A “simbiose” sino-brasileira no mercado de soja em grão, que começou a ser sedimentada na primeira metade da década passada, mostrou mais uma vez sua força em 2017. Dados divulgados pelo serviço aduaneiro do país asiático mostram que a China comprou 50.9 milhões de toneladas da oleaginosa do Brasil no ano passado, 33,3% mais que em 2016, e que o volume representou 56,3% das importações totais registradas. Estas somaram 95.5 milhões de toneladas, 13,8% acima do ano anterior.
A soja é o carro-chefe do agronegócio no Brasil, que lidera as exportações globais da matéria-prima. E a China absorveu 75% dos embarques brasileiros no ano passado, que bateram um novo recorde e se aproximaram de 68 milhões de toneladas. Em nenhum outro mercado agrícola no qual o Brasil tem relevância como exportador há um grau de dependência tão elevado.
Os EUA, que ocupam a segunda posição no ranking dos exportadores de soja, também são vice-líderes em vendas do grão para China, com 32.8 milhões de toneladas em 2017 – 36,3% do total comprado pelo país asiático. Os números oficiais chineses também confirmam que o país continua a priorizar as importações do grão em detrimento de derivados de valor agregado.
Isso porque, quando ficou evidente que precisaria de soja de fora para fabricar produtos como rações para aves e suínos, a China estimulou investimentos em unidades de processamento em suas fronteiras. Mesmo que em volumes menores, o óleo de soja importado pelos chineses sai principalmente do Brasil.
Em 2017, essas compras alcançaram 338.900 toneladas, ou 51,9% do volume total adquirido em outros países no ano. No caso do farelo, os chineses importaram apenas 61.200 toneladas em 2017. Seu fornecedor principal foi a Índia, que respondeu 68% do total. Brasil e EUA sequer aparecem na lista do serviço aduaneiro chinês.
Fonte: Valor Econômico