Campanha pela certificação de orgânicos combate informalidade no setor

Sylvia Wachsner, coordenadora do CI Orgânicos, ressalta sua preocupação quanto ao não cumprimento da Lei dos Orgânicos e a informalidade empresarial que começa a surgir nesse mercado FOTO - Divulgação/SNA
Sylvia Wachsner, coordenadora do CI Orgânicos, afirma que o não cumprimento da Lei dos Orgânicos é preocupante e favorece a venda de produtos não credenciados. Foto: CI Orgânicos/SNA

 

Com o crescimento contínuo do mercado de orgânicos – que resulta da busca do consumidor por alimentos mais saudáveis e nutritivos – e levando-se em consideração a atual crise econômica e o aumento do desemprego no País, muitos empreendedores começam a apostar suas fichas nesse mercado que é considerado promissor e de grande potencial. No entanto, as aparências às vezes enganam.

Atualmente, o setor sofre um tipo de “invasão” nada sustentável. Empreendedores – em sua maioria jovens, com bom trânsito nas mídias sociais, mas com pouco (ou nenhum) conhecimento sobre o assunto, estão colocando nas prateleiras produtos, digamos, supostamente orgânicos. O alerta foi feito pela coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos da SNA, Sylvia Wachsner.

“Infelizmente, seja por falta de informações, pela pressa dos investidores em querer comercializar produtos artesanais, com mais qualidade e novos sabores, ou pela força da denominação ‘alimentos orgânicos’, a informalidade em estabelecer novos negócios cresce, assim como o não cumprimento da lei que rege esses produtos”, adverte.

VALORIZAÇÃO DO SELO

Com o objetivo de chamar a atenção dos consumidores para essa realidade, o CI Orgânicos iniciou uma campanha com o propósito de esclarecer o que são alimentos orgânicos e de ressaltar a importância da certificação.

“O processo de certificação levou mais de 25 anos para ser construído. Queremos que os consumidores estejam munidos de informações que lhes permitam exercer seus direitos, procurar pelo selo de certificação, que é sua garantia. Se o selo não é encontrado, o consumidor deve perguntar ao varejista e ajudar na fiscalização”, explica Sylvia.

“Queremos também que os investidores sejam devidamente instruídos e tenham o conhecimento básico para que possam produzir e manipular ingredientes e insumos em conformidade com a Lei dos Orgânicos”, complementa.

REDES SOCIAIS

De acordo com a especialista, essa possível ‘banalização’ dos orgânicos ganha ainda mais força com as redes sociais. “Abrir uma página no Facebook, postar fotos bacanas de produtos e oferecer serviço de entrega em casa, por exemplo, toma somente alguns minutos”.

A campanha do CI Orgânicos está utilizando esses poucos minutos de trabalho nas redes para conscientizar as pessoas. Mas, na opinião de Sylvia Wachsner, isso é só o começo.

“Entramos em contato com as empresas que fazem parte do OrganicsNet, mas não vamos parar por aí. Queremos convidar produtores, associações, cooperativas, processadoras, empresas de alimentos orgânicos certificados, agricultores familiares cadastrados no MAPA, certificadoras, pesquisadores, comissões da produção orgânica, varejistas, enfim, todos os orgânicos, para participar dessa campanha de esclarecimento do que são os alimentos orgânicos, o que significa a produção orgânica e sobretudo valorizar a certificação”.

FISCALIZAÇÃO

Apesar de o Ministério da Agricultura ter anunciado um programa de monitoramento do uso de substâncias proibidas na agricultura orgânica como primeiro passo para uma efetiva fiscalização no setor, a coordenadora do CI Orgânicos acredita que o consumidor, antes de mais nada, precisa assumir seu papel de fiscal.

“Não podemos esperar que somente o governo conte com fiscais suficientes para monitorar tudo o que acontece no País”, assinala.

Para Sylvia, é importante que cada participante da campanha utilize as mídias sociais e sites específicos para divulgar conteúdos que valorizem a certificação, “sejam fotografias de alimentos certificados, cópias da certificação ou material publicitário. É essencial que se fale a respeito do assunto até mesmo no momento de contato com os compradores. A certificação agrega valor aos produtos orgânicos é isso deve ser valorizado”.

LEGISLAÇÃO

O não cumprimento da Lei dos Orgânicos e a informalidade empresarial que começa a surgir nesse mercado é um fator de grande preocupação para a coordenadora da SNA. “Colocar nas geleias, bolinhos, pães, pastinhas, biscoitos, papinhas, etc. a palavra ‘orgânico’ sem que sejam certificados, é confundir o consumidor”, alerta.

A Lei dos Orgânicos, instituída em 2003, estabelece técnicas específicas a serem cumpridas desde a produção agrícola até a fase de processamento, armazenamento, transporte e comercialização. A certificação dos produtos vendidos no varejo – que se reflete na utilização do selo “Orgânico Brasil” – garante que os alimentos cumprem o estabelecido pela regulação brasileira.

 

Por Equipe SNA/RJ

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