Carnes: novos negócios com a China

Presidenta Dilma Rousseff e o primeiro-ministro da República Popular da China, Li Keqiang, durante declaração à imprensa sobre acordos fechados entre as duas nações. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Presidente Dilma Rousseff e o primeiro-ministro da República Popular da China, Li Keqiang, durante declaração à imprensa sobre acordos fechados entre as duas nações. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

A assinatura do protocolo sanitário entre Brasil e China, liberando de imediato a exportação de carnes para o país asiático, é comemorado por representantes do agronegócio nacional. Conforme o acordo assinado entre a presidente Dilma Roussef e o primeiro-ministro chinês, Li Kegiang, durante visita dele ao País, nove frigoríficos – oito de carne bovina in natura e um de aves – estão reabilitados a exportar para a China.

O total de vendas deve alcançar, inicialmente, a casa dos US$ 520 milhões anuais e ainda existe previsão de que outras 26 plantas possam retomar as vendas externas de carnes para a China, a partir do mês que vem. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), dos estabelecimentos habilitados para exportação de carne bovina para o mercado chinês, um está em Mato Grosso, cinco em São Paulo, um em Rio Grande do Sul e outro em Goiás; e o de carne de aves em Paraná.

O acordo foi intermediado pela ministra da Agricultura, Kátia Abreu, em audiência com o ministro chinês da Administração de Inspeção de Qualidade e Quarentena, Zhu Shuping. Ela aproveitou a mesma ocasião para sugerir uma parceria estratégica com a China na área de ciência e tecnologia, com o objetivo de aprofundar a cooperação em alimentos transgênicos. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) já conta com uma representação naquele país e por isso deve atuar como parceira.

Acordo de habilitação de nove frigoríficos brasileiros para exportação de carne bovina e de aves foi intermediado pela ministra da Agricultura, Kátia Abreu, em audiência com o ministro chinês da Administração de Inspeção de Qualidade e Quarentena, Zhu Shuping. Foto: Divulgação Mapa
Acordo de habilitação de nove frigoríficos brasileiros para exportação de carne bovina e de aves foi intermediado pela ministra da Agricultura, Kátia Abreu, em audiência com o ministro chinês da Administração de Inspeção de Qualidade e Quarentena, Zhu Shuping. Foto: Divulgação Mapa

Na opinião do diretor da Sociedade Nacional de Agricultura Hélio Sirimarco, o cenário é positivo para o setor. “Esta notícia veio em boa hora, pois o volume das vendas externas de carne bovina, nos primeiros quatro meses deste ano, foi 20,53% inferior a igual período de 2014. No ano passado, as exportações de carne bovina somaram mais de US$ 7 bilhões. E é importante ressaltar que o Brasil já exporta suínos e aves para a China. Para isto, 29 plantas de frango e sete de suínos já estão habilitadas pelo país asiático”, ressalta.

Em nota, a Confederação Nacional de Agricultura (CNA) garante que o Brasil está preparado para exportar carnes para os chineses, atendendo às exigências sanitárias daquele país.

Na opinião do presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, a habilitação de novos frigoríficos é só o começo: “É necessário termos cautela porque reabilitar não é tudo. Agora, é preciso implementar os negócios, que exigirá um trabalho por parte da iniciativa privada. A habilitação é um passaporte; a viagem é uma segunda etapa”.

 “É necessário termos cautela porque reabilitar não é tudo. Agora, é preciso implementar os negócios, que exigirá um trabalho por parte da iniciativa privada. A habilitação é um passaporte; a viagem é uma segunda etapa”, alerta o presidente da ABPA, Francisco Turra. Foto: Divulgação ABPA
“É necessário termos cautela porque reabilitar não é tudo. Agora, é preciso implementar os negócios, que exigirá um trabalho por parte da iniciativa privada. A habilitação é um passaporte; a viagem é uma segunda etapa”, alerta o presidente da ABPA, Francisco Turra. Foto: Divulgação ABPA

Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, “este é um momento de extrema importância para a pecuária do Brasil e nós temos que comemorar”.

“É extremamente importante a retirada dos embargos da China para a carne do Brasil. A China é um grande comprador, país extremamente populoso e isto significa um mercado a mais para nossa produção. É claro que, agora, a liberação é de apenas oito plantas autorizadas (para carne bovina in natura), mas a partir da visita da ministra Kátia Abreu à China, em julho próximo, outras 17 devem ser credenciadas. Com isso, cresce a possibilidade de um mercado muito importante”, ressalta Schreiner.

Segundo a Faeg, a reabertura do mercado chinês para a carne brasileira vinha sendo defendida pela CNA desde o anúncio do embargo, no final de 2012, por causa do surgimento de um caso atípico, no Estado de Paraná, da doença conhecida como vaca louca. Naquela época, mesmo com o foco da doença, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) classificou o Brasil como área de risco insignificante para a incidência do problema. Mesmo assim, a China impôs sanções à carne brasileira.

“É extremamente importante a retirada dos embargos da China para a carne do Brasil. A China é um grande comprador, país extremamente populoso e isto significa um mercado a mais para nossa produção", diz o presidente da Faeg, José Mário Schreiner.
“É extremamente importante a retirada dos embargos da China para a carne do Brasil. A China é um grande comprador, país extremamente populoso e isto significa um mercado a mais para nossa produção”, diz o presidente da Faeg, José Mário Schreiner. Foto: Divulgação Faeg

MERCADO

Presidente da ABPA, Francisco Turra relata que a China negocia com o setor brasileiro de aves desde 2009. De lá para cá, o País deu um salto de 28 mil toneladas para 300 mil toneladas de aves exportadas para o território chinês.

“Apesar de ter um mercado muito exigente, os chineses são fiéis. Nos últimos seis anos, foram 29 plantas de aves habilitadas, contando com a anunciada ontem (19 de maio). Para junho, esperamos outras sete, informa Turra.

O presidente da ABPA ainda informa que cada planta de aves do Brasil exporta em torno de 10 mil toneladas só para o mercado chinês.

Sobra a suinocultura, ele ressalta que as negociações com os chineses têm sido intensas. “Hoje, o Brasil tem seis plantas habilitadas a exportar carne suína para a China. Em junho, deve ser habilitada mais uma. Os chineses são os maiores produtores de suínos do mundo, mas o consumo deles é muito alto, daí a necessidade importar este tipo de carne.”

TRANSGÊNICOS

Ainda durante encontro com o primeiro-ministro chinês, Li Kegiang, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, propôs uma parceria para estudos de alimentos transgênicos.

“Poderemos colher bons frutos para o Brasil, para a China e para todo o mundo nessa parceria em produção de biotecnologia. A única forma de dissipar o medo em relação a transgênicos é pesquisarmos juntos. Nós, que temos a responsabilidade de alimentar o nosso país e o resto do mundo, precisamos de qualidade e baixo custo”, disse a ministra, durante entrevista à imprensa após a reunião.

Para o diretor da SNA Hélio Sirimarco, no que diz respeito ao acordo para pesquisa de organismos geneticamente modificados (OGMs), “esta cooperação será importante, já que o Brasil só perde para os Estados Unidos na produção de transgênicos, com uma área plantada de 42,2 milhões de hectares, conforme dados de todo o ano de 2014”.

Para o diretor da SNA Hélio Sirimarco, no que diz respeito ao acordo para pesquisa de organismos geneticamente modificados (OGMs), entre Brasil e China, a "cooperação será importante, já que o Brasil só perde para os Estados Unidos na produção de transgênicos, com uma área plantada de 42,2 milhões de hectares, conforme dados de todo o ano de 2014”. Foto: Divulgação/SNA
Para o diretor da SNA Hélio Sirimarco, no que diz respeito ao acordo para pesquisa de organismos geneticamente modificados (OGMs), entre Brasil e China, a “cooperação será importante, já que o Brasil só perde para os Estados Unidos na produção de transgênicos, com uma área plantada de 42,2 milhões de hectares, conforme dados de todo o ano de 2014”. Foto: Divulgação/SNA

Ainda sobre produção de OGMs, Sirimarco destaca que 93% da soja plantada  brasileira é transgênica; de milho, 82%; e de algodão, 65%.

“A China é o nosso principal importador e recentemente criou problemas para exportadores americanos de milho, quando não permitiu o desembarque de mais de 1 milhão de toneladas de uma variedade transgênica não aprovada por eles”, lembra o diretor da SNA.

Por equipe SNA/RJ

 

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp