Arroz: mercado mantém relativa estabilidade, mas começa a valorizar a qualidade

Cleiton Evandro dos Santos/AgroDados

O mercado brasileiro de arroz se mantém pressionado pela safra nacional e a do Mercosul, que está em andamento diante da expressiva e concentrada oferta do grão em casca e do vencimento de contratos de financiamento direto.

No entanto, entre algumas oscilações, parte do comportamento pode ser avaliado como positivo ou “menos pior” do que o cenário visto há alguns dias. Os preços, em média, estabilizaram, e a indústria começou a buscar grão de qualidade superior.

Na Depressão Central, alguns produtores já foram sondados para a compra de variedades nobres, em especial o Inta Puitá, por preços entre R$ 39,00 e R$ 40,00 a saca (30 dias), para grão com mais de 60% de inteiros. São de R$ 3,00 a R$ 4,00 acima do que se oferecia há três semanas. Na Fronteira Oeste houve negócio, em pequena quantidade, por R$ 42,00 para pagamento em abril.

Ainda que isso também represente a menor valorização da variedade Irga 424, a mais plantada no Rio Grande do Sul, demonstra também que a indústria começa a buscar a formação de seus estoques estratégicos de grão superior.

O indicador ESALQ/Senar-RS, para os preços do arroz em casca em sacas de 50 quilos (58 x 10), no RS, chegou neste dia 15 de março a R$ 35,00, registrando uma leve queda de 0,2% acumulada no mês e com o seu menor preço em dólar: US$ 10,64 desde fevereiro. Nesta relação, a valorização do dólar para R$ 3,29 – a maior em mais de um mês, também ajudou.

Os R$ 35,00 também são os menores preços registrados em mais de um mês, porém, diante de uma expectativa de queda mais forte com o avanço da safra, a notícia não é da piores para o momento específico. No mercado livre há variações importantes.

A Fronteira-Oeste, o Sul e a Campanha estão com preços um pouco mais elevados em nossa amostragem do que pelo indicador oficial, praticando valores brutos de R$ 34,50 a R$ 35,75 (colocado). A colheita gaúcha, segundo a Emater/RS, bate em 13%.

Em Santa Catarina, o primeiro corte está praticamente encerrado, faltando a soqueira no Litoral Norte, e parte das lavouras plantadas mais tarde. No Tocantins, o problema tem sido o aparecimento de brusone nas cultivares do Sul. No Paraná, a variedade Irga 424 perdeu a resistência à doença, segundo agricultores e produtores.

Má notícia

Apesar do ótimo resultado das exportações, que acabaram neutralizando as compras na temporada comercial 2017/18, o Brasil está deixando de exportar por deficiência de logística. A concentração das exportações de soja pelos terminais graneleiros entre a segunda quinzena de março e o final de junho retira o espaço do arroz e faz com que as tradings percam oportunidades. Não só de arroz em casca, mas também de produto beneficiado.

Só uma das empresas está abrindo mão de uma carga por mês, para embarcar nos próximos quatro meses, por falta de condições de carregar o navio extra, já que a prioridade nos terminais é o embarque de soja. Esse volume corresponde a, aproximadamente, 10% do que o Brasil exportou de março de 2017 a fevereiro de 2018.

Uma exportadora de grão beneficiado também informou que, por causa da disputa de espaço nos terminais do porto e os riscos demasiados para carregar em abril e maio. não pode se habilitar à exportação de 45.000 toneladas. E isso afeta o mercado interno no pico de oferta, o que é extremamente negativo para toda a cadeia produtiva.

Mercado

A corretora Mercado de Porto Alegre indica preços médios de R$ 34,50 para o arroz em casca no Rio Grande do Sul, pouco abaixo do referencial identificado pela AgroDados/Planeta Arroz. Ao mesmo tempo, aponta R$ 76,00 para o grão beneficiado, branco, Tipo 1. A corretora mantém os preços dos quebrados de arroz estáveis, a R$ 53,00 o canjicão e R$ 43,00 a quirera, em sacas de 60 quilos.

No segmento, a informação é de que o Brasil só não tem exportado volume maior de quebrados por falta de produto no mercado. A exportação tem disputado produto com a indústria de rações animais. O farelo de arroz apresentou leve reação e chega a R$ 380,00 a tonelada.

Preço ao consumidor

Os preços médios ao consumidor têm oscilado, mas há uma evidente queda no volume de ofertas no Brasil Central. Talvez pelo pico de entressafra e a retração nas importações do Paraguai. Média de R$ 9,99 para os menores preços, ofertas em boa parte das capitais, e entre R$ 11,00 e R$ 12,00 para o valor mais comum encontrado. Enquanto isso, os picos de preços chegaram a bater em R$ 22,00 para marcas consideradas nobres.

 

Fonte: Planeta Arroz

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