Brasil será diplomático ao lidar com investigação chinesa a vendas de frango

O Brasil será diplomático ao se manifestar sobre uma investigação antidumping lançada pela China contra a carne de frango brasileira, antes de uma visita neste mês do presidente Michel Temer ao país asiático, afirmou à Reuters uma fonte do Ministério de Relações Exteriores. A avaliação no Itamaraty é que investigações antidumping fazem parte do jogo comercial e a hora é de acompanhar e negociar.

Do outro lado, o Brasil tem várias ações antidumping contra produtos chineses. O país asiático costumar reagir com tranquilidade a essas ações, raramente emitindo uma manifestação oficial. A cautela, disse a fonte, também é uma questão de reciprocidade diplomática. O Itamaraty ainda prepara uma nota para ser divulgada oficialmente. O tom da manifestação será de que o governo irá apoiar os produtores brasileiros durante o processo de investigação chinês, assegurando que as normas sejam cumpridas.

O Brasil, maior exportador global de carne de frango, respondeu por mais de 50% da oferta de produtos de frango para a China, segundo consumidor global, entre 2013 e 2016, de acordo com uma análise preliminar, informou o Departamento do Comércio chinês em comunicado. No primeiro semestre deste ano, segundo dados do Itamaraty, 83% das importações chinesas de frango saíram do Brasil.

Qualquer medida para penalizar as vendas brasileiras à China, avaliadas em mais de US$ 1 bilhão por ano, seria um grande golpe para a indústria brasileira de proteínas, abalada mais cedo neste ano pelas revelações da operação Carne Fraca, que apontou um esquema de propina envolvendo fiscais sanitários e indústrias.

Na próxima semana, negociadores brasileiros e chineses irão se encontrar na reunião periódica da subcomissão econômica e comercial entre os dois países e o assunto será certamente tratado. A fonte afirmou ainda que o governo brasileiro havia sido avisado pela China em 10 de agosto que o país poderia abrir uma investigação antidumping.
O tema vinha sendo aventado há meses, e não foi exatamente uma surpresa. Na quinta-feira (17/8), o governo chinês enviou à embaixada brasileira em Pequim a nota sobre a ação antes de publicá-la.

Uma reação mais dura do governo só é esperada se os chineses levarem adiante a intenção de criar salva-guardas contra o frango brasileiro. Nesse caso, a questão pode ser levada para discussão na Organização Mundial do Comércio (OMC).

 

Fonte: Reuters

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