Apiecoturismo: um novo negócio para produtores de mel no Brasil

Apiecoturismo é importante para a apicultura nacional, pois incentiva a conscientização ambiental a respeito do desaparecimento de certas espécies de abelhas, que são importantes para a produção agrícola. Foto: Divulgação

Produtores de mel vêm encontrando novas oportunidades para ampliar seus negócios, dentre eles o apiecoturismo, um tipo de turismo rural que conta com a presença de abelhas e dos próprios apicultores, durante as visitações. No país, a atividade está em franco crescimento há cerca de dez anos, principalmente, nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste.

“Trata-se de uma opção para aumentar a renda na propriedade rural, tanto por meio das soluções de turismo quanto pelo estímulo ao consumo de produtos apícolas”, aponta o relatório “Apiecoturismo: oportunidade de negócio”, publicado no último dia 16 de maio, pelo Sistema de Inteligência Setorial (SIS) do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Essa recente atividade do agronegócio também é bastante praticada em outros países, como Eslovênia, Espanha e Portugal.

“Na Eslovênia, por exemplo, foi criado um projeto chamado Api Routs, com o objetivo de proporcionar uma experiência autêntica que une destinos verdes, apicultura e viagem. Além disso, é o primeiro e único país a certificar as empresas fornecedoras de apiturismo”, relata Fernanda Bichel, analista de Inteligência do SIS/Sebrae, em entrevista à equipe SNA/RJ.

 

INCENTIVO

A especialista defende que, “pelo apiecoturismo, é possível fornecer uma educação não formal sobre a preservação das espécies existentes, hoje, no Brasil e, ao mesmo tempo, incentivar o consumo de produtos apícolas, aumentando a demanda dos pequenos e médios produtores, além de agregar valor ao apiário”.

O apiecoturismo é importante para a apicultura nacional, pois incentiva a conscientização ambiental a respeito do desaparecimento de certas espécies de abelhas, que são importantes para a produção agrícola. Segundo a Embrapa Pantanal (MS), a extinção de alguns insetos do gênero vem sendo causada pelo uso indiscriminado de defensivos agrícolas, por algumas doenças, pelo desmatamento e pelas mudanças climáticas.

 

“Pelo apiecoturismo, é possível fornecer uma educação não formal sobre a preservação das espécies existentes, hoje, no Brasil e, ao mesmo tempo, incentivar o consumo de produtos apícolas, aumentando a demanda dos pequenos e médios produtores, além de agregar valor ao apiário”, comenta Fernanda Brichels, analista de Inteligência do SIS/Sebrae. Foto: Divulgação

ORIENTAÇÕES

Para investir no apiecoturismo, a analista de Inteligência do SIS/Sebrae faz algumas recomendações: “É importante que o apicultor tenha cuidado com os seguintes pontos: localização do apiário que, de preferência, deve estar distante da hospedagem para evitar acidentes; disponibilizar equipamentos de segurança, que incluem as vestimentas de proteção, para que os turistas possam fazer as visitas de forma segura”.

Ela ainda indica: “Se na propriedade também é produzido algum produto apícola específico, é interessante apresentar como ele é desenvolvido e também ter um espaço para comercializar esses produtos”.

A atividade voltada para o turismo apícola tem como foco famílias e pessoas que queiram experiências diferentes no meio rural. “O apiecoturismo também pode diversificar a oferta turística da propriedade como, por exemplo, com o turismo pedagógico. Nesse caso, as abelhas nativas sem ferrão podem ser uma ótima opção para crianças e acadêmicos ligados à biologia”, informa o relatório do SIS/Sebrae.

 

INVESTIMENTOS

Em termos de investimentos no novo negócio, Fernanda ressalva que, por enquanto, é difícil estimar um valor indicativo para o empresário rural: “O ideal é que ele faça visitas a outras propriedades, que adotaram esse modelo de negócio, para verificar quais adequações ele precisará fazer em sua propriedade, antes de iniciar a atividade”.

“Pontos como hospedagem, equipamentos de segurança, pessoal para atendimento e serviços – como o de alimentação e transporte – devem ser considerados por ele.”

Sobre a divulgação para futuros turistas, Fernanda salienta que “o investimento dependerá do meio selecionado e das possibilidades de parcerias com outros empresários, associações e órgãos do setor, tanto de apicultura quanto de turismo”.

 

EXEMPLOS DA ATIVIDADE

De acordo com o relatório do SISA/Sebrae, algumas de atividades no meio rural exemplificam o apiecoturismo, tais como: visitação ao apiário para conhecer a abelha rainha, o zangão e as operárias; colheita do mel, envolvendo a desoperculação, centrifugação, filtragem e envase; oficina de culinária com uso do mel.

Ainda incluem: oficina de velas de cera; degustação de comidas e bebidas com mel; passeio pela rota apícola na propriedade, conhecendo o percurso do mel; visitação em loja que oferece diversos produtos apícolas (de alimentos e bebidas a cremes hidratantes e sabonetes); entre outros.

“O importante é proporcionar novas experiências ao turista e fazer com que ele ‘bote a mão na massa’, pois o chamado turismo criativo é cada vez mais procurado e tende a se desenvolver nos próximos anos”, indica o relatório “Apiecoturismo: oportunidade de negócio”.

 

DICAS E ORIENTAÇÕES PARA INVESTIDORES

O SIS/Sebrae também oferece dicas ao apicultor, em relação ao turismo criativo, que engloba o desenvolvimento de atividades que envolvam o turista e a apicultura, sempre pensando em promover novas experiências.

“Os turistas tendem a utilizar as mídias sociais para divulgar o que têm feito, e isso pode ajudar seu negócio a se desenvolver ainda mais.”

Quanto ao turismo em si, primeiramente, é necessário que o produtor identifique, em si mesmo, o perfil para investir no turismo. Caso conclua que tem, ele deve participar de cursos de capacitação para compreender o turismo, o perfil dos turistas e os atrativos de seu Estado, até mesmo para selar parcerias com outras empresas, conforme aponta o relatório do Serviço de Inteligência Setorial.

Em relação à estrutura física, a sugestão é para que o apicultor invista no conforto e na segurança dos visitantes; tenha inúmeras roupas para a atividade apícola, visando atender aos visitantes; avalie a distância das colmeias da hospedagem, para evitar perigos.

“É interessante também investir em lojinhas/espaços para venda de produtos típicos e da apicultura, assim é possível diversificar ainda mais os negócios e ampliar o ticket médio dos visitantes.”

Para a comunicação, a sugestão é contratar um profissional que ficará responsável pela promoção do novo negócio. “Uma das formas de fazer isso é por meio das mídias sociais, em que há o contato direto com potenciais clientes.”

No que diz respeito à operação, uma forma de operacionalizar as atividades turísticas e apícolas é dividir o trabalho. “Nesse sentido, enquanto alguns ficam encarregados pelo turismo, outros se mantêm na produção do mel.”

Para mais detalhes sobre o relatório “Apiecoturismo: oportunidade de negócio”, acesse ow.ly/yfCP30c8mkb (link encurtado).

 

Equipe SNA/RJ com informações do SIS/Sebrae

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