Aumento do custo de produção da soja exige cautela dos produtores

Analistas alertam que, apesar da escalada recente, os preços da soja ainda não recuperaram todo o terreno perdido no último ano. Em 12 meses, a oleaginosa perdeu quase um terço de seu valor na Bolsa de Chicago – o equivalente a quase US$ 4 por bushel – e, mesmo com problemas climáticos nos Estados Unidos, dificilmente voltará a operar nos níveis de um ano atrás no curto ou médio prazo.

“A demanda internacional continua forte e agressiva, mas a oferta mundial cresceu mais rápido do que o consumo”, compara o consultor da Cerealpar, Steve Cachia. No ano passado, a produção global da oleaginosa aumentou 12,4%, mas a consumo cresceu apenas 7%, segundo dados do USDA. Incremento ainda menor, de 4%, é projetado pelo órgão para este ano, mas diferença entre oferta e demanda, que em 2014/15 foi superavitária em quase 25 milhões de toneladas, deve cair a 11,6 milhões (t).

“É inegável que a conjuntura que temos hoje é bem melhor do que muitos imaginavam no final do ano passado, há 90 dias ou até 30 dias atrás. Mas o cenário atual não é necessariamente o mesmo que teremos após agosto [depois que a safra norte-americana começar a ser colhida], portanto a cautela é importante”, adverte Cachia. Ele recomenda ao produtor aproveitar os preços acima de US$ 10 em Chicago para garantir parte dos custos, que estão mais altos neste ano.

O dólar, antes jogando a favor do setor produtivo, agora assume o papel de vilão, encarecendo os gastos com a semeadura. Além disso, financiar o plantio também ficou mais caro após o aumento dos juros do crédito agrícola. As linhas do plano safra destinadas ao custeio da lavoura tiveram taxa base ampliada de 6,50% para 8,75%.

Com isso, comprada às margens de lucro das últimas temporadas, a rentabilidade da soja tende a ser menor neste ano. Estudo elaborado pela FCStone com base nos valores praticados em Mato Grosso mostra que cada tonelada da oleaginosa deve render aos produtores do estado R$ 88, metade do lucro obtido na safra passada e quase quatro vezes menos que o registrado três anos atrás.

“Se as condições de plantio [aplicação de insumos] tivessem permanecido as mesmas dos últimos anos, a margem seria reduzida, mas ainda positiva. Mas produtor está cortando custos”, detalha a analista Natália Orlovicin. Ela explica que, para obter rentabilidade melhor, os produtores devem reduzir os gastos com fertilizantes.

Fonte: Gazeta do Povo

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