Após dia volátil, dólar termina em leve alta acompanhando o exterior

O dólar comercial fechou em leve alta de 0,12%, cotado a R$ 3,2803 para compra e a R$ 3,2811 para venda, com máxima a R$ 3,3038 e mínima a R$ 3,2568, com o mercado aproveitando o nível de preço para vender moeda após ela ter ido a R$ 3,30 sob a influência externa, ainda em meio à percepção de aperto mais intenso de juros nos Estados Unidos.

“O exterior influenciou, mas o mercado chamou vendas nos R$ 3,30 e isso aliviou”, disse um profissional da mesa de câmbio de corretora local, ao chamar atenção para a volatilidade que marcou os negócios tanto aqui quanto lá fora nesta sessão.

No exterior, o Dollar Index atingiu a máxima de duas semanas mais cedo, com o mercado buscando a relativa segurança em meio à queda das ações europeias.

Nos últimos dias, dados mais fortes sobre a economia norte-americana elevaram a percepção de que o Federal Reserve pode aumentar o ritmo de alta de juros no país, ainda mais com US$ 300 bilhões que serão jogados na economia após a aprovação do orçamento pelo Senado do país, na véspera.

Nesta tarde, o presidente do Federal Reserve de Nova York, William Dudley, disse que enquanto a economia dos Estados Unidos continuar crescendo acima da tendência neste ano ele estaria a favor de outro aumento da taxa de juros na reunião de março do banco central dos EUA.

No mercado internacional, por volta das 17h30 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em leve queda de 0,07%, cotado aos 90,10 pontos, enquanto o euro estava praticamente estável, em alta de 0,02%, cotado a US$ 1,2264.

Internamente, o mercado seguiu de olho nas negociações para a reforma da Previdência. O governo ainda não conseguiu reunir os 308 votos necessários para aprovar o texto, em votação marcada para depois do Carnaval.

O Banco Central vendeu integralmente a oferta de 9.500 contratos de swap cambial tradicional para rolagem do lote que vence em março. Com o leilão de hoje, o BC já rolou US$ 1.425 bilhão dos US$ 6.154 bilhões que vencem no mês que vem.

Com exterior, juros de longo prazo sobem

Os contratos futuros de taxas de juros de prazos mais longos voltaram a sentir o peso da aversão ao risco no exterior e subiram nesta quinta-feira (8). Com isso, contrariam as expectativa do mercado, que, na noite quarta-feira (7), previa a redução da inclinação da curva de DI, após a sinalização do Banco Central do fim do ciclo de afrouxamento monetário.

Da mesma forma, os juros curtos, mais sensíveis às expectativas para as decisões da Selic dos próximos meses, também desafiaram as previsões do mercado feitas ontem e caíram. O motivo foi o IPCA de janeiro, que veio mais baixo que o esperado, renovando o fôlego dos que veem Selic de 6,5% em março.

Enquanto o debate sobre o rumo da Selic em março segue em aberto, apesar da indicação do COPOM de término do ciclo de queda dos juros, o que parece mais consenso entre analistas é a maior chance de o juro básico não subir ao longo do ano. Na curva de DI, a Selic projetada para o fim do ano caía hoje, a 7,84%, contra 7,96% ontem e 8,2% recentemente.

“Ainda há prêmio de risco, mas ele está diminuindo”, disse Pedro Barbosa, estrategista de renda fixa da Renascença. Isso explica a firme queda do DI janeiro/2019, cuja oscilação desta quinta-feira foi expressiva para um contrato de curto prazo. Ao fim do pregão regular, às 16h, o DI janeiro/2019 caía para 6,735% ao ano (6,805% no ajuste anterior).

Segundo o profissional, os contratos de cupom de IPCA negociados na BM&F, que medem a diferença entre a taxa DI e a variação do IPCA no período, embutem nesta quinta-feira inflação entre 3,5% e 3,6% para 2018. Ontem, os derivativos projetavam IPCA de 3,78%. As taxas já se encontram abaixo do centro da meta de inflação para este ano, de 4,5%.

Alguns analistas, no entanto, mostram ceticismo sobre a probabilidade de novo declínio do juro em março. “Não é um IPCA ou dois que vai mudar a política monetária. Esse BC não age de reunião a reunião”, disse uma fonte de uma asset com patrimônio líquido acima de R$ 2 bilhões.

Além da incerteza sobre um cenário de inflação baixa ao ponto de levar a novo corte de juros, o profissional da gestora acredita que o BC não contemplou integralmente os efeitos da recente piora nos mercados financeiros internacionais.

“O exterior piorou por quatro dias até a quarta-feira. Então acho que por ora não pesou tanto no cenário do BC. Mas a questão pode pesar mais se os mercados lá fora continuarem mais voláteis.”

Nesta quinta-feira, os mercados de ações em Wall Street voltaram a sofrer com onda de vendas, enquanto os juros dos Treasuries se mantêm pressionados e ativos considerados seguros, como iene, ouro e franco suíço, registraram boas altas.

Às 16h, o DI janeiro/2020 recuava para 7,990% (8,05% no ajuste anterior). O DI janeiro/2021 tinha taxa de 8,860% (8,87% no ajuste anterior). Puxado pelo exterior mais arisco, o DI janeiro/2023 subia para 9,610% (9,57% no ajuste anterior).

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