Ações preventivas podem melhorar saúde de homens e mulheres no campo

“Observamos que, apesar de ser uma patologia que atinge milhares de homens todos os anos, há uma falta de conhecimento em relação aos métodos de detecções precoces da doença. Foto: Divulgação Sistema Faeg/Senar
“Observamos que, apesar de ser uma patologia (câncer de próstata) que atinge milhares de homens todos os anos, há uma falta de conhecimento em relação aos métodos de detecções precoces da doença”, diz destaca Pollyana Ferreira, coordenadora de Ações e Projetos do Senar Goiás. Foto: Divulgação Sistema Faeg/Senar

O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não melanoma, no Brasil. Em valores absolutos, é o sexto tipo mais comum no mundo e o mais incidente no sexo masculino, representando cerca de 10% do total deste problema de saúde.

Já o câncer do colo de útero é o terceiro tumor mais frequente na população feminina, atrás apenas do câncer de mama e do colorretal, e a quarta causa de morte de mulheres por esta doença, no País, conforme dados do Instituto Nacional do Câncer.

De acordo com o Inca, no caso do câncer de próstata, a taxa de incidência é quase seis vezes maior nos países desenvolvidos, em comparação às nações em desenvolvimento. É o que destaca Pollyana Ferreira, coordenadora de Ações e Projetos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás), em entrevista à equipe SNA/RJ. Ela defende ações preventivas que podem melhorar a saúde dos homens e das mulheres que trabalham no campo.

“Observamos que, apesar de ser uma patologia que atinge milhares de homens todos os anos, há uma falta de conhecimento em relação aos métodos de detecções precoces da doença. E uma grande parcela da população masculina só busca atendimento médico quando os sintomas já estão instalados”, alerta.

De olho na saúde do trabalhador no campo que, muitas vezes, têm menos acesso às informações em comparação ao da cidade, o Senar Nacional vem desenvolvendo o “Programa Especial Saúde do Homem”, promovido em parceria com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). O objetivo é disseminar informações sobre os cuidados e as atitudes que devem ter tomadas para evitar doenças, como o câncer de próstata, e ter mais qualidade de vida.

 

PRECONCEITO

Ainda tratando da saúde do homem no campo, Pollyana ressalta outro empecilho, principalmente, em relação ao câncer de próstata: o preconceito ainda existente.

“Os homens, na maioria das vezes, não querem se submeter a uma situação que seria “vexatória” e constrangedora. Muitos têm conhecimento dos riscos existentes, mas deixam de fazer a triagem necessária, como forma de prevenção ao câncer de próstata, por exemplo”, salienta a coordenadora.

Segundo ela, “ainda podemos constatar, durante atendimentos em zonas rurais, que a grande maioria faz apenas o exame PSA (Antígeno Prostático Específico), não realizando o toque retal e ultrassonografias”. “Os índices, por isto, acabam aumentando consideravelmente a cada ano.”

Na opinião de Pollyana, faltam informações voltadas para o homem e a mulher do campo, nas mídias convencionais.

“Não é com frequência que são veiculadas notícias ou artigos a respeito da saúde do trabalhador rural nos meios de comunicação mais comuns e procurados pela população geral. Já nos meios de comunicação das instituições e entidades, que trabalham com este público (produtores e trabalhadores rurais), elas são mais comuns”.

Em seu Estado, ela cita que, “na Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Senar Goiás e sindicatos rurais, há publicação de notícias sobre esse tema: ora buscando esclarecer a população sobre as formas de prevenção a diversas doenças, ora alertando para as dificuldades no acesso aos serviços de saúde que a população do meio rural vive”.

 

MUDANÇAS

Apesar de ainda existir o preconceito, José Zeferino Pedrozo, presidente da Federação de Agricultura de Santa Catarina (Faesc) e do Conselho Administrativo do Senar-SC, vê com otimismo algumas mudanças de postura dos trabalhadores rurais.

“Durante a realização dos eventos do “Programa Especial Saúde do Homem” (cujo projeto-piloto foi realizado em SC, em setembro de 2015), percebemos que os trabalhadores do sexo masculino estão mais preocupados com a saúde e menos preconceituosos com as questões relacionadas à prevenção do câncer de próstata”, reforça ele, em entrevista à equipe SNA/RJ.

Segundo Pedrozo, “há muito interesse nas palestras (promovidas pelo Senar-SC), demonstrado por meio de perguntas feitas aos médicos e pela adesão às consultas e exames físicos da próstata”. “Até o momento (desde a implantação do programa, há quase um ano), já foram realizados 538 exames físicos da próstata (toque retal), importante para o diagnóstico precoce de câncer da próstata e 1.608 exames de PSA.”

O presidente da Faesc informa ainda que, somente em Santa Catarina, em parceria com as prefeituras e os sindicatos rurais, serão realizados 12 eventos com a estimativa de atendimento de aproximadamente 1,9 mil homens, até o final de 2016.

“As secretarias municipais de Saúde dão continuidade ao atendimento dos participantes, encaminhando ao serviço público de saúde, com acompanhamento dos agentes de saúde, todos os homens que necessitarem de tratamento médico”, relata Pedrozo.

 

MULHERES

Como os homens são mais difíceis na hora de cuidar da saúde e procurar atendimento médico, na visão do presidente da Faesc, a união de esforços das entidades associadas, do poder público, das instituições especializadas em saúde, de modo geral, e da mídia podem levar a informação e orientação à população, especialmente a rural.

Neste sentido, as mulheres – mães, avós, filhas, irmãs, companheiras – têm exercido importante papel, porque elas, geralmente mais cuidadosas, “são essenciais para convencer o homem a se engajar neste programa e em outras iniciativas semelhantes”. “Aliás, elas já participam de forma entusiástica do programa “Saúde da Mulher Rural”, que assegura serviços de assistência à saúde da produtora rural”, comenta Pedrozo.

Voltado especificamente para as mulheres, o Senar Nacional, em parceria com suas unidades estaduais, secretarias municipais  e outras instituições, vem desenvolvendo o “Útero é Vida”, program de prevenção do câncer do colo do útero realizado pelo SENAR em parceria com instituições e secretaria de saúde e  educação dos municípios. Seu objetivo é gerar oportunidades de educação, prevenção e diagnóstico do câncer do colo do útero em comunidades carentes, levando informações importantes que conscientizem as mulheres do meio rural e possibilitem seu acesso ao exame preventivo.

 

ESTRATÉGIAS

Na opinião de Pollyana Ferreira, coordenadora de Ações e Projetos do Senar Goiás, diversas entidades, especialmente as envolvidas com o setor agropecuário, se preocupam em desenvolver ações de saúde preventiva de modo geral.

“Nos últimos anos, a atenção está em atividades que buscam a conscientização dos homens para o cuidado com sua saúde”, comenta.

Para o desenvolvimento de ações de saúde preventiva com a população masculina “é necessário organizar diversas estratégias, porque não é um público que vai às unidades de saúde com frequência, não participa de palestras direcionadas à saúde do homem, principalmente, se essas ações coincidirem com seu horário de trabalho”. “Com isto, o trabalho em parceria, desenvolvido por instituições e entidades públicas e privadas, são  necessárias para que esse público seja assistido da melhor forma”.

 

‘TRABALHO DECENTE’ E ‘CAMPO SAÚDE’

Pollyana também destaca o “Programa Trabalho Decente”, por exemplo, que atua na vertente da “Educação Postural Rural”. “Ele foi desenvolvido com o propósito de conscientizar homens e mulheres do campo quanto à prevenção de lesões e incapacitações em seus cotidianos, com orientações feitas durante treinamentos de capacitação profissional, como a prática de exercícios físicos, de acordo com a função que exerce”.

Ressalta ainda o trabalho realizado, desde 2008, pelo “Programa Campo Saúde”, pelos serviços de saúde e cidadania são levados à população do meio rural, em um dia de atendimento. “Por meio deste programa, são disponibilizadas diversas especialidades médicas, exames, entre outros serviços, conforme a demanda analisada do município atendido. Estas ações são promovidas em parceria com o poder público, instituições de ensino, e diversas instituições privadas e grupos de serviço”, informa Pollyana.

 

Para mais informações, acesse senar.org.br/programas e www.inca.gov.br.

 

Por equipe SNA/RJ

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