‘Brasil precisa de recursos humanos para avançar no setor leiteiro’, diz vice-presidente da SNA

 

“Por mais que se mecanize o esgotamento das vacas no processo de ordenha, teríamos um longo caminho a percorrer com a formação de pessoal habilitado para lidar com equipamentos mais sofisticados", diz Joel Naegele, vice-presidente da SNA
‘Teríamos um longo caminho a percorrer com a formação de pessoal para lidar com equipamentos mais sofisticados’, diz Joel Naegele, vice-presidente da SNA. Foto: Divulgação/SNA


O Brasil poderá ser, daqui a vinte anos, um dos grandes “global players” do mercado de leite. A afirmação é do vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, Joel Naegele.

Para ele, “a meta é difícil, mas não impossível”. Se por um lado o país atende às necessidades de crescimento em matéria de solo, clima e tecnologia, por outro, segundo o vice-presidente da SNA, “há dificuldades de grande porte, tais como a inexistência de recursos humanos e materiais, incluindo a carência de técnicos preparados para esse crescimento”.

De acordo com Joel Naegele, além de uma defasagem na relação custo/renda do produtor, existe uma desqualificação do material humano disponível, que se torna insubstituível. “Por mais que se mecanize o esgotamento das vacas no processo de ordenha, já bem avançado nos dias de hoje, teríamos um longo caminho a percorrer com a formação de pessoal habilitado para lidar com equipamentos mais sofisticados, que também já estão sendo disponibilizados”, afirma.

Outra dificuldade, segundo o vice-presidente da SNA, “será o esforço para reverter o esvaziamento do campo, com o oferecimento de vantagens que justifiquem essa decisão, ou atrair pessoas que se interessem por um tipo de trabalho que não tem descanso, isto é, todos os dias e possivelmente todas as noites, as pessoas terão de estar disponíveis, já que o trabalho para o alcance dessa meta é gigantesco”.

OBSTÁCULOS

Além da questão do esvaziamento do campo em muitas regiões brasileiras, Joel Naegele declarou que, em relação a alguns programas assistenciais, o atual governo cria dificuldades para o setor. “Benefícios concedidos, como o Bolsa Família, impedem as pessoas de trabalhar, sob a pena de perder essa vantagem, e isso constitui mais um fator de limitação para a produção leiteira.”

AVANÇO

Apesar da inexistência de dados mais atualizados, o vice-presidente da SNA reconhece que o setor leiteiro no Brasil avançou nos últimos anos. “O exercício de 2012 terminou com a expressiva marca de 32 bilhões de litros produzidos e crescimento de 12 bilhões de litros em relação a 2001. Atualmente, acredito que permanecemos nessa mesma faixa.”

No entanto, um fator que poderá melhorar essa perspectiva, na opinião de Joel Naegele, é que, de acordo com estatísticas conhecidas, a quantidade de produtores de um a cem litros diários representa, em várias unidades receptoras de leite, cerca de 70% do número de produtores que garantem em torno de 35% do total produzido.

“Nesse caso, um trabalho bem conduzido junto a esse grande contingente poderia aumentar de maneira significativa a produção”, diz. Para isso, segundo o vice-presidente da SNA, “é necessário um esforço conjunto reunindo empresas particulares que atuam na área, cooperativas leiteiras e a participação dos prefeitos que teriam de se comprometer com a manutenção das estradas vicinais em condições de tráfego por todo ano”.

CONSUMO

Pesquisa global sobre tendências da indústria do leite, realizada recentemente pela gigante sueca das embalagens, Tetra Pak Dairy Index, indica que o consumo de lácteos (leite, queijo e manteiga) deverá aumentar 36% na próxima década, alcançando, em 2024, cerca de 710 milhões de toneladas equivalentes em leite líquido.

Segundo o estudo, essa demanda crescente – favorecida, em grande parte, pelo avanço da população, maior prosperidade e urbanização na África, Ásia e América Latina – poderá superar a oferta, criar um déficit nos próximos dez anos, e levar a uma inevitável alta dos preços.

 

Por equipe SNA/RJ

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