Cevada: safra de recordes

 

Espigas cheias surpreenderam produtores de cevada/ Foto:  Embrapa Trigo
Espigas cheias surpreenderam produtores de cevada/ Foto: Embrapa Trigo

A safra 2013 de cevada foi marcada por recordes, tanto em qualidade como em produtividade. A avaliação foi apresentada  dia 01/04, na Embrapa Trigo, pelas principais empresas de pesquisa e fomento de cevada no Brasil. A expectativa é de novo crescimento do setor nesta safra.

Na área de atuação da Ambev na Região Sul, o cultivo de cevada caiu de 66 mil hectares (ha) em 2012 para 45 mil ha em 2013. Mesmo assim, o volume recebido superou a estimativa inicial que era de 92 mil toneladas (t) e chegou a 149 mil t. O resultado positivo, segundo o técnico da empresa Mauri Botini, está relacionado ao clima favorável e o alto potencial produtivo das cultivares (mais de 90% da área foi semeada com cultivares Embrapa). “Em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, por exemplo, a chuva foi mais concentrada em agosto. Nos meses seguintes choveu abaixo da média histórica, com bastante frio no inverno e temperaturas amenas na primavera. Clima perfeito para as culturas de inverno”, explica Botini.

A principal concorrência da cevada foi o mercado aquecido do trigo, que levou muitos produtores a migrarem de cultura. A previsão da Ambev é de estabelecer área de 60 mil ha em 2014 no RS e PR.

Tecnologia e Conhecimento

Na área de atuação da Cooperativa Agrária, na Região Centro-sul do Paraná, onde está concentrada a produção de cevada do estado, o clima vinha prejudicando a produção nos últimos anos, com seca em agosto (perfilhamento) e chuva em outubro (colheita). Nesta safra, a surpresa foi a chuva de 500 mm no mês de junho, atrasando a semeadura. Obviamente, quem plantou antes da época acabou perdendo o investimento, mas a grande maioria (90% da área) que implantou a cultura em julho contou com tempo seco, alta insolação e muito frio, ambiente que resultou em espigas cheias e grãos maiores. O rendimento superou o recorde de 2008 (4.600 kg/ha), e chegou a 4.809 kg/ha, com muitas lavouras acima da média com mais de 6.100 kg/ha.

Para o pesquisador da FAPA/Agrária, Noemir Antoniazzi, os números refletem a evolução do conhecimento e da tecnologia: “O pior ano na última década foi 2005, de muita chuva na primavera e giberela, causando frustração da safra. Acredito que se o clima e a frustração se repetissem hoje, a perda já não seria tão grande porque temos tecnologia que nos permite minimizar os danos causados pelas doenças”, explica Antoniazzi, ressaltando as pesquisas em melhoramento genético e manejo da cevada.

De acordo com os dados do pesquisador da Embrapa Trigo, Euclydes Minella, o foco do melhoramento genético está direcionado a dois objetivos no momento: reduzir o ciclo das cultivares (de 120 para 90 dias para a produção irrigada do Sudeste e Centro-Oeste e, de 130 para 120 dias para a Região Sul) e controlar geneticamente o oídio, reduzindo assim o número de aplicações de defensivos. “A cada nova cultivar lançada para as áreas irrigadas temos reduzido o ciclo em uma semana a 10 dias com o objetivo de deixar a planta menos tempo na lavoura, menos exposta a doenças e intempéries e economizando água”, explica Minella, lembrando que, no uso de fungicidas, a diversidade de produtos e o baixo custo da aplicação resultou no uso de até cinco aplicações nas lavouras, número este que precisa ser reduzido para minimizar o impacto no ambiente e a redução do custo de produção: “A meta é limitar a duas aplicações de fungicidas ao longo de todo o ciclo, a partir da geração de cultivares mais resistentes às principais doenças da cevada”, conclui Minella.

A ampliação da maltaria da Agrária (Agromalte) demandará o crescimento na área de fomento da cooperativa, passando dos atuais 40 mil para 50 mil ha da cultura nos próximos dois anos. No período 2012/13, a área da cooperativa cresceu 3 mil ha.

Quebra

A maior quebra de safra de cevada ocorreu no estado de São Paulo, onde o rendimento da lavoura ficou cerca de 35% inferior ao estimado. Os 3.300 ha de cevada irrigada, fomentados pela Malteria do Vale, perderam por brusone e pela germinação na espiga, desqualificando os grãos para a indústria de malte. A produção comercializada foi de aproximadamente 13.000 t, com rendimento de 4.000 kg/ha.

Evolução da lavoura nacional desde 2011 e estimativa para 2014 (abril)

Safra

2011

2012

2013

2014

Área (mil ha)

94

110

90

113

Produção (mil toneladas)

317

255

363

350

Aproveitado para malte (%)

85

67

90

Rendimento médio (kg/ha)

3.376

2.302

4.028

Fonte: Embrapa

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