Boi gordo: recuperação do mercado será lenta, mas cenário começa a ficar favorável

Segundo o diretor técnico da Informa Economics IEG | FNP José Vicente Ferraz, o que tem prejudicado crescimento maior do setor é seguramente o fato de existir uma forte queda do consumo interno devido à crise econômica que gera grande limitação do poder aquisitivo dos consumidores. Foto: divulgação

Os preços baixos do boi gordo no mercado futuro, entre maio e junho, resultaram em um primeiro giro de confinamento negativo para o setor. Com a recuperação dos valores, que atualmente estão acima dos R$ 140 por arroba, o segundo ciclo anima os pecuaristas.

Porém, segundo o diretor técnico da Informa Economics IEG | FNP José Vicente Ferraz, neste segundo semestre de 2017, e muito provavelmente durante o ano de 2018, o grande “driver” de mercado deve continuar sendo a fraca demanda interna, muito penalizada pela crise econômica que limita o poder aquisitivo dos consumidores.

“A fraca demanda, ainda que as exportações estejam em patamar muito bom, faz com que os preços se mantenham contidos, mesmo com uma oferta de gado para abate bem abaixo das estimativas”, avalia o especialista.

Para ele, o que tem prejudicado um crescimento maior do setor é seguramente o fato de existir uma forte queda do consumo interno devido à crise econômica que gera grande limitação do poder aquisitivo dos consumidores.

Ferraz lembra que o Brasil não deixou, em momento algum, de ser um grande player no mercado mundial de proteínas animais (maior exportador de carne de frango, segundo maior de carne bovina se considerarmos a Índia a maior embora se acredite que as exportações da Índia são em sua maioria de carne de búfalo), e sexto de carne suína, mas ainda precisa de alguns ajustes para consolidar sua posição.

“Ajudaria muito se o Brasil tivesse, como muitos outros países, um programa permanente de promoção da carne brasileira no exterior e, principalmente, de esclarecimento quanto aos absurdos que são divulgados no exterior (infelizmente até certo ponto no País), de que a produção está desflorestando a Amazônia, que existe trabalho escravo sendo utilizado, entre outras imbecilidades”, analisa Ferraz.

CONFINAMENTO

Quanto aos confinamentos, segundo o diretor da IEG | FNP, o volume de animais confinados em 2017 – já que os números finais só serão fechados após o final do ano – deve ficar bem abaixo do inicialmente projetado.

“No início do ano tivemos uma queda expressiva dos preços pagos aos produtores e isso desestimulou muitos confinadores e, quando houve uma recuperação de preços, aparentemente, já era tarde para reverter a tendência de diminuição de animais em confinamento”, afirma Ferraz. Ele acrescenta que em 2018 é pouco provável que possa ocorrer um crescimento significativo para os confinamentos, uma vez que as perspectivas de reversão da crise econômica ainda são muito tênues.

CREDIBILIDADE

Para o especialista, aparentemente estão superadas as maiores restrições ao produto brasileiro, pois os números de exportações são muito bons. “A credibilidade do produto brasileiro parece ter se recuperado, se não total, muito próximo disto (talvez a exceção mais notável seja os EUA)”, observa. “Quanto ao mercado interno, depende de uma evolução positiva significativa do emprego e da renda dos consumidores.”

De acordo com o diretor da IEG | FNP, o fato de o Brasil ter um produto de qualidade com custo mais baixo que seus concorrentes, ajuda nesse processo retorno da credibilidade e retomada do crescimento. “Sem dúvida, a qualidade de nossos produtos, aliada aos baixos custos, já está ajudando muito nesse processo. Tanto que isso chega a despertar medidas protecionistas, como as anunciadas pela China (investigação de dumping) embora mais focada na carne de frango”, arremata.

Por Equipe SNA/SP

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