já emprega 165 mil funcionários. Cerca de 64% dos produtores das principais culturas (soja, cana-de-açúcar, milho, café, algodão, arroz, trigo, laranja, leite e gado de corte) estão vinculados a cooperativas do setor.

 

Por equipe SNA/RJ

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