Arroz: mercado começa a ceder frente à pressão de colheita

Demorou mais do que o esperado, mas as referências de preços no mercado de arroz do Sul do Brasil começaram a ceder paulatinamente e encerraram a primeira quinzena de fevereiro abaixo dos R$ 49. As incertezas quanto à produtividade a ser alcançada na safra gaúcha, o atraso na germinação em regiões importantes – e do plantio na Depressão Central -, além dos baixos estoques de passagem e a pequena disponibilidade de grão, ainda na mão dos produtores, determinou um cenário bastante ajustado e o alongamento do prazo com o grão valorizado.

Começar a colheita, que ainda não alcança 10% da área, com preços próximos de R$ 50 é um fator positivo, pois pode indicar que as cotações não cairão tanto nesta temporada, ainda que a Conab tenha ampliado em 500 mil toneladas a sua previsão de safra nos dois últimos levantamentos. Quando o patamar de queda é menor, a recuperação de preços a partir do segundo semestre tende a ser mais rápida e ultrapassar o teto anterior.

Esta semana também houve uma boa notícia para as exportações. Apesar de fechar janeiro com déficit na balança comercial do cereal, o Brasil conseguiu exportar 80 mil toneladas, o que é pouco perto das 120 mil toneladas importadas. Mas, o déficit de 40 mil é pequeno perto do que poderia ocorrer em função da baixa competitividade do grão brasileiro no mercado internacional. Ainda que com dificuldades, o Brasil consegue manter o fluxo de embarques e enxugar o risco de um avanço nos estoques, o que mantém o mercado interno com equilíbrio de preços ao produtor.

O indicador Esalq/Senar – RS alcançou a cotação de R$ 48,99 para a saca de arroz de 50 quilos (58 x 10) à vista, colocada na indústria, na terça-feira (14), acumulando queda de 1,3% na primeira quinzena de fevereiro. Em dólar, a saca também recuou para US$ 15,82, apesar do comportamento do câmbio. A expectativa é de que a baixa se acentue na medida em que a safra avançar e aumentar a pressão de oferta.

Há uma evidente demanda das indústrias de fora do Rio Grande do Sul, que estão prospectando aquisições e aceitando pagar até R$ 0,50 acima da média oferecida pelas empresas gaúchas, dentre as quais muitas estão fora do mercado, abastecidas, esperando o aumento da oferta e a retração de preços para entrarem comprando e formando estoques. No mercado livre, os preços médios ao arrozeiro ficam entre R$ 48 e R$ 48,70.

Nesta quinta-feira (16), começa em Cachoeirinha (RS) a abertura oficial da colheita do arroz. A expectativa é de que, a partir do evento, o mercado tenha maior clareza com as informações da política setorial e com os debates que lá serão realizados. Números mais próximos da safra deverão ser divulgados, e além disso serão consolidados os mecanismos de comercialização.

No mercado internacional, janeiro marcou queda de preços na Tailândia e no Vietnã, ainda disputando mercados e baixando preços, enquanto houve alta na Índia e no Paquistão por causa da demanda maior do Oriente Médio por arroz basmati e outros aromáticos.

Mercado

A corretora Mercado de Porto Alegre indica preços estáveis no Rio Grande do Sul, com a saca de arroz em casca (50 kg, 58 x 10) cotada a R$ 49 à vista, e a saca de 60 quilos do cereal beneficiado (branco, tipo 1, sem ICMS), alcança R$ 98, estável. Entre os subprodutos e derivados, o canjicão mantém cotação linear de R$ 48, e a quirera fica em R$ 47, ambos em sacas de 60 quilos. A tonelada de farelo de arroz, colocada em Arroio do Meio (RS), é cotada a R$ 540.

 

Fonte: Planeta Arroz

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