Aplicativo pode ajudar na recuperação de florestas

Os cálculos da plataforma #Quantoé? plantar floresta também levam em conta a compra de mudas e sementes, a mão de obra, os materiais, as máquinas e equipamentos e a assistência técnica. Foto: Divulgação
Os cálculos da plataforma #Quantoé? plantar floresta levam em conta a compra de mudas e sementes, a mão de obra, os materiais, as máquinas e equipamentos e a assistência técnica. Foto: Divulgação

Recuperar 12 milhões de hectares de florestas até 2030. Este foi um dos compromissos assumidos pelo governo brasileiro durante a 21ª Conferência do Clima (COP21), realizada no ano passado, em Paris. Para auxiliar no cumprimento dessa meta, após estudos da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, foi desenvolvido, pelo Instituto Escolhas, o aplicativo Plataforma Digital #Quantoé?.

“Pensando em ampliar ainda mais essa compreensão, desenvolvemos a Plataforma Digital #Quantoé?, para disponibilizar para toda a sociedade os estudos realizados pelo instituto, permitindo que cada pessoa, usando computador, celular ou tablet, possa acessar os dados pesquisados de forma aberta e facilitada, gratuitamente, pelo site www.escolhas.org”, informa Sérgio Leitão, diretor do Instituto Escolhas.

“Trata-se de uma ferramenta simples, amiga do usuário, que se molda à sua realidade e é tecnicamente bem-feita, com dados consistentes, baseados em pesquisas e estudos de cientistas, agrônomos, economistas e especialistas”, ressalta o idealizador do app.

Conforme explica, além de ajudar calcular o valor necessário para recuperar a área que foi desmatada nas propriedades rurais, a plataforma #Quantoé? plantar floresta também determina a receita que a exploração econômica do plantio da floresta pode gerar.

“Outro objetivo da plataforma é também demonstrar que plantar floresta não precisa mais ser encarado como um ônus, um custo, e sim um investimento”, informa Leitão.

 

COMO USAR

Para usar a plataforma, basta selecionar no mapa a macrorregião onde está a área a ser recuperada, inserir o tamanho (em hectares) e a plataforma apresenta oito modelos de recuperação de floresta para que o proprietário possa escolher uma.

“Dividimos o País em dez macrorregiões (Amazônia Ocidental, Amazônia Oriental, Pantanal, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica litoral Nordeste, Mata Atlântica do Interior Estacional, Mata Atlântica Litoral Sul-Sudeste, Mata Atlântica Interior Auracária e Pampa)”, conta o diretor do Instituto Escolhas.

Segundo ele, este processo ainda pode ser feito levando em consideração o grau de degradação da terra, se vai precisar ou não de cerca para isolar a área a ser restaurada, bem como a finalidade do investimento (recuperar área de preservação permanente, de reserva legal, florestamento).

De acordo com Leitão, a plataforma permite ainda combinar diferentes modelos de replantio de floresta com o uso de percentuais variados para cada um deles, o que deixa o usuário com ampla liberdade para organizar o cardápio da recuperação de sua propriedade.

“Além disso, pode-se fazer o cálculo de maneira mais simples, quando só se quer saber o valor da recuperação, ou de forma mais complexa, o que se faz com a utilização da taxa de desconto, que permite uma análise da viabilidade do investimento olhando o prazo da sua duração.”

 

Diretor do Instituto Escolhas, Sérgio Leitão afirma que outro objetivo da plataforma é também “demonstrar que plantar floresta não precisa mais ser encarado como um ônus, um custo, e sim um investimento”. Foto: Divulgação
Diretor do Instituto Escolhas, Sérgio Leitão afirma que outro objetivo da plataforma é também “demonstrar que plantar floresta não precisa mais ser encarado como um ônus, um custo, e sim um investimento”. Foto: Divulgação

CÁLCULOS

Os cálculos da plataforma #Quantoé? plantar floresta também levam em conta a compra de mudas e sementes, a mão de obra, os materiais, as máquinas e equipamentos e a assistência técnica.

“Já a receita, foi calculada a partir do preço da madeira em pé, descontando o seguro florestal e os impostos, o que foi obtido a partir das médias de preços por macrorregião e pesquisas na literatura especializada”, informa Leitão, acrescentando que, a rigor, a previsão é de que os valores sejam investidos em até sete anos e meio, depois de iniciado o plantio, e a obtenção de receitas ocorra até 50 anos.

 

PRODUTIVIDADE

Outra questão relevante, de acordo com o engenheiro florestal e um dos responsáveis pelo conteúdo da plataforma, Eduardo Gusson, diz respeito ao modo como se estabelece a média da produtividade das árvores a serem plantadas em cada modelo de recuperação, visto que é a quantidade do que será explorado que determinará o maior ou menor retorno do investimento que for feito.

“A produtividade varia em função das condições do solo, clima, bem como das práticas silviculturais, sendo recomendável, como fizemos nas análises para a plataforma, certo grau de conservadorismo nas estimativas de produtividade para as espécies nativas que integram cada um dos modelos”, explica Gusson.

De acordo com o engenheiro florestal, o mesmo cuidado foi observado em relação à fixação dos preços da madeira a ser explorada: “O maior valor foi estabelecido para as madeiras com ciclo de 35 anos”.

“No futuro, caso as condições de governança ambiental do País melhorem, poderemos obter preços maiores para a venda dessa madeira, em razão da valorização da exploração oriunda de áreas de manejo sustentável, que hoje sofre a concorrência desleal da extração ilegal, com seus baixos custos de produção, que se resumem basicamente ao corte e transporte das árvores.”

 

POLÍTICAS PÚBLICAS

“Ao sistematizar informações em uma base de dados de acesso facilitado, além de fornecer os valores do plantio de árvores para todo o Brasil, a plataforma é um instrumento importante para o desenho das políticas públicas que precisam ser estabelecidas para dar conta de cumprirmos a meta de recuperar 12 milhões de hectares de florestas”, ressalta Leitão.

Ele lembra que essa tarefa, vai exigir, dentre outras coisas, financiamento para estimular o produtor rural a ver o plantio de árvores nativas como uma atividade econômica rentável, o que é fundamental para a melhoria dos resultados quando se calcula a taxa de desconto de cada investimento.

“Não é uma meta simples de cumprir. Para se ter uma ideia, para recuperar essa área é preciso que sejam plantadas 8 bilhões de árvores. Isso é quase o tamanho da Inglaterra”, relata Leitão, que estima o investimento a ser feito em R$ 56 bilhões.

“Deste montante, R$ 6 bilhões viriam da arrecadação de impostos, R$ 28 bilhões de receita proveniente da venda de madeira de reserva legal e os outros R$ 22 bilhões seriam supridos pelo governo ou pela iniciativa privada.”

 

INVESTIMENTOS

O diretor do Instituto Escolhas informa que foram investidos R$ 60 mil para desenvolver a plataforma e que, mesmo com pouco tempo de vida (o aplicativo foi lançado há menos de um mês), a adesão do produtor já alcança números expressivos.

“A plataforma acabou de nascer, só estamos na segunda semana após o seu lançamento, porém, neste curto período, verificamos um aumento de mais de 70% no número de acessos ao conteúdo da plataforma, o que é um índice bastante expressivo do interesse”, analisa Leitão.

 

Por equipe SNA/SP

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