Clima, redução de área e troca por soja causam queda do plantio de arroz

última estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica queda de 15,3% na produção de arroz no Brasil, impactada pela redução de 12,8% na área plantada. Foto: Divulgação
Conab indica redução de 15,3% na produção de arroz no País, impactada pelo clima, opção pela soja e queda de 12,8% na área plantada. Foto: Divulgação

A última estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica queda de 15,3% na produção de arroz no Brasil, impactada pela redução de 12,8% na área plantada. Além disto, as mudanças bruscas do clima e a troca da cultura, especialmente, pelo cultivo da soja são apontadas como fatores determinantes para o atual cenário.

“No Sul do País, local onde a cultura é irrigada, o excesso de chuva atrapalhou o plantio. Onde o cultivo é sequeiro, sobretudo na região do Cerrado, os produtores optaram pelo plantio de soja em detrimento do arroz, uma vez que a oleaginosa possui mais liquidez”, destaca o gerente de Levantamento e Avaliação de Safras da estatal, Cleverton Santana, em entrevista à equipe SNA/RJ.

De acordo com ele, o clima também atrapalhou o desenvolvimento da cultura no Sul do Brasil, onde ocorreram baixa luminosidade e alagamentos, principalmente em Rio Grande do Sul, maior produtor nacional de arroz. Em Mato Grosso, terceiro maior produtor deste cereal do País, fora a redução de área por opção de plantio da soja, a cultura foi prejudicada pelo veranico observado em dezembro de  2015.

“O El Niño provocou excesso de chuvas em Rio Grande do Sul, impedindo o avanço do plantio. Em razão dos alagamentos e da falta de luminosidade, houve impacto na produtividade”, reforça o gerente da Conab.

Segundo Santana, todas as informações de impactos na produtividade agrícola em geral, por Estado, estão no Boletim de Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos da Conab. Acesse ow.ly/3zj8303xb5d (link encurtado).

 

“O El Niño provocou excesso de chuvas em Rio Grande do Sul, impedindo o avanço do plantio. Em razão dos alagamentos e da falta de luminosidade, houve impacto na produtividade”, reforça o gerente de Levantamento e Avaliação de Safras da Conab, Cleverton Santana. Foto: Francisco Stuckert/Divulgação Conab
“O El Niño provocou excesso de chuvas em Rio Grande do Sul, impedindo o avanço do plantio. Em razão dos alagamentos e da falta de luminosidade, houve impacto na produtividade”, diz o gerente de Levantamento e Avaliação de Safras da Conab, Cleverton Santana. Foto: Francisco Stuckert/Divulgação Conab

No recente documento publicado pela estatal – “Perspectivas de diversificação e de investimentos na produção de arroz, trigo e feijão” (veja em ow.ly/t6dF303xa1W) –, ainda são boas as previsões de incremento da produção de arroz no Brasil, para quem utiliza o sistema irrigado, com destaque para Centro-Oeste, Norte, Nordeste e Sudeste.

“Existem experiências acumuladas e infraestrutura que indicam a potencialidade da produção. Haverá necessidade de apoio de políticas públicas para cada região, tendo em vista as especificidades e problemas locais”, aponta o documento. O estudo se fez necessário porque, conforme Santana, “a Conab está atenta à migração de outras culturas para a soja”.

 

SNA AVALIA CENÁRIO

Na opinião do vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) Hélio Sirimarco, a queda da produção de arroz no Brasil, que pode passar de 15%, segundo previsão da Conab, “se deve à baixa remuneração do rizicultor, ao endividamento do segmento no Sul do País, ao clima e à alternativa de cultivos mais rentáveis no restante do País”.

Ele destaca dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA), que apontaram: o custo médio da safra de arroz em RS, no período 2015/16, foi de 6.710 reais por hectare plantado, o que representa um aumento de 17,8% em relação ao ano anterior, que foi de 5.720 reais por hectare. “Isto significa que o valor por saca foi de R$ 44,71 em relação aos R$ 38,10 de 2014/15”, destaca Sirimarco. Mesmo com este incremento em reais, a rizicultura foi prejudicada por outros gastos.

 

Itens que mais no bolso do produtor de arroz foram energia elétrica, aviação agrícola, adubo e agroquímicos, apontao o vice-presidente da SNA Hélio Sirimarco. Foto: Arquivo SNA
Custos de produção de arroz: itens que mais pesaram no bolso do rizicultor foram energia elétrica, aviação agrícola, adubos e agroquímicos, enumera o vice-presidente da SNA Hélio Sirimarco. Foto: Arquivo SNA

“Os itens que mais pesaram no bolso do agricultor, segundo informações do IRGA, foram a energia elétrica, com aumento de 47,4%; aviação agrícola, por causa da alta dos combustíveis, com 35,5%; adubos, com 24,4%; e agroquímicos, com 22%. Os juros bancários também tiveram um salto significativo com 47,9% no custeio oficial e 44,2% no valor que é buscado no mercado”, pontua o vice-presidente da SNA.

Sobre a troca do cultivo de arroz pela soja – troca que pode ser estendida a outros grãos –, Sirimarco acredita que “ela se deve, basicamente, à rentabilidade superior da soja e do milho em relação ao arroz e feijão”. “Mas com a quebra das safras e a consequente alta dos preços, na próxima safra deve ocorrer o movimento inverso, especialmente em relação à soja.”

 

Por equipe SNA/RJ

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