Certificação de soja é foco de projeto para pequenos produtores em MT

Foco do Clube Amigos da Terra de Sorriso-MT é a certificação da soja dentro dos princípios de sustentabilidade ambiental, socialmente e econômica. Foto: Divulgação
Foco do Clube Amigos da Terra de Sorriso-MT é a certificação da soja dentro dos princípios de sustentabilidade ambiental, socialmente e econômica. Foto: Divulgação

Com a missão de fazer com que o município de Sorriso, em Mato Grosso, e outras cidades da região do Estado passem a produzir soja, respeitando todas as normas de trabalho e as regras ambientais, o Clube Amigos da Terra de Sorriso-MT (CAT) desenvolve o projeto Gente que Produz e Preserva.

O foco é a certificação dessa cultura dentro dos princípios de sustentabilidade ambiental, socialmente e econômica. Atualmente, o valor médio do prêmio pela soja certificada pode variar de 2,60 a cinco dólares por tonelada.

“A equipe do CAT, em parceria com o WWF-Brasil, o grupo Bel da França, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), a Fundación Solidariedad e a Life Center Institute (LCI), realiza campanhas de engajamento para que os produtores passem a produzir soja responsável de acordo com o Padrão RTRS (Associação Internacional de Soja Responsável)”, explica o consultor externo da entidade no Brasil, Cid Sanches.

Segundo ele, ao respeitar todas as normas de trabalho e as regras ambientais, que resultam na certificação da produção e no aumento da eficiência na gestão da propriedade, o projeto Gente que Produz e Preserva também abre portas para novos mercados, aumentando a competitividade para o produtor rural.

A diretora de Sustentabilidade do CAT, Cynthia Moleta Cominesi, afirma que o projeto visa a incentivar a produção sustentável no estado de Mato Grosso MT, tanto em larga escala (produção de soja) como na agricultura familiar.

De acordo com ela, a meta inicial era produzir 80 mil hectares de soja RTRS, até o fim de 2016. “Como o projeto está alcançando um bom resultado, a meta foi ampliada para 200 mil hectares de soja certificada RTRS até dezembro de 2018”, informa.

 

diretora de sustentabilidade do CAT, Cynthia Moleta Cominesi, afirma que o projeto visa a incentivar a produção sustentável no estado de Mato Grosso MT, tanto em larga escala (produção de soja) como na agricultura familiar. Foto: Divulgação
Diretora de Sustentabilidade do CAT, Cynthia Moleta Cominesi, afirma que o projeto visa a incentivar a produção sustentável no estado de Mato Grosso MT, tanto em larga escala (produção de soja) como na agricultura familiar. Foto: Divulgação

Atualmente, 25 países produzem soja responsável, respondendo por mais de três milhões de toneladas, das quais, quase metade é produzida no Brasil. Quanto ao potencial brasileiro para a produção de soja certificada, a diretora do CAT acredita que, com organização e planejamento, o país tem tudo para crescer com esse processo. “Nosso potencial é enorme”, resume.

 

VANTAGENS

“As principais vantagens econômicas para os produtores são as oportunidades de acesso aos mercados internacionais exigentes, como a Europa, e aos programas de financiamento, a possibilidade de recompensa decorrente da venda de material certificado e a redução dos custos, devido ao maior controle sobre os insumos (sementes, defensivos agrícolas, etc.)”, enumera o consultor da RTRS.

“Existe também a possibilidade de venda de créditos RTRS, que é uma alternativa à comercialização do material físico”, informa Sanches, explicando que a entidade concede aos produtores créditos equivalentes ao volume certificado (um crédito por tonelada de soja certificada).

“Esses créditos podem ser vendidos independentemente da cadeia de fluxo de material físico, sendo que a soja deverá ser comercializada como não certificada para evitar a ‘venda duplicada’ de materiais RTRS”, esclarece.

A diretora de sustentabilidade do CAT, por sua vez, aponta outras vantagens da certificação da produção de soja: melhoria de toda a fazenda, gestão de pessoas e das atividades operacionais e melhor controle dos custos.

“Com a certificação, o produtor não corre o risco de receber multas ambientais e trabalhistas, pois ela atesta que está de acordo com a legislação vigente”, observa Cynthia, acrescentando que também existe um marketing positivo para o produtor certificado, que é visto como um parceiro do meio ambiente, o que garante a comercialização da produção no mercado europeu.

Conforme Sanches, muitas empresas que desejam apoiar a produção da soja responsável optam por esse método, pois ele oferece recompensa direta os produtores certificados que demonstrarem seu compromisso com as boas práticas agrícolas. “Essas empresas podem mencionar o apoio na declaração de imposto de renda ou usar o ‘logotipo de Créditos’ em seus produtos, dependendo da quantidade comprada”, exemplifica.

 

FAZENDAS PARTICIPANTES

O consultor do RTRS informa que, até o momento, nove fazendas foram certificadas no padrão RTRS e cujos produtores já receberam mais de meio milhão de reais em bônus com a venda de soja certificada. De acordo com Sanches, em 2015, produtores rurais comprometidos com o plano sustentável da soja no mundo foram premiados com pouco mais de US$ 6 milhões, o melhor resultado atingido até o momento.

 

O consultor do RTRS informa que, até o momento, nove fazendas foram certificadas no padrão RTRS e cujos produtores já receberam mais de meio milhão de reais em bônus com a venda de soja certificada. afirma o consultor externo da RTRS (Associação Internacional de Soja Responsável) no Brasil, Cid Sanches.
Consultor externo do RTRS (Associação Internacional de Soja Responsável) no Brasil, Cid Sanches informa que, até o momento, nove fazendas foram certificadas no padrão RTRS e os produtores já receberam mais de meio milhão de reais em bônus com a venda de soja certificada. Foto: Divulgação

“A melhor divulgação do projeto da região de Sorriso foi a comprovação dos benefícios por parte dos produtores que puderam ver na prática as melhorias ambientais e econômicas. Isso fez com que surgissem mais interessados na certificação”, conta Sanches. Ele informa que, atualmente, outras 18 fazendas – que representam 21 mil hectares – estão em processo de certificação RTRS, recebendo auditorias periodicamente.

“Os produtores da região de Sorriso assumiram o compromisso de produzir e preservar. Inclusive, o município é o maior produtor de soja no país e tem potencial para aumentar a produção de soja certificada ainda mais nos próximos anos”, prevê. “Esta é a meta da RTRS, conseguir que, a cada ano, mais fazendas sejam certificadas e engajar produtores a terem responsabilidade social e ambiental.”

Cynthia explica que o projeto é uma experiência de certificação RTRS em grupo. “Dessa forma, os pequenos produtores podem se unir e solicitar um certificado único que abrange todos os domínios, compartilhando os custos das avaliações, tanto de certificação, quanto de monitoramento anual.”

 

MELHORIAS

Em relação às melhorias ambientais e econômicas obtidas pelas fazendas participantes do projeto, a diretora do CAT afirma que o produtor certificado está em dia com a legislação ambiental, ou seja, possui reserva legal, suas áreas de matas ciliares estão protegidas ou recuperadas.

“Também significa que ele toma todos os cuidados para que a atividade agrícola não cause poluição do solo e da água por agroquímicos e/ou óleos, por exemplo, que as embalagens de agrotóxicos são mantidas em lugar adequado e todas as embalagens vazias são devolvidas para os órgãos competentes. Mostra ainda que o produtor realiza a coleta seletiva e não enterra e nem queima o lixo e que adota procedimentos claros em caso de algum tipo de acidente ambiental, bem como planos de redução de uso de insumos agrícolas químicos”, lista Cynthia.

Para obter o certificado, o produtor precisa cumprir mais de 100 critérios relacionados às questões ambientais, trabalhistas e sociais. Mas, de acordo com a RTRS, 80% das exigências já fazem parte da legislação brasileira. “Com a certificação, o produtor consegue cumprir as exigências de uma maneira organizada, com um cronograma de trabalho e, também, recebe o prêmio já no primeiro ano de auditoria, amortizando um pouco os gastos que ele teve com os ajustes”, observa.

 

Por equipe SNA/SP

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