Arranjo econômico do novo governo deve favorecer agro, prevê diretor da SNA

Diretor técnico da SNA, José Milton Dallari afirma que “o agronegócio continuará contribuindo para o saldo positivo da balança comercial, ajudando a PIB brasileiro a não ser ainda menor”. Foto: Divulgação
Diretor técnico da SNA, José Milton Dallari afirma que “o agronegócio continuará contribuindo para o saldo positivo da balança comercial, ajudando a PIB brasileiro a não ser ainda menor”. Foto: Divulgação

Os impactos das mudanças esperadas na macroeconomia brasileira serão muito benéficos para a agricultura e a pecuária. É o que acredita o diretor técnico da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) José Milton Dallari, ao analisar o novo cenário que começa a se desenhar com o governo do presidente interino Michel Temer.

“Com a redução da taxa de juros, o custo fica menor e incentiva o aumento da produção visando a exportar mais. O agronegócio continuará contribuindo para o saldo positivo da balança comercial, ajudando a PIB brasileiro a não ser ainda menor”, avalia.

Para Dallari, o câmbio de equilíbrio para as exportações brasileiras, tanto para a indústria como para a agropecuária e o comércio, seria de US$ 3,70, patamar que deve ser atingido ao longo do segundo semestre deste ano, dependendo do arranjo econômico feito pelo governo. “A expectativa é chegar ao fim de 2017 com o câmbio na faixa de quatro dólares.”

Com os novos números que estão na mesa (US$ 170,5 bilhões), o diretor da SNA afirma que o governo terá de tentar, de qualquer maneira, a aprovação do Congresso Nacional para fechar o ano com este déficit.

“Além de buscar R$ 100 bilhões no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), terá de se esforçar para eliminar a incidência da desvinculação de receitas da União (DRU) e, efetivamente, batalhar para reformular o orçamento nesta proposta que ele está fazendo de correção futura de despesas do governo, somente com base na inflação. Isto deve valer também para os Estados e municípios”, salienta ele, citando algumas barreiras que devem ser rompidas, com o intuito de colocar “a casa” em ordem.

 

CORREÇÃO DO DÉFICIT PÚBLICO

Na visão de Dallari, este é o ponto nevrálgico da discussão: “De que maneira nós vamos corrigir esse déficit público e onde buscar 70 bilhões para compor o déficit do Tesouro?”, questiona e responde: “provavelmente, através da redução de custos efetivos, de custo com pessoal terceirizado e de custo com alguns investimentos, senão não conseguiremos fechar essa conta”, preconiza.

“Se o governo conseguir aprovar as medidas na Câmara dos Deputados e o Congresso votar, vai ajudar muito a resolver a questão do déficit público. E com o orçamento em patamares iguais aos da inflação, a expectativa é que a despesa do governo caia entre dois e três anos, mas, de qualquer forma, vai terminar o mandato e ainda terá muita coisa por fazer”, destaca.

Para ele, em consequência destas medidas, a inflação vai cair, mas não de forma substancial – deve ficar entre 8,5% e 9%, em 2016, atingir 6% a 7%, em 2017, e alcançar o centro da meta de 4,5% em 2018. “Outro reflexo será queda da taxa de juros, que deve voltar aos patamares de 9% a 10%/ano em três anos”, prevê.

 

SEGURO E CRÉDITO RURAL

Dallari não espera mudanças em relação ao seguro rural. “Não vi nenhuma sinalização neste sentido. Aliás, o seguro rural brasileiro continua capengando, ainda é restrito aos produtores de grãos e o governo não dá bola para as outras culturas, mas a agricultura brasileira não é somente feita de grãos”, reclama.

Quanto ao crédito para ao setor – o Plano Safra 2016/2017 prevê R$ 202,88 bilhões para a cadeia produtiva agropecuária –, o diretor técnico da SNA faz uma ressalva: “Apesar de ser extremamente divulgado, os pequenos e os médios produtores vão aos bancos, mas não conseguem financiamento; os bancos estão mais seletivos exigindo garantias cada vez maiores.”

 

Por equipe SNA/SP

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