Conferência em Brasília debate governança do solo

Mesa de encerramento do evento: Fábio de Salles Meirelles, presidente da FAESP; presidente da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS), Gonçalo Signorelli de Farias; diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo; Aroldo Cedraz, presidente do TCU; secretário-executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), Bráulio de Souza Dias; presidente da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa), Vinícius Benevides; Antonio Alvarenga, presidente da SNA, e deputado Fábio Feldmann
Mesa de encerramento do evento: Fábio de Salles Meirelles, presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de São Paulo; presidente da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS), Gonçalo Signorelli de Farias; diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo; Aroldo Cedraz, presidente do TCU; secretário-executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), Bráulio de Souza Dias; presidente da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa), Vinícius Benevides; Antonio Alvarenga, presidente da SNA, e deputado Fábio Feldmann. Foto: Divulgação TCU

“É necessário e urgente realizar um mapeamento atual e detalhado de nossos solos, que permita a identificação de suas potencialidades e fragilidades para que possamos produzir mais e melhor alimentos, fibras e energia. O solo se encontra no centro dos principais desafios do planeta, e desperta a preocupação da comunidade internacional.”

Com essa declaração, o presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, Antonio Alvarenga, pontuou seu discurso de encerramento da Conferência “Governança do Solo”, em Brasília.

O evento, organizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), Embrapa, SNA, Ministério do Meio Ambiente e outras entidades, foi realizado entre os dias 25 e 27 de março, com o objetivo promover uma discussão profunda sobre os aspectos que permeiam a governança dos solos e suas implicações em diversos setores.

“Este evento lança as bases para o mundo entender a necessidade de se planejar e discutir solos em todos os níveis”, disse o presidente do TCU, ministro Aroldo Cedraz, durante a cerimônia de encerramento.

Participaram do encontro autoridades governamentais, pesquisadores, organizações da sociedade civil e especialistas internacionais.

RECUPERAÇÃO

A FAO revela que nos próximos 10 anos o Brasil precisará aumentar em 40 % sua produção agropecuária para garantir níveis adequados de segurança alimentar no planeta. Nesse aspecto, o presidente da SNA, Antonio Alvarenga, reforçou à ocasião a necessidade urgente de uma política de recuperação dos solos no país.

“Temos grandes extensões de terras degradadas por conta da adoção de práticas inadequadas de manejo. E uma das melhores alternativas para a expansão de nossa produção agrícola é a reabilitação desses espaços degradados. No entanto, falta-nos uma política nacional de recuperação dos solos, que propicie incentivos adequados para a reabilitação das terras que estão atualmente impróprias para o plantio. Precisamos aproveitar a experiência internacional e realizar pesquisas e trabalhos conjuntos para melhor exploração de nossos solos”, argumentou Alvarenga, acrescentando que “a moderna agropecuária brasileira é um exemplo da elevada rentabilidade do investimento em pesquisas para o uso adequado dos solos”.

2015 – ANO INTERNACIONAL DOS SOLOS

O representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic, disse que hoje a conservação do solo é uma preocupação global, e por isso a Organização das Nações Unidas decidiu dedicar o ano de 2015 para o debate desse tema. “Precisamos refletir sobre a situação dos solos. Sem dúvida, sem uma boa conservação do solo não há como erradicar a fome, já que dele dependemos para garantir a produção de alimentos”.

Bojanic também ressaltou o trabalho desempenhado pelo Brasil para evitar a degradação do solo. “O mundo sempre está de olho nas boas práticas de conservação que o país tem adotado. O plantio direto é um excelente exemplo de iniciativa”.

O presidente do TCU, Aroldo Cedraz, afirmou que o Ano Internacional dos Solos vai permitir que o país avance no debate e elabore medidas que garantam a preservação desse recurso natural. Salientou também que, a partir das discussões da Conferência, o Tribunal poderá emitir recomendações para que o Brasil aprimore as políticas de governo e implemente uma agenda sustentável de boas práticas no sentido de preservar os solos. “O solo é um recurso fundamental para a vida”, disse Cedraz.

PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, citou que o Brasil deve lutar para ter uma agricultura 100% de baixo carbono. Atualmente o país conta com o Programa ABC, uma iniciativa que prevê a capacitação e destina incentivos financeiros aos produtores rurais para que eles adotem técnicas de agricultura sustentável. Para ela, o debate sobre a degradação do solo passa por diferentes aspectos que devem ter a atenção redobrada. “As políticas públicas devem dialogar com a inclusão de debates ambientais”.

Adotar práticas sustentáveis e ter cada vez mais agricultores conservacionistas foram aspectos levantados pelo presidente da Embrapa, Maurício Lopes, um dos palestrantes do evento. De acordo com o dirigente, o Brasil vem dando um salto importante na transformação de solos degradados em solos férteis. “Temos hoje mais de 30 milhões de hectares de plantio direto que diminuem o impacto no solo. Também é importante dizer que o Brasil tem a capacidade de combater a insegurança alimentar”.

ESTRATÉGIAS

Nesse aspecto, o coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, Roberto Rodrigues, defendeu a necessidade de o Brasil adotar estratégias para garantir a segurança alimentar em nível global. De acordo com o ex-ministro, é necessário compatibilizar a demanda com o uso adequado do solo por meio de tecnologia e produtividade. “É preciso cuidar do solo para que o país cumpra seu papel na história. A segurança alimentar é o único caminho verdadeiro da paz”, concluiu Roberto Rodrigues.

PRESENÇAS

Além de Maurício Lopes e Roberto Rodrigues, participaram como palestrantes, entre outros, Bráulio Ferreira de Souza Dias, secretário executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica; Carlos Nobre, diretor do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação; José Graziano, diretor-geral da FAO (participação por vídeo); Klaus Töpfer, diretor fundador e atual diretor-executivo do Instituto de Estudos Avançados em Sustentabilidade (IASS); Moujahed Achouri, diretor da Divisão de Terras e Águas – FAO, e Rainer Horn, professor-doutor em Ciência do Solo da Universidade de Kiel (Alemanha).

CARTA DE BRASÍLIA

Ao final da Conferência, foi apresentado um documento onde os participantes convocam os vários setores da sociedade para se mobilizar em torno de ações urgentes que garantam a proteção e a preservação dos solos.

Entre as medidas a serem implementadas, ganham destaque a organização de um fórum permanente de discussão e troca de informações acerca do solo; a elaboração de novos levantamentos e mapeamentos para fins de planejamento e uso do território e definição de políticas públicas em nível nacional, estadual e municipal; a revisão e a consolidação das diversas normas e leis dispersas que tratam do solo, para a elaboração de um planejamento estratégico incluindo metas responsáveis e prazos para as políticas públicas fundamentais ao desenvolvimento sustentável, e investimentos em educação, preparação e capacitação adequada dos diferentes segmentos da sociedade, com o intuito de proporcionar o manejo sustentável e a conservação do solo.

 

Equipe SNA/RJ com informações do TCU e da FAO

Foto da capa: Divulgação TCU

 

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