Cerca de 75% da produção do RS é transportada pela BR-116

A cada mês, mais de 20.000 caminhões de carga passam pela BR-116 no Rio Grande do Sul, transportando pelo menos 25 diferentes tipos de produtos até o Porto de Rio Grande, no Sul do estado, de onde são escoados. Trafega pela estrada cerca de 75% da produção do estado, como mostra a terceira reportagem da série “BR-116: Duplicação Urgente”, exibida nesta terça-feira (21 de março) no RBS Notícias. 

A soja é o principal produto que passa pela BR-116. No ano passado, foram levadas pela rodovia 12.4 milhões de toneladas de grãos provenientes de lavouras do Norte, Noroeste e Centro do estado. Da Região dos Vales, foram transportadas 2.08 milhões de toneladas de fumo. Outros produtos que passam pela estrada são carne de frango (1,36 milhão de tonelada em 2016) e polímeros plásticos fabricados no Polo Petroquímico de Triunfo (1.32 milhão de toneladas), além da celulose produzida em Guaíba e as máquinas da indústria metal-mecânica de Caxias do Sul.

O diretor da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), Ricardo Portela, considera a duplicação da BR-116 a obra de infraestrutura mais importante do estado. “É o principal gargalo de infraestrutura que o Rio Grande do Sul tem. A obra mais importante que temos hoje no quadro é a duplicação da BR-116, porque nós temos a ligação duplicada entre Porto Alegre e Região Metropolitana e o principal equipamento logístico que nós temos no estado, que é o Porto de Rio Grande”, disse.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), de cada 10 veículos que passam pela BR-116, três são caminhões transportando produtos para o Porto de Rio Grande. No ano passado, andaram pela rodovia 2.5 milhões de automóveis, sendo que mais de 840.000 eram de carga.

O vice-presidente Câmara de Comércio da Cidade do Rio Grande, Antonio Carlos Duarte, destaca o impacto da demora na duplicação sobre a economia gaúcha. “Estamos vendo a economia do nosso Estado diminuir em função dos custos altíssimos que tem uma obra inacabada. A pior obra que tem é a obra inacabada. A concentração de PIB do estado está praticamente concentrada em Porto Alegre, na Região Metropolitana, e na Serra, e a ligação é a BR-116”, disse o dirigente.

A pista simples da rodovia também causa prejuízo aos motoristas que transportam carga pela região. “Estraga o caminhão. É mola, é pneu, o desgaste é bem maior, sem contar o perigo. Sem acostamento, tudo parado e o asfalto está ruim”, desabafa o caminhoneiro Vitor Raenck.

O caminhoneiro João Carlos Bueno conta que trabalha há 30 anos na região. Ele transporta arroz para o Porto de Rio Grande, e afirma que a duplicação é necessária para melhorar as condições de trabalho. “Precisa ser concluída o mais rápido possível.”

O movimento na pista única da BR-116 deverá se intensificar neste ano, com a previsão de uma supersafra gaúcha. O Porto de Rio Grande se preparou para a chegada da carga adquirindo 11 novos guindastes, mas as condições da rodovia por onde os produtos são levados desanimam.

“Estamos 100% preparados para nem vermos o caminhão transitar. Em compensação, quando saímos daqui e entramos na BR-116, vemos toda a dificuldade que estamos vivendo”, lamenta o diretor-presidente da empresa responsável pelo terminal de contêineres, Paulo Bertinetti.

A próxima reportagem da série vai mostrar o quanto a demora na duplicação da BR-116 interfere no trânsito e causa mortes durante todo o ano.

 

Fonte: G1

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