Arroz: Brasil pode ganhar fôlego nas exportações com novo cenário de preços

A convergência de fatores importantes, como preços internacionais mais altos, cotações em dólar mais baixas no mercado doméstico, o câmbio mantendo a moeda estadunidense acima de R$ 3,30 deve ampliar as oportunidades de exportação de arroz para o Brasil. A análise é de Tiago Sarmento Barata, diretor comercial e industrial do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).

Ele considera que a conjuntura formada pelos cenários internacional e nacional segue uma tendência de o Brasil retomar a competitividade. E isso, paulatinamente, influenciará a recuperação dos preços internos. “Agora temos melhores condições competitivas e o Brasil precisa aproveitar o momento para exportar. Só a exportação pode nos trazer reação nas cotações de forma mais rápida”, explica “Temos uma situação na qual os preços na Ásia estão aumentando por causa da elevação da demanda de países como Bangladesh, Filipinas, do Oriente Médio e da África e pela redução dos estoques dos grandes fornecedores mundiais, caso da Tailândia, Vietnã e Índia”, disse.

“Além disso, há uma quebra considerável, próximo a 15% na produção de grão longo fino nos Estados Unidos por fatores climáticos, políticos e econômicos”, disse.

Outro fator que mexe com o mercado global é a concentração de metade dos estoques internacionais na China. O gigante asiático, os mantem e não deve se desfazer destes grandes volumes, exceto para seu próprio abastecimento, garantia de segurança alimentar e pequenas remessas de interesse estratégico. Isso estabelece uma conjuntura na qual a real disponibilidade de arroz para o mercado mundial se torna muito mais ajustada à demanda, trazendo uma nova concepção de dimensionamento de preços e capacidade de abastecimento de todos os demais países.

Com o preço do arroz lá fora subindo em dólar, e já alcançando as cotações das Américas, o Mercosul vive uma situação inversa com relação ao mercado brasileiro. Os altos custos de produção e as baixas cotações, inclusive em dólar, do mercado brasileiro, comprimem os preços no Cone Sul. A safra do Paraguai reduziu por problemas climáticos e de crédito, e com um bom volume já exportado, isso reduz as suas disponibilidades para o segundo semestre.

Ainda segundo o dirigente, a relação entre o alto custo de produção do Mercosul (entre US$ 10,00 e US$ 12,50 por saca, excluindo frete, etc… e os baixos preços atualmente praticados no Brasil, na faixa de US$ 12,00) reduzem a competitividade da Argentina, Uruguai e até do Paraguai, que precisou baixar os preços para continuar competitivo neste primeiro semestre.

“Mas, estes US$ 12,00 de referência interna tornam o grão brasileiro mais interessante aos importadores diante da alta dos preços asiáticos e norte americanos e da qualidade do grão nacional”, disse Tiago Sarmento Barata. Segundo ele, o fator que joga contra no momento é a credibilidade do país, que por causa das questões políticas gera desconfiança nos compradores. “Por outro lado, são exatamente estas turbulências que vêm mantendo o dólar num patamar mais alto”.

América

Para Pércio Grecco, da trading Rice Brazil, o Brasil vem reconquistando lentamente a participação no mercado da América Central para arroz em casca e beneficiado por causa do aumento nos preços dos Estados Unidos. Mas, lembra que para as tradings conseguirem escoar um volume mais importante é preciso que o dólar se mantenha dos patamares atuais para cima. Guilherme Gadret da Silva, da Corretora Expoente, de Pelotas os preços brasileiros estão mais próximos das cotações dos fornecedores da Ásia, e isso pode retomar a competitividade com o mercado africano. “A alta nos preços dos Estados Unidos por causa da redução de área, perdas com o excesso de chuvas e áreas que por fatores climáticos também deixaram de ser plantadas, reflete de forma mais rápida na nossa competitividade para a América Central e a América do Sul”, disse.

USDA

Há pouco mais de uma semana o USDA estimou que para o próximo ano comercial o Brasil deve retomar o superávit na balança comercial do arroz, exportando mais do que importa.

 

Fonte: Planeta Arroz

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