Produtividade e qualidade são as maiores demandas da cadeia produtiva de carne bovina, principalmente quando acontece abertura de mercados mundiais para o Brasil, como é o caso da Rússia. Segundo Bernardo Reis, gerente comercial da Prodap, a única forma de o país suprir essa necessidade, com o mesmo rebanho instalado no país, é através do incremento de tecnologias aplicadas a todas as fases de desenvolvimento – cria, recria e engorda confinada – e algumas que seriam específicas de cada uma dessas etapas.
Para Reis, esta é uma grande oportunidade para o Brasil se consolidar nesse segmento “e, talvez, seja o momento mais importante de se primar por uma carne de excelente qualidade. Acredito que um dos nossos grandes desafios será conseguirmos promover uma qualidade diferenciada em relação às preferências mundiais, a um custo interessante para que possamos manter esses volumes de exportação em termos competitivos”.
INCREMENTO
Em sua opinião, “poderemos conseguir ter uma evolução muito grande nesse fator qualidade. Temos, obviamente, alguns produtores trabalhando em cima do quesito qualidade que atende ainda uma fatia muito pequena do mercado. Diria que temos, hoje, menos de 10% dos produtores que estão preconizando qualidade da carne produzida, não sanitariamente, mas com relação à maciez, idade ao abate, gordura, etc.”
O diretor da Prodap acentua que existe uma grande oportunidade para trabalhar a imagem da carne brasileira no exterior, não só com relação à qualidade, “por ela ser mais saudável do que uma carne extremamente marmorizada”, mas também no que diz respeito à sustentabilidade, dando ênfase à produção basicamente a pasto, “obviamente trabalhando o confinamento como uma terminação, mas uma carne produzida a pasto, uma carne verde. Vamos utilizar mais esse potencial de imagem da carne brasileira”.
Bernardo Reis explica que para aumentar a produtividade é necessário incrementar tecnologia em toda a cadeia, desde a produção das fazendas que têm como base a atividade de cria, produzindo maior índice de desmama, com o mesmo número de matrizes e peso maior à desmama desses animais desmamados, passando pela atividade de recria, incrementando mais o ganho de peso e reduzindo o tempo de permanência dos animais em recria nas propriedades. E, finalmente, até a ponta da cadeia, ainda no setor primário, que seriam os confinamentos, “onde, acreditamos, há uma necessidade muito grande de melhoria no controle dos seus processos para uma melhora produtiva de arrobas nessas operações”, diz.
TECNOLOGIAS
De acordo com ele, atualmente, os pecuaristas já têm a seu dispor tecnologias que os auxiliam alcançar maior produtividade com qualidade em seus rebanhos. Na cria, Reis destaca a intensificação no uso de uma genética de maior qualidade nos rebanhos. Tanto nas atividades de cria e recria, ressalta as tecnologias, hoje muito mais utilizados do que no passado.
“Os novos patamares do preço da arroba do boi gordo e do próprio bezerro permitiu que o produtor incrementasse o uso de tecnologias nutricionais, que permitem um aumento dessa performance, tanto do volume de bezerros desmamados, quanto à redução de permanência dos animais em recria, como também na melhor conversão alimentar dos animais confinados. Hoje, temos uma série de ferramentas nutricionais a serem utilizadas, seja diretamente no cocho ou na nutrição a pasto. A nutrição atua em toda a cadeia produtiva. É uma tecnologia importante”, esclarece.
Bernardo Reis destaca, ainda, tecnologias inovadoras que estão contribuindo na melhoria do desempenho dos rebanhos. Uma delas é customização de programas nutricionais conforme os desafios de cada propriedade. Outra engloba sistemas de softwares para gestão das fazendas. Estes softwares permitem que o pecuarista tenha não somente o controle da propriedade, mas também que ele consiga implantar de forma rápida processos de outras propriedades que já fazem com excelência aquela atividade que ele está procurando desenvolver. Uma terceira solução é de consultoria em gestão, que alia todos os processos de produção da através da fazenda, proporcionando a apuração de resultados financeiros das atividades.
Finalmente, chama a atenção, também, para a parte sanitária, “outro ponto que evita a concorrência de consórcios indesejáveis. Existem muitas tecnologias, hoje, em sanidade que podem ser incrementadas nessas diversas etapas”.
Equipe SNA/SP
